Segunda chance para o Amor

Parte 2

Paramos de dançar no mesmo instante. Ambos com a mesma reação de confusão e surpresa.

Mas é claro que ele tomou a primeira atitude - depois do que pareceram séculos em que estávamos parados apenas nos olhando completamente chocados. Ele me puxou para um canto mais tranquilo, que por sorte tinha um sofazinho, já que eu mal me aguentava em pé.

O que o Théo, o meu Théo estava fazendo ali?

- Minha nossa!! Eu sabia que você era familiar! Mas está tão diferente. Como eu ia imaginar...

Ele continuou falando ou balbuciando algumas palavras, enquanto andava de um lado pro outro passando a mão no cabelo. Não consegui prestar muita atenção, pois ainda me sentia fora de órbita, mas eu tinha que descobrir o que estava acontecendo.

- O-o que vo-você está fazendo aqui? – e lá estava eu gaguejando de novo - Você não sabe quem eu sou?Não se lembra de mim?

- O que? – ele me olhou como se eu fosse louca – Mas é claro que eu sei quem é você. Você é a Kate, a minha Kate – ele declarou num tom carinhoso e não possessivo, enquanto acariciava meu rosto e eu franzi o cenho me deliciando e me irritando ao mesmo tempo com a frase. Afinal ainda estava com raiva dele, não estava?!

- Eu só não sabia que você era ela.

Ele sentou no sofá junto comigo e ficamos em silêncio, enquanto eu desejava parar de sentir tamanha felicidade por vê-lo de novo, pensando no quanto me magoou quando sumiu sem dar explicações.

- Do que você está falando? – quebrei o silêncio tentando desanuviar minha mente congestionada de pensamentos.

Ele respirou fundo e se virou pra mim, segurando minhas mãos entre as dele e eu não impedi, porque só conseguia sentir aquele calor familiar da saudade e do pedaço de mim que ele levara consigo.

- Kate – ele parou como se soubesse que tinha algo errado – deixe me ver... – coçou o cabelo, me deixando impaciente com a demora. – Eu sou o padrinho do James, sou o Nicholas.

Um gritinho esganiçado saiu da minha garganta, e eu tirei minhas mãos das dele me virando no sofá ainda em choque. Ele tinha mentido pra mim esse tempo todo?! Mas ele era só um garoto.

- Ei, me deixa explicar primeiro, ok? Não tire conclusões precipitadas – ele voltou a segurar minhas mãos, meio inseguro com a minha reação – Eu não menti pra você querida, eu também me chamo Théo. Na verdade, esse é meu primeiro nome. Conheci o James na faculdade e viramos amigos. Nessa época eu já preferia usar o nome Nick, porque sempre que alguém me chamava de Théo eu me lembrava de você.

Ele ficou mexendo nos nossos dedos entrelaçados com uma mão e com a outra enrolava meu cabelo, mas tudo quase sem sentir, ainda submerso na história.

- Eu juro que não sabia que você era a Kate da Anna, não fiz isso de propósito. Eu sei que te magoei e não apareceria assim se soubesse de tudo.

- Você não viria? – perguntei baixinho.

- Mas é claro que viria, só não desse jeito. Você não sabe como me arrependi de tudo aquilo Kate.

- Por-por quê?

Ele suspirou cansado.

- No dia que você me disse que estava apaixonada por mim foi quase um sonho, parecia mentira que a garota que eu amava também gostasse de mim. – ele limpou uma lágrima que eu nem percebi que tinha escorrido dos meus olhos. - Mas como tudo pra gente, não foi fácil. Naquela mesma semana eu estava preparando uma surpresa pra você, pois não queria que você achasse que eu tinha me declarado apenas porque você tinha feito o mesmo. Então eu recebi o telefonema da morte da minha mãe e foi como se o meu mundo tivesse desabado – assenti lembrando de tudo como se fosse ontem, a Dona Laura era uma mulher muito boa, foi um sofrimento quando ela se foi.