* Thomas
Acordei sentindo alguém com as mãos no meu braço, eu sabia que era ela, mas fingi não sentir nada.
- Ei... Babaca - ela me chamou. - Acorda... Ba-ba-ca...
É uma ótima forma de acordar...
Com sua companheira te chamando de babaca.
- Vamos Thommy... Me solta... - ela pediu.
Ela sempre me chama de "Thommy" quando quer alguma coisa.
- Por que quer que eu te solte? - resmunguei de olhos fechados - Quer fugir de mim?
- Preciso ir pra escola - ela disse - e nem sei onde fica a escola!!! Vaiii...
- Vou te levar pro inferno... Só mais cinco minutos... - murmurei voltando a dormir.
- THOMAS!!! - ela gritou e eu abri os olhos e a soltei. - Obrigada...
Ela saiu da cama e foi tomar banho.
No caminho dela até o banheiro, observei como ela balançava a cintura ao andar, e que seus cabelos pareciam estar se penteando sozinhos, por que os nós estavam começando a se desfazer.
Eu só devo estar louco, por que fico percebendo esses pequenos detalhes?!
Logo ela sai do banheiro usando uma roupa, que fez meu sangue ferver:
- Está curto, troque de roupa - falei sem paciência.
- Não - ela diz - gostei dessa aqui, e não acho curta. Vou com essa mesmo.
- Não vou deixar minha garota, andando com uma roupa desse tipo, a não ser que seja só pra mim - retruquei.
- Possessivo... - ela resmungou.
- Sou mesmo - concordei - Agora troque de roupa.
- Escolha logo a porra da roupa - ela resmunga se jogando na cama, ao meu lado. - Por que senão corro o risco de ficar experimentando roupas, e você mandando eu trocar, depois eu acabaria não indo pra escola.
Dei um sorriso de lado, e fui procurar uma roupa nas coisas dela:
- Até que você tem bom senso - ela deu um sorriso de lado, me deu um beijo na bochecha e foi experimentar a roupa.
Ela saiu do banheiro com um sorriso lindo, e perguntou:
- Como estou?
- Linda - falei rindo, do sorriso de criança que ela deu.
- Então, está na minha hora de dizer... - ela limpou a garganta e faz uma cara séria - Troque essa roupa! Sinceramente, não posso deixar o meu homem - ela enfatizou o "meu" - ir me levar para a escola, só de cueca box.
- Me sinto confortável assim - digo.
- Se sentirá desconfortável se eu colocar aquela roupa, não é?! - ela deu um sorriso maroto.
- Você não faria isso, faria? - faço uma cara sombria.
- Está me subestimando? - ela ergue uma sobrancelha.
- Uhm... Isso já é chantagem... - resmunguei e comecei a me levantar, mas ela me segurou - o que é isso, srta. Elizabeth?
- Você escolheu minha roupa, eu escolho a sua. - ela diz, e pegou uma roupa do meu guarda roupa:
- Ok - suspirei em derrota, e coloquei a roupa ali mesmo. - Pronto.
- Agora, vamos tomar café da manhã - ela deu um sorriso (ela está começando a fazer isso com mais frequência). - Você cozinha.
- Você me ajuda - falei a abraçando por trás. - Isso é uma ordem.
- Lá vem você de novo Thommy... - ela revira os olhos - Todo posudo.
- Vamos logo, subchefe - falei e a levei do quarto à cozinha, levando ela nos ombros.
- Ahhh Thomassss!!! Príncipe Sapooooo!!!!!!!!! - ela gritou - Não!!!!!!!
- Príncipe sapo? - repeti - Já falei para não me chamar de sapo.
- Mas falou para eu te chamar de príncipe - ela retruca - Mas também pode ser: sapo gostoso, sapo lindo, sapo a razão do meu viver...
- Chega - falei sério.
- Ok, ok - ela revirou os olhos.
+++
Depois de tomarmos café da manhã, eu entrei no carro, e Elizabeth também.
Fomos o caminho todo ao silêncio, ela perguntou:
- Tem quantos da sua alcatéia lá?
- Uns 15 alunos, a maioria tem sua idade - eu respondo.
- Tendi... - ela murmurou.
Ficamos mais um tempo em silencio.
- Chegamos - falei estacionando o carro.
- Percebi. - ela disse um pouco nervosa - Novo inferno, novos demônios.
- Calma - ri - A escola não é tão ruim assim.
- Pra você. - ela retrucou - Você com certeza, na sua época de escola, era o sr. Popular, o sr. Pegador, o sr. Paralisador, o sr. Gostoso, o sr. Galinha, o sr. Gato...
- Ei!!! - reclamei e ela parou de falar para enterrar sua cabeça em suas mãos. - Agora eu sou o sr. Sapo.
Ela me olhou e riu.
Eu não entendi exatamente por que falei aquilo, mas eu acho que foi para animá-la...
- Depois não reclame. - ela sorri e pude ver que ela vai me atormentar com a história do "sr. Sapo", mas então ela me encarou - mas, para mim você continua sendo o sr. Babaca.
Então ela tentou sair do carro, só tentou, por que eu segurei seu braço.
- Não antes, disso... - falei e a beijei com ferocidade.
Sinceramente, não gosto dessa ideia dela ficar longe de mim, mas como eu não posso entrar na mesma sala que ela, não tem jeito.
E outra, seria humilhante para os alunos que são da minha alcatéia, ter o alfa supremo como colega de classe.
Também seria humilhante para mim...
Mas... Eu não estou preocupado com nada, a não ser beijar minha pequena Liz.