Memórias - parte 1

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Manhattan - 01/07/2012 02:23AM

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Manhattan - 01/07/2012 02:23AM

Eu morri.

Sabia que havia morrido pois não sentia meu corpo, e muito menos sentia o ar entrando em meus pulmões, tudo flutuava e o único som audível era o do meu coração. Espera ai, meu coração? Se ele ainda batia, então porque eu continuava não sentindo absolutamente nada, como se meu corpo não existisse mais, como se apenas minha alma estivesse ainda neste plano? Será que este é realmente o som do meu coração? porque não seria o som de um dos corações ainda pulsantes das muitas pessoas que eu ouvi gritando? Porque não? Bom, no geral, porque elas provavelmente estariam mortas. Sou puxada de minha melancolia e sinto como se um trovão explodisse em minhas costas quando braços me puxam, de repente minha alma volta ao carnal e posso sentir minhas pálpebras duras, posso sentir o calor do ar em minha pele nua e posso sentir o gosto de ferrugem entre meus lábios, faço um esforço imenso para tentar abrir os olhos, sinto como se pusesse toda a minha força naquilo, como se tudo dependesse disso, até que enfim consigo e, lá estão eles, lá estão aquele par de olhos, aqueles aos quais eu nunca iria esquecer.

Manhattan - 08/08/2009 08:15AM

O rosto envelhecido pelo cigarro da professora de matemática me encarava cruelmente, estava virando profissional em me atrasar.

— Com licença senhora Martha - preferi não encara-la, apenas apertei as alças de minha mochila tão fortemente que pude sentir os nós de meus dedos se apertarem, enquanto olhava para o chão caminhando diretamente para minha mesa, a ultima da fileira do canto.

Sentar, abrir a mochila, pegar o caderno, pegar o estojo, abrir o estojo, abrir o caderno, copiar a lousa.

A tarefa era simples se não fosse é claro por Eddy, o loiro e pálido Eddy, que vestia a camisa por dentro da calça e usava meias três quartos sociais, o mesmo me encarava com seus óculos grandes.

— Atrasou porque, senhorita Luna? Saiba você que não senti nem um pouco sua falta - apoiou a cabeça sobre as costas das mãos me encarando com seu rosto sardento.

— Atrasei, senhorito Eddy, porque a lição de história não se faz sozinha, e porque minha cama estava muito quentinha esta manhã também. - abaixei abrindo a mochila procurando pelas folhas soltas.


Lição? - arregalou os olhos azuis, as vezes me perguntava como alguém poderia ser considerado albino, e porque Ed não era.

Achei as folhas e o entreguei.

— Não sei o que faria sem tu, Lunazita - pegou uma caneta e começou a copiar.

O sinal do intervalo tocou e nós dois seguimos em direção ao pátio que mais se parecia com um formigueiro, eu com meu saquinho de biscoitos e Eddy com seu suquinho de caixinha, tudo ia bem, até Franklyn aparecer.

Always where I need to beWhere stories live. Discover now