Capítulo 32

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Estava deitada na minha cama, olhando para o teto. Simple Plan tocava na maior altura, não me deixando escutar os meus próprios pensamentos. E essa era a intenção.

Collin tinha desaparecido depois da consulta, e eu agradeci por isso. Acho que ambos tínhamos muito a pensar.

Lord estava deitado ao meu lado e grandes fios de seu pelo grudavam na minha roupa preta.

Diminuindo o som, finalmente deixei minha mente vagar. E ela, desobedecendo minhas ordens, pararam logo na minha mãe. Como eu iria dar a notícia pra ela, que, meses atrás, me pedia que eu não cometesse os mesmo erros que havia cometido?

Simplesmente, não sei. Porém, eu ainda tinha cerca de 3 meses até minha barriga ficar aparente e eu ter que lhe contar. Até lá, eu pensaria em algo.

Levantei a blusa e fiquei olhando para a minha barriga. Uma pessoa estava crescendo ali dentro; quão estranho era isso? Passei a mão levemente e franzi o cenho.

- Por favor, eu não estou pronta... - respirei fundo. - Eu não vou ser uma boa mãe. Não sei sequer alimentar o Lord direito, quem dirá uma criança.

Me senti culpada logo depois dessas frases serem proferidas. Eu realmente estava pedindo para que esse bebê não nascesse?

Eu estava. E ninguém poderia me julgar por aquilo, afinal, do que adiantaria ele nascer e não ter os cuidados necessários?

Uma batida na porta me interrompeu e eu pedi que entrasse. Era Sam.

- Como você está? - perguntou.

- Não sei.

- Precisa de algo?

- Não sei.

Ela sorriu triste. Caminhou até meu rádio e o aumentou, deitando-se ao meu lado e colocando a mão na minha barriga.

Não demorou muito para que eu dormisse, com uma lágrima descendo pela minha bochecha. Sonhei que tudo isso era mentira, que eu era apenas a Rebecca normal.

Um barulho estressante me acordou, e percebi que era o despertador. Soquei-o algumas vezes, mas ele continuava berrando. Empurrei-o e o mesmo caiu no chão, quebrando e finalmente o silêncio tomou o quarto.

Até que eu paralisei. Quando o bebê chorasse no meio da noite, como eu reagiria?

Levantei da cama correndo e lavei o rosto. Tudo parecia muito monótono e chato. Eu sentia falta da pessoa que eu era antes de sair do Brasil. Tinha certeza que minha mãe não.

Coloquei a primeira roupa que eu vi no meu armário, que foi uma legging e um moletom. Sai a caminho da escola, tentando ignorar o enjoo matinal. Um vento congelante me fez colocar a mão no bolso da blusa; pior decisão já tomada naquele dia.

Peguei uma caixa e percebi ser de cigarros. Eu entrei em uma luta interna contra mim mesma, porém decidi fumar um, afinal, apenas um não ia prejudicar o bebê, ia?

Empurrei o portão da escola, apagando meu cigarro no lugar de sempre, prometendo que aquele havia sido o último.

Fui para a sala e não consegui me concentrar em nada. Fiquei desenhando no meu caderno. Senti um cutucão no meu ombro e me virei para trás.

- Quanto tempo não nos falamos, Reb. - disse Danny. Era verdade, com tudo o que estava acontecendo, só Collin conseguiu continuar encontrando com os meninos. Obviamente, ele ainda não sabia da notícia.

- Sim, muita coisa acontecendo. - suspirei, com um leve sorriso para não deixa-lo preocupado. Adorava Danny, e ele era, definitivamente, um dos meus melhores amigos. Não que eu tenha muitos.

- Sei. Safadinha. - riu, provavelmente pensando que eu e Collin nos agarrávamos a todo momento. Corei, mesmo sabendo que não era verdade.

Essa conversa me fez pensar em Collin. Eu não o encontrei na sala e supus que ele não iria na aula hoje. Sinceramente, nem sabia o que eu estava fazendo aqui.

Decidi não ir procura-lo. E isso durante dias. Eu só acordava, ia para a escola e dormia. Constantemente, Sam me fazia companhia na minha casa, saindo para comprar comida antes.

Eu deixava milhares de ligações perdidas no celular do loiro, porém não tinha retorno. Isso estava me frustrando de um nível inigualável.

Cheguei na escola e fui para minha primeira aula. Sentei em uma das cadeiras e abri o necessário. Já estava com 2 meses, meus peitos aumentaram drasticamente. Ja fazia 3 semanas sem notícias do Collin. Perguntava dele diariamente para Danny e Luke, que ainda não sabiam do bebê, e eles me respondiam com um simples "Ele está bem, só precisava de um tempo longe disso tudo". Eu tentava me contentar com essa resposta, entretanto ele era o pai, tinha responsabilidades assim como eu. Decidi fazer a pergunta novamente.

- Danny, como está o idiota hoje? - perguntei, sendo um pouco mais agressiva do que de costume. Hormônios.

Ele entreolhou o olhar com Luke, que respondeu.

- Olha, Reb. Sei que está preocupada, mas ele precisa disso. Ele não estava bem depois daquele dia em que ele te levou da briga.
"Não sei o que aconteceu, porém afetou ele muito. Ele fica bêbado o dia todo e fica mais bravo. Acredite, será melhor se você não encontrar com ele por enquanto. Pra sua segurança.".

Ri sem humor e voltei minha atenção para os cadernos, ignorando a raiva que crescia cada vez mais.

O dia passou arrastando e, quando a aula acabou, caminhei até o corredor. Vi Luke e Danny conversando - este havia faltado o resto das aulas devido a uma ligação; me escondi um pouco para ouvir a conversa.

- Ele não está mais lá em casa. Falou que queria ir no lago um pouco e que depois ligava para eu ir busca-lo. - suspirou. - Acabei de deixá-lo lá.

Fechei o punho, sem ligar com a ardência que minha unha causava na minha mão. Andei normalmente, encontrando Sam no caminho para o carro. Pedi a ela para que eu passasse o dia sozinha, pois finalmente havia caído a ficha do que estava acontecendo comigo. Ela não resistiu. Caminhei para carro, diminuindo a cada segundo a distância do meu destino.

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