Meu Querido Delegado

Capítulo 1

Lily

— Não, Beca! Não é necessário!– digo tentando me desvencilhar de Rebeca.

— Como não?– ela esbraveja.— Viu o que esse babaca fez com você?

— Eu sei, Beca! Mas... Não acho necessário!

— Claro que é! Vem, anda logo!– andamos em direção à delegacia.

Resolvo não dizer mais nada. Afinal, era difícil contrariar Rebeca, ou melhor, era impossível.

Entramos na delegacia e o nervosismo me invade.

Eu sei bem que o que Richard fizera comigo não era certo, mas eu não sei se quero prejudicá-lo à esse ponto.

Rebeca sempre insiste que eu o faça, mas eu nunca tenho coragem de vir.

Bom, até hoje, pois Rebeca está me obrigando à ir.

Richard é meu ex-namorado.

Como todo garoto orgulhoso e de ego inflado, que não aceita um não e muito menos um término, ele me agride, como forma de me fazer ceder a ele.

Me acomodo em uma das cadeiras estofadas da recepção, enquanto Rebeca fala com um dos policiais que assente e pede que esperássemos um minuto.

Minhas mãos estavam trêmulas e o suor frio escorrendo por minhas costas.

Não sei se denunciá-lo geraria algum resultado, pois Richard Black, é um filhinho de papai, onde teria diversas influências ao seu favor, ao contrário de mim, que trabalho muito duro para sustentar a mim e a minha mãe.

Meu pai morreu à 3 anos, num acidente de carro, deixando nossa condição financeira complicada.

Então tive que arrumar um emprego urgentemente, conseguindo assim, um numa cafeteria.

— Senhoritas, podem me acompanhar?– o policial que Rebeca conversara nos chama a atenção.

Assentimos e o seguimos pelos corredores de cor cinza. Paramos diante de uma porta de madeira e detalhes de metal.

O policial bate na porta e sorri polidamente em nossa direção.

— Entre!– uma voz rouca e autoritária soa do outro lado.

Fui a última a entrar.

Meus sentidos ficam dormentes quando olho para o homem a minha frente, o qual presumo ser o delegado.

Seus olhos eram num tom esverdeado, seu cabelo loiro escuro e sua barba por fazer.

Sua postura imponente causou calafrios e a tentativa de ficar calma foi por água a baixo.

Engulo em seco.

— Sentem-se!

Nos sentamos nas poltronas de couro preto.

— Bom, qual a ocorrência?– pergunta sem tirar o olhos de alguns papéis que estavam sobre sua mesa.

— Violência.– Rebeca se pronuncia, sabendo que eu não conseguiria falar tão cedo.

— Contra você?– ele pergunta.

— Não, contra ela! O babaca do ex-namorado.– aponta para mim e ele arqueia a sobrancelha.

— E por que a mesma não fala?– pergunta seco.

Rebeca, como eu bem conheço, odeia quando alguém a trata de forma estúpida.

Ela revira os olhos.

— Bom, na verdade, ela não queria vir!– ela confessa.

— Ah...– ele me lança um olhar gélido.— Então você gosta de apanhar?