capítulo um

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Maira Fernandez

Alguns meses antes.

─ Você só pode está de brincadeira – exclamou Roberto por cima da musica extremamente alta, mal dava para passar por conta da aglomeração de pessoas dançando.

Estávamos em uma festa de alguma fraternidade que um amigo de Roberto o convidou.

Eu estava ali para me despedir da minha liberdade.

Sim. Dona Amélia não voltou atrás de sua decisão e irei ser mandada para um internato. Implorei para que não me mandasse. Isso tudo porque eu não quero perder a minha liberdade. Ouvi coisas muitos ruins vinda daquele colégio interno como praticamente proibir tudo que é divertido para os alunos. Eu apenas digo uma coisa, não vou ficar lá por muito tempo. Irei trabalhar muito bem para que isso aconteça.

Roberto continuou:

─ Ela enlouqueceu!? Por Deus, Fernandez. Isso não vai ser nada bom.

Mas é claro que isso não vai ser bom, Roberto, pensei enquanto sorria de lado.

─ Ah, você sabe, ela só quer que esse meu "eu" desapareça – falo enquanto entorno o copo de vodka com energético em goles longos e demorados – como se ela não tivesse ajudado muitooo para criação dele, mas eu gosto muito dele...

─ E ele não irá desaparecer tão cedo – ele completou para mim.

Chegamos ao pequeno bar que improvisaram em um lado bem afastado da pista de dança. Terminei de tomar o que havia restado no meu copo e logo depois o deixei de lado. Roberto estava ocupado demais tentando encontrar alguma cerveja dentro de uma caixa enorme com muito gelo, que nem deu tanto atenção para o assunto de segundos atrás.

Me encostei na mesa que continha vários tipos de copo sobre ela e cruzei os braços sob meus seios encarando a multidão a minha frente pareciam que todos estavam se comendo. Por um momento fiquei tonta pelos movimentos que eles estavam fazendo. Talvez fosse a bebida alcoólica fazendo seu trabalho.

─ E se esse internato não te segurar também – disse Roberto se juntando ao meu lado com uma cerveja saliente em suas mãos – ...o que mais ela será capaz de fazer? Te mandar para um reformatório?

Eu não havia pensado nisso ainda e sinceramente, não queria pensar mais tarde também, mas não quero parar em uma reabilitação social.

─ Não sei, mas vai ser um prazer deixar ela careca o mais cedo possível.

Roberto riu ao meu lado balançando a cabeça para os lados como se não estivesse acreditando no que acabou de ouvir.

Peguei a cerveja de suas mãos e levo aos meus lábios, sentindo o gostinho amargo e doce tomar conta da minha boca. Deus, isso era bom demais. Eu amo cerveja.

─ Ah, claro que seria um prazer para você – ele disse o óbvio – se não, não estaria indo para um internato.

─ Ei – protestei apontando a garrafa de cerveja em sua direção – isso foi totalmente para uma justa causa.

─ Ah, claro – era impossível não notar o tom sarcástico em sua voz – e que justa causa seria essa?

─ Ah, cala a boca, seu babaca! – eu disse – estava tentando dar um último dia incrível para aquelas almas penadas.

Ele ri. Não por achar graça mas sim para zombar de mim.

─ E seria colocando vodka no bebedouro do colégio? Porque não fez, sei lá, uma festa ou algo do tipo na saída? - diz como se isso fosse óbvio me fazendo sentir burra.

Duas Bombas No Internato (RE-ESCREVENDO)Where stories live. Discover now