Capítulo 6

202 46 73
                                    



O caminho estava escuro, mas o luar permitia-lhe ver toda a estrada. A cada trecho, havia uma casa de um vizinho conhecido e ela já percorrera tanto estes caminhos, que não sentia medo algum em andar por ali, mesmo na penumbra.

O trote do cavalo foi escutado ao longe. Lá no fundo do peito ela pressentiu que era ele, mas, novamente, pediu a Deus que a livrasse de mais esta vulnerabilidade. Obviamente, Ele não atendeu.

- Triana! - Renato havia descido do cavalo e agora caminhava rapidamente em sua direção. - Por favor, deixe-me acompanhá-la.

Ele já estava a menos de um metro dela e o perfume que exalava era de uma fragrância amadeirada. Triana olhou ao redor. Temia que alguém os visse juntos na noite.

- Não creio que esta seja uma boa ideia.

Ele sorriu, encantadoramente.

- Por favor, Triana. Ninguém irá nos ver em meio a esta escuridão e eu posso jurar que não ofereço qualquer perigo a você.

Não foi exatamente isto que ela viu no olhar e sorriso maliciosos de Renato. Ele poderia, sim, ser bastante perigoso para os nervos dela. Este pensamento causou divertimento e um leve sorriso em Triana, embevecendo Renato e tornando-o ainda mais cobiçoso de tê-la por algum tempo.

- Algo me diz que me arrependerei disto, mas vamos lá.

E caminharam juntos bosque adentro. Não foram muito longe da beira da estrada, apenas o suficiente para sair das vistas dos mais curiosos. Encontraram alguns troncos recém-cortados e ali se sentaram um pouco. Ela estava ansiosa e receava que Renato conseguisse escutar as batidas aceleradas do seu coração.

Permaneceram calados por alguns segundos.

Ele a examinava minuciosamente. Os cabelos negros e brilhantes, o peito, que subia e descia por causa da respiração acelerada; a pele aveludada, sob a luz da lua... Tudo lhe era encantador. Por outro lado, ao sentir o olhar observador de Renato, Triana entendeu que ele criticava sua postura, sua roupa e tudo mais. Ela rogava a Deus que a escuridão encobrisse seus defeitos ou, ao menos, a maioria destes.

- Renato, se tudo que quer é me olhar, poderia fazer isso sem me expor, não?

- Desculpe Triana, mas agora que finalmente consegui um pouco da sua atenção, fico assim, feito um rapazote sem saber o que fazer.

- Bem, se não iremos conversar... - E então, ela fez menção de levantar-se, mas ele a deteve, segurando-a pela mão. O nervosismo agora se espalhava por todo o corpo, como ondas elétricas.

- Por favor, não destrua este momento. - A voz aveludada e a maneira gentil com que pedia, convenceram a jovem a senta-se novamente. - Triana... - Ele a olhava com ternura, fazendo com que ela sentisse o estômago revirar. - Não entendo muito bem o que está acontecendo comigo, mas... Eu nunca me senti assim, como me sinto com você. Mulher alguma nunca me causou a sensação que você me causa.

Ela até abriu a boca para protestar, para dizer que isto não era possível, que ele, por favor, parasse de fazer aquilo com ela. Mas Renato a impediu.

- Não, por favor, não diga nada agora. Deixe-me terminar. - Renato apertou as mãos trêmulas de Triana e deslizou o polegar com delicadeza, acariciando-as. - Sei que sou um estranho para você, mas... é como se nos conhecêssemos há anos! Sinto ânsia de estar ao seu lado, de falar com você e... Perdoe-me, por ser tão explícito assim...

- Por favor, Renato, não faça isso. - Era óbvio que ele estava se divertindo com ela. Por que um homem como ele, com tantas opções de moças para galantear, estaria ali, dizendo aquelas coisas, justamente para alguém como ela?

Estio [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora