Em busca da razão

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A vida nos obriga a se adaptar às mudanças, mesmo que seja contra nossa própria vontade. Nada que façamos poderá influenciar o tempo, somente ele terá este poder sobre nós. Mikhael não poderia deixar de chegar a esta conclusão. Já havia se passado muito tempo desde sua partida. Viveu vagando pelo mundo durante séculos, conheceu outros como ele, aprendeu a conviver com suas limitações, mas ainda assim sempre cometia erros.

Certo dia Mikhael encontrou outro como ele, um enfeitiçado. Era um rapaz de aparência jovem, sua figura se assemelhava muito com a de Erik. Apesar da aparência, Mateus, este rapaz, era mais velho, havia sido enfeitiçado a quase mil anos. Ao contrário de Mikhael, não se importava tanto em buscar respostas ou saber o motivo de sua existência. Vivia de maneira alegre, sempre respeitando seus limites sem se deixar abater por eles. A vida que ele levava era bastante parecida com um tipo de vida dos mortais, seus relacionamentos não passavam de uma noite ou pouco mais, aprendeu a se envolver com mulheres que jamais sentiriam sua falta, assim não afetava suas vidas e não desrespeitava uma de suas principais condições, mas para Mikhael não era o bastante.

Os dois percorriam grandes distâncias juntos, andavam em diversos caminhos e conheciam vários tipos de povos, suas crenças e costumes. Conheceram então uma região onde muitas pessoas acreditavam em um salvador, um homem que dizia ser o filho de Deus. Diziam que era portador de grande sabedoria e seus feitos haviam encantado os olhos de muitos.

Mikhael se interessou pela história, desejou saber mais sobre o assunto e conhecer aquele homem. Mateus, por sua vez, não se importava tanto, não via importância em um mortal, talvez pensasse que eram somente histórias, por se julgar superior.

Estavam hospedados num albergue, em um povoado próximo da Judeia, onde diziam ser um grande império. Mas ambos não se interessavam pelo poder ou riqueza daquela gente, nem mesmo sabiam o motivo que os levou para aquele lugar. Mikhael começou a pensar que aquele que dizia ser o filho de Deus poderia ser a razão que procuravam. Mateus não via da mesma forma, logo começaram a discutir sobre o que iriam fazer. Foram até a cantina e se sentaram em uma mesa.

- O que pretende fazer? - Perguntou Mateus.

- Nós vamos falar com este homem. - Respondeu Mikhael com determinação.

- E o que espera encontrar? É apenas um mortal. Sabe como eles são. Este homem quer apenas poder, fazer com que as pessoas o siga e façam o que ele manda.

Mikhael estava decidido, encerrando o assunto ele disse:

- Eu não sei quanto a você, mas eu estarei de partida pela amanhã, logo que o sol se pôr estarei indo para Jerusalém.

Disse e cumpriu, antes do sol se por Mikhael arrumava suas coisas, Mateus, por estimar demais sua amizade, decidiu acompanhá-lo de qualquer forma. Tomaram informações sobre o caminho e seguiram o rumo, seria uma viagem bastante tranquila, estimavam chegar em Jerusalém em dois dias.

No início da viagem o silêncio esteve bastante presente. Mikhael se encontrava muito satisfeito pela companhia do amigo, porém notava seu descontentamento, se via em seus olhos que a única razão de estar ali era somente por sua amizade, no entanto isto poderia mudar, sentiam que algo os esperava, mas em Mateus este sentimento se apresentava como um grande medo.

A primeira parada foi em um pequeno povoado, um grupo de pessoas que se dedicavam a criação de animais e tocar uma pequena lavoura. Alimentaram-se em uma taberna e seguiram viagem. Ainda tinham um longo caminho a percorrer naquele dia.

Ao anoitecer estavam além da metade do caminho, pretendiam alcançar o objetivo no dia seguinte, antes do escurecer. Acamparam na margem de um rio, o Rio Jordão. Anoite era bastante iluminada pela lua e inúmeras estrelas aperfeiçoavam o céu noturno. Acenderam uma fogueira e se sentaram próximos a ela.

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