Passo a ponta dos dedos pelo curativo em meu ombro, querendo coça-lo. Me dou o luxo de passear os dedos em seu braço, quase sem toca-lo. Ela se retrai de início, mas logo cede o meu toque.

- Eu vim ter certeza de que você está bem. - digo quebrando o silêncio, que permanece por alguns segundos.

- Foi tardio, mas obrigada por contar a verdade. - ela diz e eu seguro o nariz para não chorar.

- Eu prometi cuidar de você e falhei, mas dessa vez nada de mau vai te acontecer de novo... - digo com pesar - Eu vou me afastar. O seu pai pediu e esse é o melhor.

Há um silêncio tão pesado que chego a me remexer na cama em busca de conforto. Nossas respirações são quase audíveis e eu estou com uma vergonha extrema de estar aqui. Nunca me senti assim antes.

- Eu já vou indo. - digo e faço menção de me levantar.

Para minha surpresa ela se vira rapidamente e segura a minha mão com a ponta dos dedos. Seu toque me eletriza e meu coração acelera.

- Por favor, fique. - ela diz.

A esperança que estava esvaída quase que por completo, reacende levemente e com certeza os meus olhos brilham. Ouvi-la dizer isso, mesmo depois de toda essa confusão, é uma benção para mim. É como se ela ainda precisasse de mim. Como se quisesse a minha proteção. Mesmo depois de ter mentido e feito-a passar por isso. Um sorriso largo de forma em meus lábios, e eu preciso contrai-lo para não parecer idiota.

Sua pele está pálida, e suponho que esteja com fome, já que quase não tocou na comida que Harry preparou antes de ir buscar o carro dela.

- Eu queria ficar. - digo - Mas o seu pai me quer longe.

Ela se ergue um pouco e segura minha mão com mais força.

- Fique. Lute por mim, Zayn. Prove que ainda posso confiar em você, porquê eu te amo demais para abrir mão disso. - ela diz, como se cada palavra fosse uma facada.

Ela me ama. Eu a amo. Por Deus, eu estou tão dramático. Cruzo nossos dedos, e com a outra mão, acaricio eu cabelo molhado e frio.

- Eu vou lutar por você até a minha última respiração. - digo baixinho.

Ela sorri torto e volta a se deixar por completo, abraçando a minha mão.

- Não vamos falar sobre isso nunca mais. - ela diz, fechando os olhos.

São quatro e meia da manhã.

Essa é uma capacidade que eu nunca esperei que a russa tivesse. Ela sempre foi cabeça durante, forte nos conceitos e nunca deu o braço a torcer. Eu menti para ela, e essa mentira a machucou - literalmente. Ela apanhou e viu a morte de perto, mas mesmo assim ainda me dá uma chance de provar que sou capaz de consertar isso.

A porta é aberta bruscamente, exibindo um pai furioso. Aylena abre os olhos meio assustada e depois relaxa, sem soltar a minha mão.

- Eu já... - começo, mas Aylena me interrompe.

- Eu quero que ele fique. - ela diz convicta.

- O que? Não! - Lev exclama - É por causa dele que você está assim! Você quase morreu! Sorte de sua mãe não estar em casa, se não ela teria morrido do coração!

- Quem é o senhor para me dizer se devo ou não andar com ele? - ela diz - Pois que eu saiba, o senhor sabia dos riscos e aprovou o namorar mesmo assim. O senhor sabia de tudo. E se ele não tivesse parecido na hora, coisa que o senhor nem se deu ao trabalho, eu estaria morta.

- Aylena, tudo bem. - digo, tentando evitar a confusão.

- Não. - ela diz - Você fica. - há uma pausa - Se não eu vou.

Confesso que meu coração está dando solavancos com essa atitude. Eu não posso vacilar com a russa. Não posso perde-la outra vez.

Lev nos observa e suspira.

- Vão dormir. - ele diz e sai do quarto.

Olho para Aylena, que sorri. Tiro os sapatos com os próprios pés e me feito ao lado da garota, envolvendo-a em meu corpo.

Protegê-la. Esse é o meu código de honra.

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Meu capítulo favorito.

Code of Honour • Z.MWhere stories live. Discover now