- Muito obrigada por tudo.

- Eu que agradeço Amora - Dona Poliana me dá um último aceno e Juju solta um beijo pra mim.

O sol já estava se pondo quando eu estava voltando pra casa. Sigo uma pequena parte do trajeto a pé mas depois decido sentir o vento bater no meu rosto, então sigo de skate e com os olhos fechados, já que a rua estava vazia.

De repente avisto alguém, provavelmente um homem cego, vindo na minha direção com dois cachorros.

Infelizmente eu o vi tarde de mais e o até então cego caí em cima de mim. Abro os olhos e me deparo com o Mateus muito perto de mim.

- Não vai levantar? - pergunto a ele.

- Ah claro, eu esqueci - ele diz se levantando e estendendo a mão para me puxar - Você está bem?

- Se eu estou bem? Claro, estou ótima, eu acabei de cair no chão. Você é cego? Como você não me viu?

- Engraçadinha - ele dá uma risada sarcástica - você está andando de skate com os olhos fechados e eu sou o errado?

- Mateus, eu tenho coisa melhor pra fazer do que ficar aqui discutindo com você - pego meu skate do chão e sigo andando.

- Amora espera - Mateus vem atrás de mim e me puxa pela mão me fazendo virar e ficar bem perto dele, de novo.

- E se a gente não discutir? Prometo não te irritar - ele fala e eu me afasto um pouco mais dele.

- É melhor você se preocupar com seus cachorros que saíram correndo do que comigo.

- Não são meus cachorros, e eles vão voltar, basta eu chama-los - Mateus assobia e os dois cachorros vem correndo em sua direção e param exatamente na frente dele.

- Se esses cachorros não são seus, então, de quem são?

- São de uma família dessa rua que viajou e me deixou tomando conta dos cachorros - ele diz colocando coleira em ambos.

- Você faz isso direto? - digo e nós seguimos andando em direção a praça.

- Sempre que me pedem eu passeio com cachorros ou cuido de algum machucado. Semana passada um cachorro dessa rua foi atropelado, os ferimentos não eram muito graves, por isso eu consegui ajuda-lo.

- Você é moço legal que cuido direitinho do Tito - digo sem intensão dele escutar.

- Tito! Esse era o nome dele - Mateus fala como se estivesse se lembrando de algo - espera, como você sabe disso?

- Eu sou babá da dona do Tito, a Júlia.

- Você é babá? Desde quando as crianças gostam de você?

- Desde quando populares passeiam com cachorrinhos? E pra sua informação eu me dou muito bem com crianças, na verdade eu me dou muito bem com todo mundo.

- Desde que não sejam populares metidos, irmãos irritantes, primas provocantes e todo o resto do mundo a sua volta que entre em contradição com você.

- Você me prometeu que não iria me irritar.

- Está bem, agora me explica essa coisa de ser babá.

- Pode parecer meio estranho, mas eu amo lidar com crianças, por isso eu quero trabalhar nessa área, sabe? A Juju tem muitos problemas, ela sofreu um acidente de carro aos cinco anos de idade e perdeu seus pais nesse acidente, até hoje ela tem trauma de andar de carro e tem o mesmo pesadelo constantemente. Foi conversando com ela que eu percebi que quero viver disso, e a psicologia é o primeiro passo.

Eu definitivamente não gosto de vocêWhere stories live. Discover now