Falei indo para atrás do balcão. Assim que terminei de guardar em um recipiente acolchoado e incolor, um estrondo muito alto fez todos presentes gritarem em extremo desespero.

- Todos no chão, isso é um assalto!

A voz era a mesma da semana passada, arregalei os olhos e senti meu corpo congelar. Fiquei trêmula ao ouvir choros e gritos, me escondi o mais rápido possível debaixo da mesinha atrás do balcão.

- Então minhas crianças, o primeiro passo é pegar todo o dinheiro dessa droga de joalheria e rápido.

A voz grave ecoou pelo ambiente, a rouquidão arrepiou minha espinha. Não sabia o que fazer, então peguei meu celular e digitei o número da polícia, aqueles 3 dígitos pareciam nunca terminarem.

- Políci-

A voz do outro lado da linha ia dizendo, mas alguém me puxou pelo pé.

- Va-di-a.

Ele disse tirando a máscara que cobria o rosto. Na mesma hora fechei meus olhos, angustiada por ter uma arma apontada para minha cabeça.

- Que droga garotos, recuem, agora!

Ele disse para uma escuta que estava em sua blusa, era só até aí que eu conseguia olhar. Por um segundo pensei que fosse embora e certamente me libertaria, mas não foi isso que aconteceu... O homem me pegou pelo braço e me levantou com raiva e grosseria, fechei meus olhos com medo de olhá-lo.

- Facilite para mim e ande.

O mesmo disse apertando mais meu braço. Andamos até a porta da frente e no caminho não deixei de ver os guardas no chão e o mais estranho era que não havia sangue no chão, mas eles pareciam estar mortos...

- CARLY!

Sophie gritou por mim, ele então apontou rapidamente a arma para ela.

- Não, por favor.

Sussurrei imóvel, minha voz estava falhando mas soube que ele ouviu pois continuou a me empurrar enquanto andava.

- Entra aí.

Ele disse abrindo a porta de um carrão preto.

- Não, eu não vou entrar no seu carro com você.

Falei afoita, derramando lágrimas e vermelha de medo.

- Por que não?

Ele falou debochado, logo completou:

- Algum preconceito com meu carro? Ou comigo?
- Bem, em relação ao carro, ele é mais caro que todas as joias dessa joalheria que dizem que é a melhor do país e em relação a mim... Bom, as mulheres amam entrar em carros comigo.

O mesmo concluiu sarcástico, eu só chorava muito e alto.

- Por favor...

Supliquei aos soluços.

- A minha arma está carregada.

Ele disse passando ponta da arma sobre minha barriga. Pensei em todos os momentos que vivi até agora e sinceramente não estou preparada para morrer.
Entrei e ele, logo em seguida.

XXX

Eu sabia que nem 30 minutos haviam se passado, mas parecia 30 horas presa no carro com ele.
Respirei fundo antes de abrir a boca e tomar coragem para falar.

- Você vai me matar ou...?

Sussurei.

- Bem, eu vou pensar.

- Eu quero morrer.

Falei séria, sentia lágrimas percorrerem o caminho das minhas bochechas.

- Não se faça de difícil querida, não gosto de mulheres assim.

- O que?

Falei sem acreditar que ouvira "querida" sair de seus lábios, sua gargalhada repetina ecoou pelo veículo.

- Por favor me solte, eu não vou contar nada sobre você ou seu rosto.

- É claro que não, você ainda nem olhou para ele... Mas vai olhar!

Ele disse apertando minhas bochechas, virou meu rosto e me obrigou a encarar o seu.
Foi naquele momento que percebi que seria muito mais complicado do que eu imaginara... Ele era dolorosamente o homem mais bonito que eu já vi e mesmo com muito medo, passei um olhar por toda aquela feição sedutora em segundos.
Seus cabelos castanhos tinha um topete quase caindo para o lado por conta dos cachos que se formavam na ponta, seus olhos eram pretos e fatais.
Tossi desnorteada e encarei suas enormes mãos no volante, havia alguns anéis em seus longos dedos.

- Os polícias vão me achar.

Falei tentando não parecer afetada.

- É? Vão mesmo, talvez seja porque eu não me chamo Alec e talvez eu não seja o melhor do país.

O mesmo falou sorrindo, então seu nome era Alec...

- Por que eu?

Perguntei encarando a pista.

- Bem, você que é a intrometida aqui Carly.

- Como você sabe meu nome?!

Falei de olhos arregalados.

- Eu sei de tudo minha querida.
- Vamos deixar claro algumas coisas e uma delas é que aqui, eu sou o chefe.

O chefe, o mais procurado de Paris estava ao meu lado. Meu medo ficava cada vez mais visível, não sei mesmo como isso foi acontecer e eu só quero sair daqui...

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