2- Nossas historias

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A sua história mais parecia filme de aventura, quando era menor com seus seis anos, ela havia mudado de cidade veio para cá, nunca conheceu seus verdadeiros pais, sempre foi criada pela tia que por sinal a odiava, com 11 não suportando mais aquele ambiente de ódio, o ar carregado de falsidade quando apareciam pessoas do conselho tutelar e sua tia fingia que ela era a pessoa mais importante em sua vida (por sinal vida sem graça, uma mulher de 40 anos, sozinha, sem marido e sem filhos), sua tia detestava ela por um único motivo era a filha da sua irmã mais nova, a que sempre tinha tudo, segundo ela.

Como dizer... Bom, ela pensou em muitos planos pra se livrar da tia, mas pareciam insanos, então simplesmente ela fingiu tentar se matar.

Pois é, não demorou muito e ela foi pro psicanalista, ela não me contou o que disse a ele, mas veio parar aqui né.

– Uau... – De boca aberta, e reparo que ela esta rindo de mim – Você viveu um belo filme.

– Se você esta dizendo... Agora me conta a sua historia

Como eu poderia contar, nem mesmo eu me lembro da minha vida, é como se esses 15 anos (essa é minha única certeza tenho quinze anos) fossem nada mais de um borrão em branco, e claro a voz da mulher, doce, e gentil me colocando para dormir, não tenho nenhuma historia de Hollywood para contar a ela... E agora?

Acho que realmente o destino me ama, por que quando eu ia abrir minha boca e falar que nem eu sabia sobre minha vida, a "adorável diretora" mandou que nós dormíssemos. Então, simplesmente me deito em minha cama, tentando capitar tudo que aconteceu aquele dia e aquela noite, e finalmente quando consigo pegar no sono, uma tempestade enorme começa os telhados rangendo, as janelas em uma dança diabólica, aquele lugar já assustava, mas naquelas condições era mil vezes pior.

Quando o primeiro raio atravessou o céu, nosso quarto se iluminou, logo em seguida um trovão tão forte que senti o chão tremer, não pude controlar comecei a gritar de medo, me repreendendo mentalmente por ser tão infantil. Não pensei duas vezes fui direto para cama dela.

E ela acordou (como é que ela estava dormindo com uma tempestade dessas!) me olhou com aqueles olhos que com a luz da noite pareciam mais ainda sombrios.

– Você sabe que essa aqui é a minha cama né?!

– Claro que sei! Mais tenho medo de trovões... Será que posso dormir aqui com você?

Ela me olhando com a maior cara de sínica pergunta:

– Que trovões?

E como se aquilo fosse algum tipo de provocação que o Deus dos céus ouviu e gostou um grande raio aparece cortando os céus outra vez, e o trovão que veio logo em seguida foi ainda maior que o outro, me calei e simplesmente me encolhi nos lençóis.

Não sei por que motivo ela me abraçou forte, uma abraço tão quentinho e gostoso que ate parecia o verão. Ela balbuciou palavras em meu ouvido acho que um "calma, vou cuidar de você".

Poderia ter sido um daqueles momentos fofos, em que se começa uma bela amizade, mas me dei conta de algo muito importante... Eu não sabia o nome dela e ela não sabia o meu.

Pergunto a ela ainda com a voz chorosa.

– Qual é o seu nome afinal?

– Meu nome é Liz, Flor de Liz, mas só me chama de Liz, por favor, e você?

– Meu nome!? (pois é... Também não me lembro de meu nome, mas por alguma razão quando ouvi o nome dela, LIZ... ouvi aquela voz doce e gentil dizendo, o meu nome, acreditei na voz)

– Meu nome é Artemis.

Pensei que tudo melhoraria a partir dai, que logo a tempestade passaria e eu estaria dormindo como um anjo envolto de um abraço aconchegante. Mais não, como sempre eu estava errada, assim que me sinto segura, mas um relâmpago corta os céus, mas dessa vez sem trovão, o que a principio me incomoda mais depois penso ótimo já vai acabar.

Errado!

  De repente, um grande barulho invade o quarto, tortuosos e incessantes ruídos de terra caindo, vejo as paredes do quarto tremerem e eu pego os braços da Liz e os seguro mais forte ainda, posso sentir o medo dela também, sua respiração está muito mais pesada, mas ela não vai deixar eu saber disso, não afinal é ela que esta me protegendo.

Quando acho que nada poderia piorar, me engano. Para variar, sinto como se estivesse descendo um grande montanha russa, minha barriga congela, meus pensamentos somem de minha cabeça, só sei de uma coisa, estamos caindo, sentia meu corpo sendo vencido pela gravidade... Um terremoto, foi isso, já não bastava não conhecer meu passado agora eu morreria de uma forma tão irrelevante, tão inútil.

Só esperava o impacto ou então a morte por ter toneladas de pedra sobre mim, mas nada disso aconteceu, eu não entendo, será que nem senti minha morte?!... Não, ainda estava caindo, mais agora que abri os olhos, (passei o tempo todo de olhos fechados) eu vi, um lago, um grande lago, eu... Ah a Liz ainda estava me abraçando que me fez dar um leve sorriso.

Ótimo - pensei agora vou morrer como uma mancha de sangue, muito mais digno.

A Herdeira do inferno- a bruxa brancaWhere stories live. Discover now