Cadela.

- Olá, Sam – Cindy me cumprimenta assim que chego ao meu lugar preferido. Inalo de modo brusco o cheiro de lavanda misturado ao aroma doce das tortas.

- Ei, Cindy – retorno com um sorriso. Caminho até minha mesa – Patrick – cumprimento-o, ele como sempre em seu balcão.

- Sam. – sorri.

Em minha mesa apanho o notebook, lápis e caderno. Cindy traz sem que eu peça um Milk-shake de chocolate. Mais um pouco de anotações e poderei apreciar minha amada torta de coco. Sem tirar os olhos da tela do computador, ergo minha mão até o copo e descubro que acabei com tudo. Olho para o copo vazio como uma criança olha para seu sorvete que derrete no chão quando o deixa cair, no entanto decido pedir outro assim que acabar com esse capítulo.

- Aqui – Cindy deposita em minha mesa outro Milk-shake, a olho sem entender. Ela nunca traz uma segunda rodada sem que Tyler ou eu peçamos. – O Moreno-delícia, ali – aponta para um cara de terno. Mesmo sentado pode-se dizer que é alto, e possui uma montanha de músculos esculpidos em seu corpo. Moreno-delícia lhe cai muito bem. – Que está oferecendo – como se esperasse o momento certo olha para mim, solta uma piscadela e sorri. E que sorriso. O cara deve ir semanalmente ao dentista.

- Não posso aceitar – digo empurrando de volta o copo quando Cindy põe na mesa – Eu nem o conheço.

- Sam, por favor, em nome de todas as mulheres desprovidas de sorte, aceite – ela empurra de volta – Aproveite que o deus nórdico não está aqui. – diz, e automaticamente volto a pensar no Tyler. Droga!, ele estava fora. – Vômito de novo? – pergunta sentando em minha frente. Nego – Você o pegou com duas?– Céus, aquela cena não. - De novo? - nego. Sua testa franze – Me conte depois – levanta-se rápido, e não entendo – Moreno-delícia vem aí. – sorri cúmplice.

E antes que eu possa terminar de guardar minhas coisas Moreno-delícia senta-se onde a traíra da Cindy estava a poucos segundos. Cara, ele é gato.

- Tom Leigh – apresenta-se com sua voz grossa.

- Sam – aperto sua mão estendida. Recuso a dar-lhe meu sobrenome.

Ele me agracia com seu sorriso de perfeitos dentes brancos. E, o idiota cretino vem a minha mente.

- Sem sobrenome – outro sorriso – Gosto das misteriosas – seu olhar desce para minhas anotações – Estudante de Literatura. Desejo-lhe sorte com o velho Pherb – olho intrigada por conhecer meu professor.

- Ele não é tão ruim assim – digo, e franzo minha testa. Ele me olha sério – Tá, ele é horrível.

- Pode apostar – concorda.

- Eu acho que é a falta de cabelos – digo me sentindo maldosa. Mas se ele aceitasse sua calvície seria bem melhor. Ele ri e me junto. Aí paro, lembrando-se de um passado nem tão distante.

- Você não irá pro inferno por isso – responde fazendo-me animar outra vez. – Ele foi meu professor há seis anos. – conta.

Descubro que Moren... Tom conhece meu pai - e já me viu uma vez com ele -. Isso, logo após contar que trabalha em uma editora no centro. Conta sobre seu emprego e opina sobre alguns dos grandes autores do momento. Como castigo por não me contar meu sobrenome não me diz onde trabalha, mas, depois de insistir descubro que o cara é editor chefe na Publicações Book Red. Por muito pouquíssimos não faço uma dancinha tosca de vitória quando trocamos números, e promete que assim que surgir algo pra mim, me ligará. Quase me entristece quando diz que tem um "porém". No entanto não me preocupo quando diz o que é. Só acontecerá se minhas notas forem ótimas e eu tiver boas recomendações. Cara, esse estágio está no papo.

- Então Thor é seu namorado? – de novo meu sorriso tem um banho de água fria com memórias. – Essa é a primeira vez que a vejo sozinha aqui.

- É complicado – digo me preparando para explicações quando meu celular vibra na mesa – Tenho que atender – antes de fazê-lo noto que já é quase meia noite. Tom parece despertar e olha o relógio em seu pulso, seus olhos se arregalam e se põe de pé.

- Fica pra outra hora, Sam, tenho que ir – ele beija minha bochecha – Até mais. E não relaxe nas notas – fico de pé para retribuir o beijo, ele consegue ser mais alto que Tyler.

- Até, e obrigada – mais dentes perfeitos á mostra, e se vai. – Ei, Molly – atendo meu celular.

- Você está perdendo maior festão – grita. Ao fundo uma batida eletrônica explode – Escuta – diz, e ouço apenas a batida.

- Você está ai?

- Sim – retorna – Jake precisa de carona – diz.

- Bêbado? – pergunto prendendo meu celular entre a orelha e o pescoço guardando minhas coisas.

- Muito – responde com sua própria voz alterada pelo álcool.

- Estou aí em minutos. - desligo.

- Tchau, pessoal – me despeço. Cindy tem a cara de pau de sussurrar para que eu pegue de jeito o Moreno-delícia. 

                                                                            Tyler

- Eu e todos os bastardos lá fora que apostaram em você agradeceria se largasse a porra do celular, e se concentrasse na luta – Peter vocifera. O cara está mais nervoso que eu – Tyler é do trapaceiro do Jack que estamos falando. – termina irritado.

- Sou eu quem vai lutar.- respondo olhando-o rapidamente.

Volto minha atenção para merda da tela do celular. Esse cacete deve estar com defeito, só pode. Nenhuma mensagem. Ela sempre me envia mensagens. Até quando fiz vômito em sua coleção patética dos irmãos patéticos que ela adora me enviou como sempre desejando boa sorte. Merda! Que graça aqueles cara tem? Esse não é o problema.

- E acabou! – Andy anuncia, e os gritos eufóricos ignorados por mim até agora surgem.– Agora a festa vai começar, rapaziada- mais gritos. Caralho

Ligo e desligo a porra do telefone.

- Essa é briga de cachorro grande – sou capaz de ouvir o ressoar dos pulos que os idiotas dão na "arquibancada".

- Ela está puta com você – Peter diz arrancando o aparelho da minha mão – Então se concentra lá fora, e depois você corre atrás da merda que fez.

- Devolve – peço. Ele o guarda no bolso da calça.

- Não – diz se afastando – Foda-se T. ela não vai enviar nada. Você há ignorou esse tempo todo, a fez acreditar que esteve com outra depois do que rolou. – eu não contei nada. – Molly disse que vocês se beijaram.

Assinto. Porra, ele está certo.

- Mas caso el...

- Ela não vai – grita. O olho de olhos arregalados.

- Você é mesmo um ótimo melhor amigo – ironizo me preparando para ir chutar a bunda do Jack.

– Você fez merda – dá de ombros. – Acaba com ele, Ty. – zomba. Com meu melhor amigo me entendo depois.

Lá fora me limito a olhar apenas pro merda de cabelos escuros em minha frente.

- Tyler.

- Jack. – devolvo o sorriso cínico do filho da puta.

Mais Que Amigos {Finalizada}🚫16 Where stories live. Discover now