— Dá próxima vez só me dá dinheiro, ok? Eu posso comprar meu lanche.

— Oh! Tudo bem, desculpe. — Mamãe diz com uma carinha triste e eu me sinto péssima.

— Eu te amo, você sabe disso, né? É só que eu estou no ensino médio e isso aqui... — Levanto a sacolinha. — Isso é considerado um baita mico, mãe.

— Entendo.

— Você não quer que a sua filha seja a rejeitada e a zuada da escola, quer? — Pergunto e vejo raiva tomar conta de sua face.

— Mas quero ver quem é que vai mexer com a minha filha! Eu acabo com o desgraçado e... — Mamãe começa a gritar sem nem mesmo perceber e eu seguro em seus braços.

— Mãe! Mãe! Acho melhor você ir, Garrett deve estar te esperando.

O resto da manhã foi melhor do que eu imaginava. Fui até a coordenação para pegar a chave do meu armário e o horário das minhas aulas esse semestre. Achei que iria ganhar um tour da escola, mas a mulher que me atendeu apenas rabiscou com seu lápis um mapa indecifrável para me ajudar a achar as salas.

Consegui me encontrar mesmo a escola sendo gigante. Ao entrar na primeira sala sorri com alivio ao perceber que a turma era grande. Com certeza ninguém notaria uma aluna nova.

Quando a aula acabou senti uma sensação de triunfo por ninguém ter notado minha presença, nem mesmo o professor.

No final do meu período fui direto para o lado de fora esperar que viessem me buscar. A escola era longe demais para que eu pudesse ir caminhando e eu não tinha um carro, apesar de ter minha carteira.

Espero por alguns minutos e logo vejo o carro de Garrett e o seu motorista.

— Achei que minha mãe vinha me buscar.

— Não sei dizer, senhorita, recebi ordens para vir busca-la. — Ele diz abrindo a porta.

— Tudo bem. Desculpe, esqueci o seu nome. — Digo envergonhada.

— Não tem problemas, me chamo Félix.

Entro no carro e Félix nos leva para casa. Quando chegamos, assim que abro a porta e piso dentro da casa, mamãe aparece com um sorriso enorme.

— Nina, advinha quem chegou? — Ela diz animada e então uma bola de pelos passa correndo por ela e vem em minha direção.

— Scooby! — Grito empolgada e me ajoelho no chão, acariciando meu cachorro.

Eu encontrei Scooby abandonado na rua alguns meses atrás quando ele era um filhotinho recém-nascido.

Eu sei que Scooby é vira-lata, mas ele é muito parecido com um bernese. Seu pelo é preto, mas suas patas e seu focinho são de um tom claro de marrom e seu peito é branco. A coisa mais linda e fofa do mundo!

Quando estávamos nos mudando para cá não tínhamos como trazê-lo conosco no carro, mas mamãe havia me prometido que logo ele estaria aqui com o resto da nossa mudança.

Scooby late e pula em mim, querendo brincar.

— Quem é o cachorro mais lindo do mundo? Quem é? Quem? É você, Scooby, é sim. Coisa fofa!

Tudo bem, não me julguem. Todo mundo faz essa voz quando fala com um bebê ou com um animal fofo demais, ok?

— Não me importa! — Escuto um grito e levanto os olhos. Vejo Garrett saindo de uma das salas. Cameron está logo atrás dele.

Garrett se vira para o filho e diz algo, mas seu tom é mais moderado dessa vez e não consigo ouvir o que ele diz.

— Cameron só apareceu hoje de manhã. Garrett estava tão preocupado. — Mamãe explica.

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