Prólogo

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Katy

Abro a geladeira e não encontro os ingredientes que queria para fazer o jantar, com um suspiro e uma careta pego minha carteira e acabo indo no mercado perto de casa.

Escolho os produtos que faltava e acabo demorando um pouco mais do que gostaria por ficar conversando com a moça gentil do caixa.

Volto para casa, cumprimento o senhor Rodrigues e subo para meu apartamento.

Ao abrir a porta encontro Túlio andando de um lado para o outro no meio da sala.

-Boa noite meu amor. -Sorrio.

-Onde você estava? -Pergunta secamente fazendo-me franzir as sobrancelhas com aquela atitude estranha.

-Estava no mercado. -Mostro as sacolas, mas ele avança em minha direção segurando meus braços com uma força exagerada.

- Eu mandei você não sair daqui enquanto eu não retornasse. -Grita chacoalhando meus braços.

-O que está acontecendo? -Pergunto surpresa com sua atitude explosiva.

Ele sempre foi um homem calma, carinhoso e amoroso, nunca elevou a voz para mim e para ser sincera não lembro de termos uma briga seria, apenas algumas leves discussões sobre as roupas que eu vestia, mas ele nunca me impediu de usa-las.

-Você me ouviu? Não é para sair daqui. -Força os dedos contra meus braços machucando minha pele e eu tento me livrar de suas mãos da maneira que consigo por estar segurando as sacolas.

-O para com isso Túlio. -Começo a me assustar com sua reação e o empurro da maneira que consigo.

Quando menos espero sua pesada mão vem de encontro ao meu rosto e assustada com o tapa que faz meu ouvido zunir e a face arder solto as sacolas no chão levando minhas mãos até meu rosto.

Dou um passo para trás e Túlio segura meu braço novamente puxando meu corpo contra o seu com brutalidade.

-Quando eu mandar você obedece. - Diz com os dentes cerrado.

E eu estava tão surpresa que simplesmente não tinha reação.

-Está me ouvindo? - Sua mão forte se fecha em meu pescoço e ele me força contra a parede fazendo meus ossos se chocarem contra o concreto.

As lágrimas escorrem por meus olhos e eu não consigo responder por seus dedos pressionarem minha garganta forte demais. Levo meus dedos envolta da sua mão tentando solta-las, mas ele não folgava o aperto fazendo o ar faltar em meus pulmões.

-Está ouvido. - Grita mais alto.

- Sim... -Sussurro entre lágrimas e sua outra mão puxa meus cabelos com força, mas com minha afirmação sua mão relaxa em meu pescoço, a tosse vem imediatamente enquanto meus pulmões buscam o ar que me faltava.

- Eu acho bom. -Sussurra próximo ao meu ouvido e encolho-me não querendo sentir seus toques. –Você é somente minha e será assim para sempre entendeu. –Puxa meu cabelo mais forte e eu não respondo. –Entendeu Katy? –Rosna e eu apenas concordo.

Suas mãos me soltam e minhas pernas bambas não tem forças o suficiente para sustentar meu peso, desço escorregando pela parede até o chão e encolho minhas pernas abraçando-as ao lado da estante deixando que as lágrimas escorram livres por meus olhos.

Na primeira vez ele parou, na segunda ele avançou mais um pouco, na terceira ele sorria, na quarta meu desespero alimentava seu prazer e na quinta foi minha completa destruição.

Acordo em um solavanco sentindo o suor escorrer por minha testa, as lágrimas molham ainda mais meu rosto e meu peito sobe e desce em uma respiração pesada.

Sinto meus dedos da mão doerem tamanha é a força que agarro os lenções da cama.

Tento o máximo que posso controlar minha respiração, mas custo estabiliza-la e depois de minutos encarando o teto branco do quarto com os olhos arregalado consigo encolher meu corpo em posição fetal agarrando o travesseiro como um porto seguro.

Fico naquela posição por horas até sentir o pavor e o desespero deixar meu corpo, odiava aqueles pesadelos, odiava ainda mais lembrar de Túlio e de todo o mal que ele me fez e mesmo depois dos tratamentos os pesadelos voltavam vez ou outra somente para lembrar-me do pior.

Observo o relógio ao lado da cama e suspiro ao ver que ainda era madrugada, com as pernas bambas e o pijama molhado de suor dirijo-me até o banheiro tomando um banho demorado para livras meu pensamentos e corpo daquela nostálgica sensação de ter as mãos nojentas de Túlio envolta do meu corpo.

A água fria que escorre por meu corpo estremece todos os meus músculos, mas eu queria aquela sensação. A sensação do choque, de sentir meus músculos reclamarem e reagirem ao contato da água fria. Essa era uma das maneiras que conseguia acalmar meu corpo, voltar a me sentir viva, renovada e parcialmente inteira.

Fecho meus olhos deixando a água escorrer por meu rosto e só saio de lá quando finalmente sinto em paz. Sem tremores, sem medo e sem lembranças, mas o fato de que Túlio havia destruído minha vida era real e eu carregava as marcas comigo em silêncio cravadas no meu coração e mente. 

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Hoje início a repostagem do livro e gostaria de avisar que assim como Dante, sairá um capítulo por dia. 😊

Para quem está relendo, os primeiro capítulos foram os que mais sofreram mudanças. Principalmente o prólogo que antes era na visão de Samuel e agora está na visão de Katy.

Espero que gostem, deixem seus comentários e estrelinhas.

Beijos da May 😘

O advogado da minha vida (Degustação)Where stories live. Discover now