Epílogo

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Nícolas





Quando eu disse que valia a pena ir na contramão e me regenerar, eu não sabia que iria passar por tanta coisa. Sai da minha vida de conforto e me peguei, trabalhando em uma lanchonete. Meu almoço já foi pão, e minha janta hambúrguer. Tive a oportunidade de reencontrar amores perdidos,que nem eram mais amores. Era apenas culpa. Não dá pra se livrar do passado com facilidade. Se deixarmos ele nos sulga, e quando demos conta, nos perdermos nele e não aproveitamos o que nos resta da vida. Quem diria que uma batida de carro iria me fazer abrir o coração para a  mulher da minha vida? Um louca bêbada que me fez querer mata-la por alguns segundos e ama-la pelo resto da vida. Eu imaginava que minha vida era feita de etapas. E todas elas, entrelaçadas com a  Fernanda. A Gisele veio para quebrar esse paradigma.  Hoje posso afirmar, que depois da quarta fase, veio outra. E essa sim,era a mais importante. Eu saí da escuridão, e percebi que a vida é muito mais que lamúrias. Ela é única, e eu perdi muito tempo pensando no que eu não tinha feito pros outros,e esquecendo que dentro de mim tinha um homem ferido que hoje  pode afirmar que se curou. Ele aprendeu o que era amor. Amor de pai, amor de amante,esposo e o mais importante a não se envergonhar de demonstrar que ama e se importa. Hoje dou beijo no rosto do meu melhor amigo,do jeito que ele faz comigo e com quem se importa.  Abraço mais meus pais, digo que os amo e que eles são importantes pra mim. Soltei as amarras que me aprisionavam a uma vida mesquinha, e aprendi a ser mais humano e humilde. Esse Nícolas tá mais maduro que o Nícolas de alguns anos atrás. Esse Nícolas aprendeu, e reconheceu que não vale a pena continuar sendo quem eu era. As coisas mudam, e eu gostei de mudar, e ainda terei muitas metamorfoses.

— Nícolas! — Veio afoito,meu amigo me abraçar, assim que me notou parado na entrada da cozinha.  — Voltou quando?

— Hoje de manhã. — O restaurante estava com suas mesas quase cheias. Notei, quando passei pelo salão em direção ao coração do Gregos.

— A loira deixou você escapar de seus lençóis? — Eu ri.

— Ela escapou antes de mim. Surgiu um problema na Renome. Coisa simples, mais o Davi precisou dela. — Expliquei.
— Artur, eu preciso te mostrar algo.
— Ele assentiu. Tirou o avental,e deixou no balcão da cozinha. — Vamos lá no escritório? — Ele concordou, e saímos juntos em direção a minha sala. Fechei a porta, assim que chegamos. Logo
sugeri  que ele sentasse. Ele se sentou, e eu me sentei ao seu lado.— Eu fiz algo que você não vai aceitar muito bem. Pelo menos, não agora. Mais espero que me agradeça, e me perdoe por isso.

— O que você fez? — Ele ficou sério.
— Foi com o gregos? — Eu neguei.

— O Gregos tá ótimo. Melhor impossível. — O tranquilizei. E puxei o envelope que deixei debaixo do meu notebook. — Eu queria te entregar isso. — Lhe estiquei o envelope.

— Isso é um teste de paternidade? — Eu assenti. — Engravidou quem dessa vez? A Gi sabe?

— Não é meu.— Foi ali que a ficha dele começou a cair. — É seu.

— Mais como? — Notei que seus olhos se encheram de água.

— Eu dei um jeitinho. — Ele respirou fundo. — Eu não assinei nada pra ninguém,como você fez.  — Tentei justificar, mais ele estava visivelmente desconfortável com aquilo.

— Eu não posso. — Me devolveu o envelope. — Isso vai contra o que eu prometi. — Levantou-se.

— Artur, você deve isso a você mesmo.
— Levantei, e olhei no fundo dos seus olhos. — Eu sei que você olha pra aquele garoto e fica se perguntando se ele é ou não seu filho.

— Eu não sei se quero saber. — Passou as mãos pelo rosto. — Você me prometeu que não iria se meter nessa história.

