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❝Na política o meio termo é nenhum.❞
ADAMS, JOHN
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1778, FILADELFIA

Após uma reunião de praxe com os generais, à qual fui escrivão, consegui me desvencilhar do acampamento, sorrindo e cuidadosamente me escondendo. Necessitava de paz e não gritaria e palavras de encorajamento, pelo menos não naquele momento.

Com um rápido trote, cheguei no morro Sul, o mais distante, mas igualmente seguro morro que usava como meu paraíso em momentos de paz e pensamentos. Com a relva fofa para me acolher e o céu estrelado a me encarar de volta, aquele tinha sido o mais perto da síntese de pacífico que já tinha chegado desde o começo da guerra.

Sorri mais relaxado e já ia me deitar quando notei que outra pessoa estava lá.

Ela estava deitava na grama, com os braços apoiando sua cabeça, que encarava o céu sem pudor, como se a pessoa não tivesse medo de ser julgada por Ele lá em cima.

Ia me afastando de costas lentamente, pois não desejava atormentar a pessoa e planejava ficar sozinho, mas para minha má sorte, tropecei em uma pedra e, antes que pudesse notar cai de bunda, emitindo um pequeno grito de dor e surpresa.

Assustada com o grito, a pessoa se sentou e virou. Ela parecia chateada por minha presença, mas logo sorriu quando me reconheceu.

Ela não falou nada e manteve o sorriso, mas tornou a deitar e olhar o céu. Tomei aquilo como um sinal para acompanha-la.

"Ah... Oi. O que você está fazendo por aqui?" Eu perguntei inseguro, enquanto me acomodava ao seu lado, mas ainda mantendo uma boa distância do Marechal.

"Olhando o céu." Ele respondeu, simples. Seu sotaque estava desaparecendo rapidamente. Se eu não soubesse de suas origens, chutaria que veio da província Louisiana.

"Ah sim."

Ficou silêncio por um tempo, já que eu não sabia o que fazer na forte presença de Louis. Tinha medo de me virar e encara-lo, não queria falar nada que pudesse ser ignorado e, bem, não conseguia me focar o bastante no céu para reconhecer constelações.

"Quanto tempo, hein." Ele murmurou alguns minutos depois, me fazendo suspirar de alívio por finalmente ter dito algo.

"Quanto tempo mesmo." Eu respondi, ávido para manter a conversa. Não nos víamos há um ano, as coisas estavam diferentes e não éramos, -e nunca fomos- íntimos o bastante para manter um silêncio confortável. "Como estão os combates no sul?"

Louis bufou, aparentemente irritado com o assunto. "Estressantes. E você e o velho George?"

Sorri. Tinha enviado uma pequena e sucinta carta a Louis agradecendo a recomendação. Ele tinha respondido de maneira igualmente simples, mas tinha escrito com sua própria mão o que era muito, considerando os secretários que possuía como Major.

Ele e o General eram realmente amigos, algo que despertava certos quês de inveja em mim. Era bem sabido que o Major declarava em alto bom som para quem o quisesse ouvir que seu primeiro filho se chamaria George Washington de Lafayette, por o general era o homem mais esplendido que já havia conhecido.

Podem imaginar que estava mais verde que ervilha de inveja.

"Estamos nos dando bem... Acabamos de reconquista Filadelfia afinal! Você veio aqui para que?" Eu questionei, me virando para encara-lo. Ele fez o mesmo.

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