Vou Demorar Um Pouco Mais De Duas Horas Para Poder Te Contar

Parte 1- Algumas pequenas considerações

Olha, me desculpa se você pegar esse negócio para ler, eu guardo a sete chaves, mas como sou esquecido pode ser que eu tenha acabado deixando em algum lugar qualquer.
Toma bastante cuidado, eu já passei várias noites em claro escrevendo isso aqui.
É, é o meu caderno de física sim, e como você pode perceber, eu sou péssimo nessa matéria: não tem nem conta, só conto. Eu só conto minha história.
Também não sou, digamos assim, tão interessado nas aulas. Por isso transformo todas elas em poesia.
Outra coisa que você pode ficar sabendo, só de ler ali na parte interna da capa, é que eu me chamo Fábio, estudo no 3° Ano A e só de ver tudo que escrevo, ou pelo menos tento, estou apaixonado. Bem, não tenho tanta certeza assim, esse negócio do lado esquerdo do meu peito não veio com um manual.
Se você quiser saber quem ela é, vem cá, na minha sala. Sabe aquela garota ali, na segunda carteira da fileira do canto, com o cabelo longo e olhos vibrantes? É ela. Sim, é ela quem tira o meu sono. Te desafio a tentar descobrir o que realmente aconteceu: está tudo bagunçado. Essas são as crônicas da minha inconsistência.
Se encontrar esse caderno, peço para que jogue fora. Se tiver acontecido algo comigo, queime junto ao meu corpo. Jogue no meu caixão e feche à sete palmos do chão, junto ao meu cadáver. Eu pertenço à poesia, e a poesia pertence à mim.
E se achar que é bom, pode passar pra frente. Espalha por aí as crônicas esquisitas do garoto fechado e errado que mora na casa do lado. mostra para a professora as coisas estranhas que aquele menino quieto sempre escrevia. Arranque as folhas e jogue na rua, entre em um vagão e distribua entre os passageiros. Toda demonstração de amor vale a pena.
Se você quiser saber tudo da minha mente esburacada e pensamentos hiperativos, abre a próxima página e senta, que vai demorar um pouco mais de duas horas para te contar a história inteira.