As Garrafas

422 35 9
                                    

Estas são as garrafas de cerveja que nós bebemos enquanto você me levava até o Centre Park, na época em que as poucas folhas existententes nas árvores caíam. Eu esperava que você batesse o carro a qualquer momento, ou a polícia nos parasse e me prendesse, principalmente pelo fato de se eu ser maior de idade deixando um menor beber álcool. Você me dizia que eu era uma exímia pessimista, e eu me cansei de explicar que "era apenas realista com um lado um pouco voltado para possibilidades ruins". O meu pessimismo mórbido foi um dos motivos porquê " nós" não existe mais no seu mundo.
Naquele dia, você não parecia a melhor companhia, mas entre ficar em um local abarrotado de várias coisas que realmente não fazem o meu gênero e poder fazer qualquer outra coisa que eu quisesse, eu preferia a segunda opção.
Quando chegamos, você se deitou no capô do seu Cadillac antigo que um dia foi do seu pai. Por mais que às vezes eram necessárias três partidas para fazer o carro ligar, eu gostava. Era um bom carro.
—Sabe, eu tô aqui com você e ainda nem sei o seu nome. - você disse, depois de cansar de rir do balanço das árvores no seu estado de embriaguez.
—Taylor. Meu nome é Taylor.
—Legal. É um bom nome, Taylor.
Eu soltei uma risada anasalada. Você nunca foi, e nunca será bom em começar um assunto, contando as piores piadas que eu já ouvi na vida enquanto eu gargalhava, meio bêbada, do jeito que você as achava tão engraçadas. Mas ainda assim, eu as amava. Eu amava tanto quanto amava você.
E nós ficamos assim, olhando pro céu estrelado no capô do seu carro, suados, embriagados, extasiados.
Eu pensava que no meio de tanto tédio, você foi a melhor coisa que me aconteceu. Você sempre me fez rir até minha barriga doer, até finalmente me fazer querer chorar até meus olhos ficarem secos.
Nós não demos certo. Para ser sincera, eu não esperava que déssemos. As coisas raramente dão certo pra mim. Mas a cada decepção amorosa, fica mais difícil, é como abrir novamente uma ferida quando ela está finalmente cicatrizando. Eu não possso dizer que chorei, nem que estou triste. Eu estou vazia, e o que sinto vai muito além da tristeza.
Ao final daquela noite, já às 3 a.m., você me levou pra casa, me deu um beijo na bochecha e pediu meu celular.
Pegue de volta as garrafas, pegue os risos, os sorrisos, o beijo. Mas apague meu número, por favor. Não quero mais suas mensagens, nem suas desculpas.

XX
Eu decidi que os capítulos terão em média entre 400 e 500 palavras, talvez mais. Sempre imaginei Haylor como uma história curta mas bonita. Cada capítulo será uma memória de um momento, com objetos que fizeram parte desses momentos, assim como Foi Por Isso Que A Gente Acabou, livro no qual essa fanfic tem uma grande inspiração, assim como All Too Well.

All Too WellWhere stories live. Discover now