– Obrigada. – sussurro para ela que solta um beijo no ar. – Vou para a sala, meninos. Quando terminar, me encontrem lá.

Gui rola os olhos como o garoto imaturo que é, incapaz de reagir bem a uma conversa séria. Antônia parece um tanto tímida, mas balança a cabeça, concordando.

Me jogo no sofá com tudo, sentindo a maciez do estofado ceder ao meu peso. Eu ainda tenho que ler o contrato e dar uma resposta rápida a Eduardo Nóbrega, além de resolver algumas pendências a respeito da viagem de Apollo.

Dona Marlene ainda fala em amor. Me conte onde pode haver espaço para amor em uma vida tão tumultuada como a minha.

Verifico as mensagens do meu smartphone, percebendo que recebi algumas de clientes, amigos que não vejo há algum tempo, outras de Apollo me perguntando se cheguei bem e mais algumas de Mandi, me questionando sobre a programação do dia.

Desligo o aparelho quando percebo que minha prioridade número um está chegando na sala, de mãos dadas com a prima, de queixo erguido como se estivesse pronto para me enfrentar. Quanta evolução! Vamos ver se ele é tão maduro assim para lidar com as consequências de suas escolhas.

– Quer dizer que vocês dois estão namorando.

Talvez minha pergunta tenha saído mais amarga do que eu gostaria. Eu preciso controlar esse meu jeito porque se for isso que eles querem de verdade, preciso dar apoio.

– Olha, Paula, eu não vou deixar você nem ninguém atrapalhar meu lance com Antônia. Eu gosto dela e ela de mim. Isso é tudo o que importa.

Sinto uma ponta de orgulho em vê-lo defender com tanta veemência aquilo que ele quer. Uma reação negativa é melhor do que nenhuma, não é mesmo? Eu consigo ver como uma evolução para quem sempre foi tão apático depois de perder nossos pais brutalmente.

– Ei, eu não estou contra vocês. – esboço um sorriso. – Eu também amo os dois demais e aprecio a determinação de vocês, mas as coisas não são assim tão fáceis. Já pensaram como tio Joaquim vai reagir a essa novidade?

– Eu quero que ele se exploda. – Gui diz, em tom agressivo.

– É assim que pretende enfrentá-lo, Guilherme? Vai mandá-lo se explodir e todos os problemas do mundo estão resolvidos? Lembrem-se que vocês são menores de idade e que ele é o pai de Antônia, independente do que você diga. Ele não vai deixar essa história tão barata.

– Não vai mesmo. – ela diz, se lamentando. – Ele vai fazer um inferno ainda maior quando vir que estou fazendo minhas próprias escolhas. Eu amo Guilherme, Linha, e sou capaz de fazer qualquer besteira se ele não me deixar viver esse amor.

Ah, o amor. Esse é o tal sentimento que fazem as catracas do mundo girarem.

– Vocês ainda são muito jovens e inexperientes para falar em amor. Os sentimentos podem ser confundidos quando se está na adolescência. O que precisamos pensar agora é numa estratégia para convencer seu pai a permitir esse namoro.

Guilherme me surpreende quando começa a rir. Eu não estou gostando do tom do seu riso, pois ele parece bastante irônico, sarcástico.

– E quem está falando sobre amor é a Miss Não Quero Me Apegar. O que eu vejo, Paulinha, é uma mulher que troca de namorado como quem troca de roupa por medo de se deixar levar por um sentimento tão bonito. Pelo menos estamos nos permitindo descobrir se é amor ou não. E você, que experiência tem para avaliar o que sentimos um pelo outro?

Estou pasma. Esse rapaz todo cheio de si em minha frente é realmente meu irmãozinho que mal abria a boca e se trancava para o universo?

Ele não compreende que meu mundo sempre girou em torno de crescer profissionalmente para lhe dar segurança, de ser como uma espécie de mãe no momento que ele precisasse, que sempre quis dar orgulho aos meus pais mesmo que já não esteja entre nós?

Eros: Quando a paixão entra em campo (lançamento disponível na Amazon)Where stories live. Discover now