Capítulo 1 - J.A.N.I.E.

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O fone estava sempre escondido por debaixo de seus longos e volumosos cabelos ruivos. A música da vez era HOT, da cantora canadense Avril Lavigne.

Cantarolava alto enquanto caminhava toda serelepe pela rua, sem se importar com as outras pessoas por ali.

Aquela tarde, na companhia daquela pessoa tão especial, fora mesmo muito incrível para Janie.

Todos temos uma pessoa especial, e não era diferente para ela.

Todos nós temos um alguém que nos deixa quente, em estado de euforia e com aquele jeito quase ridículo! Alguém que faz nos tira o ar, nos deixa com vontade de gritar, tão fabuloso... Ah, esse alguém que nos faz tão bem!

Abriu a porta de casa ainda sorrindo, mas algo fez a expressão do seu rosto mudar...

Quando chegou em casa naquele fim de tarde, Janie deparou-se com sua mãe irrequieta sentada à mesa da cozinha. Conferiu as horas. Ainda era cedo para ela estar ali.

Na frente de sua mãe, sobre a mesa redonda da cozinha, havia uma caixa aberta. Mesmo já imaginando do que se tratava, Janie se aproximou e a cumprimentou:

– Oi, mãe. Já em casa?

Lívia não fez questão de responder. Apagando o cigarro que fumava nervosamente no cinzeiro cheio, ela passou as mãos pelos cabelos bagunçados e pintados com um vermelho já desbotado e bufou:

– O que significa isso?

Janie sabia que Lívia se referia à caixa, mas ignorou.

– Isso o quê?

– Essa merda que encontrei no seu armário!

Lívia bateu na mesa com a mesma mão que a ajudou se erguer. Uma fera raivosa, olhos esbugalhados e boca trêmula.

– Já não tinha pedido pra jogar tudo isso fora?

– A senhora mexeu nas minhas coisas?

Janie tentou pegar a caixa da mesa, mas Lívia deu um forte tapa nas mãos da filha e segurou a caixa contra seu peito.

– Não tente virar o jogo contra mim! – cuspiu. – Eu vou dar um fim nessa caixa!

– A senhora não tem esse direito! – Janie jogou-se contra ela. – Não podia mexer nas minhas coisas!

– Tenho todo direito! - rebateu. – Enquanto viver sob meu teto, vai seguir minhas regras!

Tomada pela raiva, Janie jogou-se contra a mãe novamente e as duas quase foram ao chão. Ato contínuo, Lívia virou o braço e acertou a filha com as costas da mão.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Não querendo admitir que havia exagerado, Lívia apenas respirou profundamente, virou as costas para Janie e falou ainda com voz trêmula:

– Vai já pro seu quarto! Agora!

Ofegante e sentindo o rosto arder, Janie bateu os pés pela escada do sobrado. Bateu a porta do quarto para fazer o máximo de barulho possível e deslizou até o chão, onde chorou abraçando as próprias pernas.

Estava com raiva! Ódio!

Engatinhando, foi até a gaveta do móvel ao lado de sua cama, onde uma bagunça de papéis, canetas e vários objetos se misturavam. Mas logo achou o que queria.

O fio da lâmina era bem afiada, mas Janie já não marcava mais os pulsos e nem o braço. Era sempre muito óbvio! Recorreu às pernas, no lado de dentro da coxa.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 10, 2016 ⏰

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