A Herdeira do inferno- a bruxa branca

1- a realidade

'Um dia eu olhei para as estrelas, e nelas vi o que sempre sonhei, e com o passar do tempo, conheci quem me leva-se as estrelas'

   

Há oito meses, eu conheci uma pessoa, acho que posso definir como meu ponto de equilíbrio uma garota diferente, ela é como eu, quer dizer, ela é uma caçadora e eu sou uma bruxa, mas ainda temos coisas em comum...

                                                                          ***

                  Estava assustada e sozinha, meu primeiro dia lá, tudo iria mudar e eu sabia disso, ainda estava tentando me lembrar de como eu fui parar em um reformatório, mas não consigo... Só sabia que estavam em um reformatório, pois li a descrição do prédio, tentei ficar longe dos olhares por não me sentir bem com as outras, mas não conseguia. Aparentemente uma garota de cabelos cinzas esbranquiçados e olhos verdes não é algo comum.

Meu medo só passou quando meus olhos encontraram os dela.

Ela era diferente, parecia não sentir medo, não parava de me olhar, seus olhos davam a impressão de que estudavam minha alma. Tentei não olhar mais pra ela, mas não consegui, algo me atraia nela, um magnetismo estranhamente macabro e encantador... Acho que ela percebeu por que veio na minha direção.

Ela tinha cabelos cacheados negros, volumosos... Sua pele era morena, seus olhos pareciam espelhos negros mais eram castanhos bem escuros, e sua boca avermelhada e carnuda, meu primeiro pensamento foi, não é humana mas o porquê não sei...

Por que... Por que eu estou pensando isso?!

– Oi novata.

– Oi...

– Não precisa ter medo de mim– Quanto mais ela falava mais ela se aproximava.

– Não disse que tenho medo de você, delinquente.

– Você me chamou do que?!

– Você me ouviu – Não sentia medo dela, quanto mais eu falava mais queria ouvir a voz dela e eu sentia que ela estava gostando.

Mas meu encontro com ela foi interrompido, a diretora, coordenadora ou até mesmo demônio encarregado apareceu. Dizendo em auto e bom som.

"Ouçam bem suas delinquentizinhas, o inferno de vocês começa hoje... As mais velhas vão cuidar de uma novata".

Não sei se o destino me ama ou me odeia, mas agora vou ter que dormir no mesmo quarto daquela delinquente... Eu mereço meus deuses... Não que eu odeie uma pessoa de primeira, mas e se ela me matar enquanto eu dormir.

Tá talvez eu esteja exagerando, mas é que ainda não consigo saber ao certo se o que estou sentindo é bom ou ruim, vou falar com ela, afinal ela não pode me matar, né.

Demorei um pouco pra me arrumar, quer dizer caramba eu nem sei por que estou aqui, a última coisa que eu me lembro é de uma voz feminina dizendo que me ama, e essa voz era tão doce, que me perdi em pensamentos, mas me tiram até mesmo do meu único tesouro, meus sonhos...

Recusei-me a jantar, achei melhor ficar no quarto, arrumei tudo, comecei mal com ela, mas podia ser diferente né. Quando ela voltou estava tudo pronto, fiquei sentada na cama dela, esperando ela me elogiar ou falar qualquer coisa mais nada disso aconteceu.

Simplesmente me ignorou, mas não deixei quieto, quando ela saiu do banho, mas logico esperei ela vestir a roupa. A peguei pelo braço e a puxei, literalmente prendi ela contra a parede e perguntei se ela me odiava.

– De onde foi que você tirou essa ideia de que eu te odeio?! Menina eu mal te conheço

– Eu sei, mas... Hoje mais cedo, pensei que estava chateada comigo...

– Não vou conseguir sentir raiva de alguém como você... Digo, não conheço você então não posso odiá-la.

– Então me conheça agora...

Ficamos assim, sentadas no chão de frente uma pra outra, olhando nos olhos, conhecendo um pouco mais, a cada segundo. Ela gosta de comida italiana e eu francesa, ela tem um estilo rockeira e eu patricinha rebelde, mas... Uma coisa temos em comum, nós duas não conhecemos nossos pais.

Ela me contou sua historia e depois eu contei a minha.