Capítulo I - A Caçadora

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Clarke.

"Adoro caminhar em silencio pelas sombras.
Sou um bicho da noite, do crepúsculo, uma caçadora noturna. O barulho me fere a alma; busco a quietude, o contato comigo mesma e com a natureza."
Léa Waider ¥__________________________¥

Poderia me apresentar, mas nunca fui boa com isso, apresentações.
Mas na verdade, vou tentar.
Eu sou Clarke Griffin, uma prisioneira da Arca, que foi enviada à Terra com outros 99 prisioneiros jovens.
Desde que desembarcamos, o perigo nos cerca, e da última vez, teve consequências drásticas.
Quando eu venci Clarke 2, meu demônio interior, algo aconteceu.
Eu consegui salvar aos meus amigos e a Terra, porém quando matei Os Cavaleiros do Apocalipse, eu fui transportada junto com eles.
E é aqui que me encontro, há três meses.
Sozinha, caçando pra viver.
Sobrevivendo à uma rainha opressora, que batizou o lugar como: Cidade da Meia-Noite.
Todos tinham medo dela, e poucos realmente a conheceram.
Mas, é como diziam, vida longa à Rainha !
Quando o vórtex negro me trouxe para a Cidade da Meia-Noite, eu apenas soube que teria que lutar pra sobreviver.
Sobreviver não é o bastante, você tem que lutar.
+++
A taverna estava mais silenciosa que o normal.
Talvez fosse por causa da minha presença.
Ninguém gostava muito de caçadores, muito menos de caçadoras.
Eu me tornei uma caçadora, porque soube assim que cheguei aqui, que se fosse amada ou odiada seria respeitada.
Caso não fosse nem um nem outro, você virava um alvo.
A taverna de Niylah era a melhor da Cidade da Meia-Noite, e a única que a Rainha havia dado consentimento.
Quando engoli meu pão de batatas, um homem se sentou na minha mesa.
- Gostei do cabelo vermelho - disse ele - É natural ?
- Não, não é natural - disse - E é sangue de puma.
- O dread também ? - continou ele.
- Vem cá, quer dicas de moda ?
- Tem razão - disse ele - Meu nome é Milo. Preciso dos seus serviços de caçadora de recompensas.
- Estou ouvindo - disse.
- Preciso que você invada o castelo da Rainha - disse Milo - E roube o que ela chama de Coroa da Meia-Noite.
- Espera um pouco - disse - Você quer que eu invada o castelo, e roube da Rainha ?
- Tirando as pausas, sim - disse ele - E pra constar, qual seu nome ?
- Não vou roubar da Rainha, não mesmo - disse - E pra constar, meu nome é Clarke.
E dizendo isso, sai da taverna sem olhar pra trás.
***
Quando sai da taverna, senti o frio tocar a minha pele.
Nunca soube o que havia acontecido com Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.
Mas em três meses, não vi sinais deles em lugar nenhum.
Eu só conseguia pensar em duas coisas, todos os dias: Bellamy e meus amigos.
Bellamy Blake, o amor da minha vida e meus amigos que lutaram sem medir esforços para me salvar.
Mais a frente, num pequeno chalé, guardas do castelo, estavam tirando uma família de lá e revisitando os pertences fora da casa.
- Você sabe que deve deixar os impostos separados, Rumple - disse o guarda - A Rainha não gosta de caloteiros.
- Mas senhor, a Rainha proibiu a venda de milho, que era minha fonte de renda - respondeu Rumple - Sem ele...
- Sinto muito, Rumple - disse o guarda - Sinto muito mesmo, mas eu tenho ordens, e se não obedecer, perco bem mais que a casa.
Ele assentiu a outro guarda, que aproximou a tocha flamejante do pequeno chalé.
- Não ! - gritou Rumple - Meu chalé não !
Mas era tarde, o chalé estava em chamas, e a fumaça negra exalava.
- Eu realmente sinto, Rumple - disse o homem - Mas deve se lembrar.
- Sim - disse ele - Vida longa à Rainha.
+++
Quando o chalé não era nada além de madeira e palha, Rumple, a esposa e o filho seguiram para a aldeia.
Nunca havia presenciado tal cena, mas não duvidada da Rainha, não mais.
Aquela Coroa devia ser algo importante, afinal, Milo não arriscaria roubar algo fútil da Rainha.
Devia ser algo que firmasse o seu reinado, algo que lhe desse poder.
E se isso fosse ajudar os mais fracos, iria fazer.
Voltei em passos largos até a taverna, e encontrei Milo pagando sua conta.
- Clarke, você voltou - disse ele.
- Sim - respondi - Preciso de detalhes mais exatos, principalmente como irei entrar e sair.
- Ok, direi tudo - indagou Milo.
- Primeiro quero que conte o que realmente a Cidade da Meia-Noite é.
***
Milo suspirou.
- Bem, após o Apocalipse Nuclear, uns programadores decidiram criar fortalezas, simulações de cidades - disse ele - Para proteger as pessoas caso acontecesse de novo.
- Espera, como a Cidade da Luz ? - indaguei.
- Sim, foram construídas essas duas cidades - disse ele - Contudo o projeto pra essa aqui não deu muito certo.
- Como assim ? - perguntei.
- Como parte da simulação, apenas sua mente vivia na Cidade, seu corpo era deixado para trás - continou Milo - Entretanto, a Cidade da Meia-Noite aprisionava sua mente, você não consegue sair daqui, mesmo que achasse a saída.
- E a Coroa tem algo haver ? - questionei.
- Tudo haver - disse ele - Além de destronar a Rainha, a Coroa nos guia até a saída e abre a porta.
- E quando vou invadir castelo ? - perguntei.
- Essa noite - disse ele - Ouvi que a Rainha tem planos para amanhã.
- Que planos ? - perguntei.
- Não sei, mas algo bom não deve ser - disse ele.
- E como veio parar aqui, Milo ? - perguntei.
- Quando Fome matou uma cidade no século XIX - respondeu ele - Os Cavaleiros são como agentes da Rainha, para popular a Cidade e ela obter poder.
- Então ela enviou Os Cavaleiros pra Terra - disse.
- Mas apenas poderia quando a Wanheda ativar a maldição - indagou ele.
Ele olhou pra mim.
- Você é a Wanheda ! - disse ele - Foi quem matou Guerra, Peste e Fome.
- Então é isso - disse Milo - A Rainha planeja matar você, e ficar com a maldição que ela perdeu.
- Que ela perdeu, como assim ? - perguntei.
A porta se abriu com um estrondo.
Os guardas da Rainha invadiram a taverna, e vieram em nossa direção.
- Eles estão aqui ! - gritou um deles.
Um guarda se aproximou, e o reconheci.
- Emerson - disse - Faz muito tempo.
- Olá, Clarke - disse ele - Não sabe a minha alegria quando soube que estava aqui.
- Posso imaginar - ironizei.
Ele sorriu.
- Podem levá-los - disse Emerson - A Rainha os aguarda.
Eles nos seguraram, e nos arrastaram para a saída.
Quando passamos pela porta, visualizei uma mulher de cabelos negros cacheados, um colete vermelho, e que estava erguendo uma espada que conhecia bem.
A Ceifadora. A mesma que havia usado para matar Os Cavaleiros.
Quando vi a espada na mão dela, não restava mais dúvida sobre quem era.
- Olá, Clarke - disse a mulher - Eu sou Lana Labounair, a Rainha.




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