Mudar é preciso

301 9 0
                                    

Refiro-me às mudanças para colorir a vida. As pessoas costumam se apegar a um jeito de ser, de se vestir, de comer, de viver e até de... pensar! Que tal dar uma sacudida e levantar a poeira acumulada com os anos?

Pois se as jovens estão passando por transformações continuamente, as mais velhos acabam agarradas a atos triviais que viram quase mania. Elas se tornam reféns e não enxergam a mínima possibilidade de mudar. Aliás, nem se dão conta disso e muito menos de quão refrescante seria abraçar algum tipo de alteração.

Começo de fora para dentro. Rearranjo os móveis da sala. Há duas décadas eles permanecem nos mesmos lugares. Aprendo com os nômades e povos orientais que vão alterando o interior de suas moradas conforme a necessidade, o humor, a estação do ano.

Os tapetes que servem de sofá, local de refeições e até cama, são transferidos de lá para cá, acompanhando os desejos e demandas do morador. No Ocidente acontece o oposto. Tornamo-nos quase que escravos de uma determinada decoração feita para permanecer eternamente daquele jeito.

No máximo, acrescentamos um enfeite, um elemento que trouxemos de uma viagem ou ganhamos de presente. No restante, tudo continua inalterado. Até os lugares em que nos sentamos à mesa com a família são marcados e nunca mudam. Na sala tem a poltrona do papai, a cadeira da mamãe e assim por diante.

Quem sabe trocar a mesa de jantar para o espaço da frente libera uma salinha gostosa com pouco gasto de tempo e dinheiro? Pinto uma das paredes de outra cor, dispenso os bibelôs que fui juntando nem me lembro mais por que razão. Mantenho só os que me dão real prazer.

Alivio a parede coalhada de quadros, o ambiente fica mais leve. Pego aquele aquário velho do meu filho, guardado no fundo do armário e uso como vaso de flores. Dá um efeito interessante. Se tiver plantas, experimento usar algumas folhagens para encher as jarras. É fácil e não custa nada. Como diz o ditado, cultivo um pouco o meu jardim.

Em menos tempo do que imagino começo a pressentir os efeitos dessas alterações ínfimas dentro de mim. Aí fico tentada a cortar o cabelo, mudar o visual, tratar a pele, fazer as unhas. Sem grandes saltos, apenas um passo depois do outro. Renovo por fora e devagar vou operando transformações no meu íntimo.

Porque cada uma de nós está fortemente ligada ao seu entorno. O jeito da casa reflete o estado de espírito de quem a habita. E vice-versa. Daí a importância de estabelecer uma relação positiva com o âmbito doméstico, onde vivemos e passamos a maior parte das horas.

A mesma coisa acontece com a alimentação. Entro na cozinha de pessoas que se queixam de sobrepeso e fico horrorizada com a quantidade de produtos altamente calóricos à disposição dos adultos e das crianças. Pacotes e mais pacotes de salgadinhos, pães e doces, refrigerantes e dúzias de latas de cerveja atulhando a geladeira. Na hora do cafezinho, três colheres cheias de açúcar, leite tipo B, barras de chocolate, bombons à vista e mais, muito mais.

Por que não parar e refletir sobre esse tipo de consumo tão pouco saudável? É possível, hoje em dia, comprar pão preto, requeijão, manteiga e uma série infindável de produtos light. Mas antes disso, bastaria eliminar os tais salgadinhos, as frituras em excessos, os doces e os refrigerantes. Suco natural ou em garrafa dão grande prazer, frutas frescas são a maior delícia, adoçante e leite desnatado acabam tornando-se saborosos com o uso contínuo. Ou seja, basta substituir uns pelos outros, habituar-se a comer devagar, tomar muita água no decorrer do dia e passar longe das gôndolas de guloseimas no supermercado.

Em geral, o que noto, é que em família de "gordinhos", a cultura da comida calórica é cultivada. Ou seja, há uma explicação óbvia para estarem acima do peso. Nas casas das pessoas mais em forma, vê-se logo uma preocupação na busca de alimentos saudáveis.

O Sentido da VidaWhere stories live. Discover now