O Cachecol

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  Chegamos aqui. O ponto final.

  Depois de tudo o que aconteceu desde que você dormiu em casa, o nosso relacionamento começou a rolar ladeira abaixo.

  Eu nunca fui muito boa em ver o lado bom nas coisas, e já disse isso um milhão e mil e uma vezes, mas você me fazia querer enxergar mais. Eu enxergava mais. Até que você deixou de enxergar.

  O que eu fazia nunca era bom. Nunca era útil, nunca prestava, nunca era o suficiente. Quando nos encontrávamos você só sabia falar sobre como tudo em mim era péssimo; as roupas, o corte de cabelo, a personalidade, era tudo ruim. E a culpa de isso tudo era minha. Quando você fazia algo de errado, a culpa era minha. Se você olhava para alguém e eu tinha ciúmes, eu era a culpada, porque existem por aí muitas mulheres mais bonitas do que eu, então você só estava sendo homem. Se você bebia e agia como um babaca, a culpa era minha, porque eu não era interessante o suficiente para te manter sóbrio. Você tem um talento especial que diversos homens: fazer a mulher que te ama se sentir um lixo.

  Minha autoestima caiu e meus amigos notaram. Eles me perguntavam o que aconteceu de errado. Eu menti, várias e várias vezes. Não podia ser tão ruim assim, não é? Você só fazia isso porque ma amava, não? Não. Porque você não é capaz de amar ninguém mais além de si mesmo.

  Eu comecei a notar que algo não estava certo quando eu me deparei com o significado de uma relação abusiva. Parecia que alguém tinha nos vigiado e escrito o nosso namoro ali.

  Um certo tempo depois disso, você ficou mais agressivo. Quando você ameaçou me bater, eu disse todas as coisas que estavam entaladas na minha garganta há muito tempo, te contei a verdade sobre você. Eu estou grata de ter gritado com você do jeito que eu fiz. Você ficou perplexo, me pediu perdão, disse que ia mudar, que tudo seria diferente. Eu não acreditei, porque caras como você não mudam. É a sua natureza.

  Eu mereço mais, mereço muito mais do que você jamais será. Mas eu ainda quero você. Isso é algo que ninguém nunca entenderá, nem eu mesma entendo.

  Mas talvez, antes disso, nós tivéssemos sido uma obra de arte, uma pintura da Renascença, uma música composta por Paul McCartney. Até você estragar tudo.

  Então, neste final de inverno, eu me despeço de você, das suas memórias, do nosso amor (será que foi amor?). Mas você não se despediu, você me devolveu tudo, menos meu cachecol, daquele dia do aniversário da sua irmã. Por quê? Cheira como eu? Te lembra de uma inocência que eu já não tenho há muito tempo?

Não que eu esteja te pedindo de volta, só estou tentando te entender. Eu nunca consegui, e nunca conseguirei.

  Eu gostaria de dizer que "eu só quero guardar as coisas boas" e que "nós ainda podemos ser amigos", mas eu não quero nada a ver com você. Nunca mais.

  Adeus Harry,
  Taylor.

XX
Então, eu decidi finalmente terminar essa fanfic, eu acabei mudando totalmente o final dela pra poder ficar mais realista, além de mostrar uma realidade de (infelizmente) muitas mulheres.
Obrigada por quem esperou, obrigada por acompanharem.

All Too WellWhere stories live. Discover now