— É, eu prometi. Mais eu sou o Nícolas né? — Ri, mais ele estava sério. — Se quiser eu queimo,e a gente esquece.
— Ele Voltou a se sentar.

— Eu não vou conseguir olhar pro Luan, e guardar esse segredo comigo.
— Murmurou. — Eu tô com medo,Nícolas. E se eu não for o pai dele?

— Mais se for? — Me sentei novamente.
— Você não vai ama-lo menos,não é?

— Não. Claro que não. — Afirmou-me.

— Então? — Voltei a lhe entregar o envelope. — Tá na hora de descobrir a verdade. — Ele voltou a pega-lo de minhas mãos. — Se quiser eu saio da sala, não precisa me dizer nada.

— Eu quero que fique. — Pediu. — Já que já fez a merda, vamos nos sujar de vez.
— Ele tomou coragem, e rasgou o envelope pela lateral. Puxou o papel,e desdobrou. Leu,e calou-se.

— Então, você é ou não o pai do menino Luan? — Ele releu o papel, e me encarou em seguida. Seus olhos deixaram escapar as lágrimas que ele segurava. Eu não conseguia decifrar o resultado.
— O que diz no papel? — Ele ficou imóvel. E eu tomei o papel da suas mãos. Eu estava aflito,por ele e por mim.  — Eu não acredito! — Murmurei perplexo depois de descobrir.

— Eu preferia não saber. — Escorrou-se na cadeira. Olhou pro chão, e ali ficou. Imóvel, enfiado num mundo que eu não conseguia segui -lo. O puxei para mim,e o abracei forte.

— Me desculpe. Eu só queria te ajudar.
— Murmurei angustiado.

— Eu sei. — Resmungou com a voz embargada. — Como vou esconder algo assim? —Lamentou-se.

— Eu estarei aqui, ao seu lado. — O fiz olhar em meus olhos. — Vou te ajudar a carregar esse fardo.

— Obrigado Nícolas. — Eu sorri,e tentei o animar.

— Vamos sair pra comemorar. Não é o fim do mundo. Ninguém precisa saber.
— Ele concordou. — Mais você devia se alegrar. Tem um pedaço seu, por ai. E ele é um menino adorável.

— Você tem razão. — Limpou as lágrimas. — Não é todo dia que se descobre que se tem um filho,não é?

— É sim. — Ele Me abraçou,mais aliviado.

— Eu sou pai. — Repetiu pra si mesmo. Tentando acreditar, no que acabará de descobrir. — Eu sou pai dele. — Eu assenti. — E ele é lindo. Perfeito,e um pedaço meu e da Amália. — Pulou de alegria. Já era outro. Saímos do escritório, atrás de uma garrafa de vinho. No saguão, em uma das mesas o pai do Luan e a Helena estavam sentados. Assim que o menino viu meu amigo, correu para abraça-lo. Ele o abraçava e chorava. Ninguém entendia o porque, mais nós sabíamos.  Até eu não consegui me conter. Ele esperou tanto tempo pra descobrir, que mesmo se o menino não fosse dele, de sangue, ele o amaria do mesmo jeito.O mais importante ele já tinha. O amor do Luan, e era lindo os dois juntos. Compreendi que amor não se compra, se conquista. O impossível ele já tinha conseguido, o resto era o resto. E pra ele já bastava. Agora ele sabia, no futuro só vai restar a ele, querer contar ou não ao garoto. Mais isso já é papo pra outra história.
Amor de Família é a coisa mais inexplicável do mundo, nem um pai consegue dizer para um filho o quanto o ama, nem o filho sabe dizer ao pai, então eles simplesmente demonstram ... No fim, eu me senti em paz. Eu devia isso a ele. Então concluo, que o fim justifica os meios.













Continua...













Aguardem, em breve um bônus deste livro será postado. Corra até o meu perfil e adicionem na sua biblioteca o segundo livro dessa casal tão querido. O livro se chama: Meu pedacinho tão esperado.
Te aguardo lá, beijos. Até breve.

Um Pedaço  De Mim ✔Where stories live. Discover now