killing it ›› njh [parada/editando]

nove

New Orleans – 17 de Julho de 2015

Atirei.

O barulho do corpo batendo contra o chão me deixou aliviada, mesmo que pouco. Meus olhos estavam fechados e a dor ainda me invadia quase em forma de tortura. Só queria vingar sua morte e o único jeito que eu via de fazer isso era matando todos eles, um por um.

"Mas que merda!" uma voz grave me interrompeu os pensamentos. Encarava o corpo do homem que havia me dado uma coronhada, à poucos, boiando em sua poça de sangue. "Me avisa na próxima vez pelo menos"

"Agradeça por eu não ter te matado também." andei até o corpo, peguei sua arma e umas chaves no bolso da jaqueta. "Toma isso" empurrei o cabo da arma contra o peito do Horan.

"Mas eu..."

"Vou precisar que você me ajude a carregar o Thomas até o carro" interrompo indo até a mesma sala e me ajoelho para pegar o corpo, Niall vem logo atrás fazendo o mesmo.

O corpo do Thomas fazia peso em meu ombro esquerdo, assim como no ombro direito de Niall, e em nossas mãos livres haviam pistolas, que, por enquanto, eram inúteis. Procurei o carro do homem que tinha pego as chaves, mas só via o meu, todo baleado por sinal.

"Deve estar no lado de trás" o loiro disse, assenti levemente com a cabeça e soltei um suspiro logo depois, dei meia volta e começamos a carrega-lo de novo.

Estávamos bem próximo do carro quando dois tiros atingiram o corpo já morto do Thomas, fazendo-o cair de meus braços. Me ajoelhei rapidamente ao seu lado, deixando, simplesmente, que as lágrimas rolassem pelo meu rosto. Ele já não tinha sofrido o suficiente? Será que ele realmente merecia coisa pior? Peguei minha arma e atirei no homem que estava um pouco longe, mas nada. Atirei de novo e nada. Estava descarregada. Ele deu alguns tiros, mas todos em direção ao chão, não tinha a intenção de nos matar, acho que nos queria apenas como reféns. Assim que eu soltei a arma pude ouvir mais dois tiros, mas dessa vez vindos do Niall. Sua postura era a mais correta possível, braços exatamente alinhados com as pernas, cabeça um pouco abaixada devido aos olhos estarem perfeitamente atentos à mira, mãos firmes e nem um movimento devido ao tranco da arma. Um tiro na parte dos pulmões e outro certeiro na testa. Mais profissional, impossível. Encarava-o sem disfarçar e quando ele se deu conta, balançou a cabeça negativamente sobre saber o que eu estava pensando.

"Deixa que eu levo ele" falou guardando a arma na cintura da calça e se abaixando.

"Não!" estiquei o braço contra o seu peito, impedindo-o. "Vai ter que me explicar o que foi aquilo primeiro" limpei meus olhos com as costas da minha mão.

"O tiro? Eu já atirei antes" disse como se não fosse nada.

"Impossível você atirar tão bem, nem eu atiro assim"

"Quer dizer que ninguém pode atirar melhor que você agora?" perguntou irônico.

"Eu não disse isso, só falei que eu, que tenho costume de atirar, não atiro dessa forma, imagine você, a não ser que..." falei um pouco duvidosa.

"A não ser que o que? Dara para de pensar besteira, eu atiro assim porque já pratiquei muito com meu pai, agora me deixa levá-lo" ele pegou o corpo do Thomas com a maior facilidade e caminhou até o carro, o deixando no banco de trás.

duas semanas depois.

Los Angeles – 31 de Julho de 2015

"Não se ponha triste ante uma despedida. Uma despedida é necessária para voltar a reencontrar-se(...)"

Os óculos escuros que eu usava, na intenção de esconder as lágrimas, – que insistiam em cair – já não tinham mais utilidade. A cada parente que passava por aquele pedestal era um pouco mais de sofrimento e cada vez mais esperança, as palavras da mãe de Thomas me trazem um pinguinho de felicidade, mesmo com a sua perda.