Capítulo 3

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    Depois de ter ido dormir quase duas da manhã devido aos meus pensamentos incansáveis, acordei de manhã para a escola do pior jeito possível. Eu estava muito cansado, e acredito que o que não me deixou dormir em pé foi saber que eu veria Juju em pouco tempo. Não sabia exatamente o que eu estava sentindo. Era uma mistura de nervosismo com aflição e ansiedade. Se fosse mentira, eu iria me sentir mal, mas só a possibilidade de ser verdade me alegrava por completo.

Como todos os dias da minha rotina normal, tomei banho, café, me arrumei e saí de casa. Cheguei à escola no horário que costumo chegar sempre, sete e dez. A aula começava sete e meia, e quando cheguei, todos os alunos estavam checando suas maquetes para entregar ao professor Ricardo logo no primeiro tempo. Andei até meu lugar, onde, na carteira da frente, sentava Juju.

— Você não sabe o susto que eu acabei de tomar. — Juju me disse assim que me viu chegar. Ela estava sentada em sua cadeira com a nossa maquete sobre a mesa. — Perguntaram se eu tinha trazido a apresentação. Mas aí confirmei com a Mari e ela me disse que era só pra próxima aula.

Nos primeiros segundos que ela terminou, só a fiquei olhando com um sorriso bobo nos lábios. Eu amava tanto aquela garota. E saber que ela me amava do mesmo jeito me alegrava demais.

— Por que você está me olhando com essa cara?  — Ela perguntou sorrindo espontaneamente.

— Nada não. É que — a abracei forte. — te amo demais. Você não tem ideia.

— Eu também te amo demais. — Ela sorriu. Por um momento, senti que aquela conversa que estávamos tendo era típica de namoro. Mas não era.

Ou pelo menos ainda.

— Mas sobre a apresentação, vamos tratar de não deixar para o domingo de novo. — Falei e Juju riu.

— Eu já anotei. Agora vou ser mais prevenida do que nunca fui. — Ela me mostrou a anotação que fizera e rimos juntos.

— Bom dia, alunos. — Anunciou Ricardo com seu alto tom de voz assim que entrou na sala e foi caminhando até sua mesa.

— Bom dia, professor. — A turma respondeu unissonamente.

— Espero que todos tenham trazido as maquetes. — Ele disse quando se sentou. — Por que, senão, já sabem que levarão um zero.

Vi Fabiana e Carla com cara de desespero. Elas se levantaram e foram falar com o professor, provavelmente para pedir mais uma chance, afinal eram as únicas sem maquete. Tive medo só de pensar que Juju e eu chegamos bem perto da situação delas.

Depois de nove pessoas, ele chamou a décima, no caso, eu. Levantei e levei a maquete até sua mesa.

— Gabriel, não é? — Ele perguntou enquanto marcava na lista e eu afirmei. — Quem é sua dupla?

— Juju. — Respondi e ele me olhou estranhamente. Entendi o porquê. — A Maju, professor. Maria Julia.

Esqueci por um momento que a maioria a conhecia como Maju, e não como Juju. Sou o único que a chama assim, e me resultava tão natural falar Juju que acabo esquecendo de chamá-la pelo nome ou pelo apelido conhecido. Coisas de melhor amigo.

— Ah. Tudo bem, já pode colocar sua maquete lá trás com as outras. — Ele falou enquanto olhava para a lista, provavelmente marcando o nome de Juju. Fiz o que ele mandou e voltei para minha carteira, onde minha melhor amiga estava mordendo o lábio. E estava sozinha.

Achei a melhor hora para começar com meu plano.

— Acha que ele vai nos dar um zero? — Perguntou Juju com um tom de preocupação em sua voz assim que sentei.

Através dos seus Olhos [Conto]Where stories live. Discover now