— Você não tem nenhuma condição de atender o visconde Lascelles hoje. Garanto que ele é insuportável quando quer alguma coisa.

— E o que ele quer?

— Que os impostos dele sejam diminuídos. Principalmente porque Helena é minha esposa e é parente da mulher dele.

— Isso não interfere em assuntos da coroa. As pessoas deveriam começar a separar família com governo. Mas vejo que isso é uma tradição que não se quebra. — George apoiou os braços na mesa. — Eu ainda não conheço Helena. Quando poderei conhecê-la?

— Ela está no palácio faz dias. — Simon riu. — Podemos marcar um chá, e a conhecerá.

— Certamente. Minha mãe e Millie já a conhecem?

— Claro, não poderia deixar Helena sozinha em um palácio tão grandioso como esse. E sua mãe e irmã sempre foram adoráveis. Elas se dão muito bem.

— Pode assumir com o visconde Lascelles?

— Eu ia sugerir isso. Vá descansar.

— Quando será o baile mesmo?

— Cinco de maio.

— Está mais perto do que eu imaginava.

— O tempo está passando tão rápido, não é mesmo? Chega a ser assombroso.

— Eu acho ótimo. — George se levantou e apertou a mão do tio. — Parabéns mais uma vez.

— Obrigado. Agora descanse, e amanhã me apareça novo em folha.

— Isso irá acontecer com certeza.

George saiu do escritório com maior alívio de não ter mais uma reunião no dia. Andou pelos imensos corredores que ele conhecia perfeitamente. A vontade que ele tinha era de chegar logo ao seu quarto, deitar em sua cama e dormir. Porém, seus planos foram atrapalhados por Jade que surgiu no corredor com um livro na mão. Assim que ela o viu, o rosto corou em um vermelho escarlate.

— Boa tarde Jade. — George a cumprimentou com um sorriso cansado.

— Boa tarde George. — ela mordeu o lábio inferior. — Poderia me dar uns minutos do seu tempo?

— Posso. O que deseja?

— Eu gostaria de lhe pedir perdão por aquele dia. Eu fui totalmente estúpida, eu não deveria ter agido daquela maneira. Por favor, entenda. Eu me senti ameaçada por Charlotte, apenas isso. Qualquer mulher agiria daquela maneira, penso eu.

— Está perdoada, na verdade, não há motivos para perdão. — respondeu.

— Fico feliz por isso. — deu um sorriso. — Meus pais chegam amanhã, e vai ter o baile em honra deles. Eu gostaria de saber se posso ajudar sua mãe na decoração?

— Eu não sou responsável por essas coisas. — George deu um riso sem graça. — Fale sobre isso com minha mãe.

— Eu tenho certo receio em falar com sua mãe.

— Por quê?

— Parece que ela não gosta de mim.

— Ela gosta. Quem não gosta é Millie. — crispou os lábios.

— Obrigada pela sinceridade. — ela fez uma careta desgostosa.

— Fui apenas sincero em relação a minha irmã. — George riu.

— Está indo resolver algo importante?

— Estou. — riu mais uma vez. — Vou colocar meu sono em dia.

— Realmente, seu rosto está abatido.

— Ficar sem dormir resulta em uma face totalmente acabada. Mas vou resolver esse problema logo. E você, para onde está indo?

— Para o jardim.

— Conheceu sozinha. Eu não recomendo você ir para lá, provavelmente irá chover. As tempestades londrinas têm direito a raios e trovões.

— Então acho melhor ler em meu quarto.

— É o mais acertado a fazer. — George começou a andar. — Até mais, Jade.

— George, antes de você ir. — Jade se aproximou e o beijou.

George nunca esperou tal atitude de Jade e a empurrou levemente. Seu rosto tinha uma expressão de satisfação.

— Por que fez isso?

Não precisou Jade responder. Quando George se virou avistou Charlotte com sua irmã, Millie.

Sua irmã estava com a expressão fechada e braços cruzados. Charlotte estava com a expressão transtornada e um brilho de mágoa passou por seus belos olhos azuis.

Lady CharlotteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora