5

92 16 2
                                    


— Ninguém aqui! — Gritei, rindo um pouco, pois já esperava por esse resultado.

— Cale a boca! — Retrucou Liel.

— Eu avisei que não ia ter ninguém! Vamos descer. Ninguém vai estar nessa porcaria de prédio! Precisamos esquecer isso! Antes de procurar por mais gente para beber nossa água, temos de conseguir nossa própria! Não podemos nos dar ao luxo de sustentar mais gente!

Ele estava em um lado do andar e eu do outro. Yuma e Char verificavam o andar logo abaixo. Já havíamos examinado diversos andares. Não encontráramos ninguém. E, além disso, os outros estavam começando a sentir sede pelo cansaço e esforço físico necessário para subir e descer escadas, além de caminhar pelos pisos.

— Temos de encontrar sobreviventes! — Gritou Liel.

— Não podemos, estão todos mortos!

— Podemos, sim! Quanto mais pessoas encontrarmos, mais estaremos seguros! E seremos mais para achar água e alimentos, e poderemos sobreviver mais facilmente!

— Você acha mesmo que vamos encontrar algo para comer e beber quando não há nada? — Berrei com todo o poder da voz. Brigávamos desde os andares inferiores, mas estava ficando perigoso. — Nada para beber, nada para comer! Não sei como vocês ainda estão vivos!

— Você está apenas preocupado com sua clone estúpida! — Ele gritou. — Se ela morrer, você não vai mais ter com quem foder, não é?

— Do que você está falando?

— Você entendeu! Se não cuidar da sua mulher, o que será de você? Não sei como está se preocupando mais com ela do que com o bem de todos! Você é egoísta, mesquinho, idiota! Por que estamos juntos, afinal de contas?

— Porque todos morreram!

— Eu ficaria melhor se você morresse!

— Eu também!

Nos encontramos frente a frente em um longo corredor. Eu encontrara alguns cadáveres totalmente desidratados e com a pele esfarelando. Nada mais.

— E que tal se eu tentasse te matar? — Ele perguntou, uma careta de raiva no rosto.

Tente! — Gritei a plenos pulmões — Mate-me!

Ele puxou uma pequena adaga da aba de cima da calça e a empunhou ameaçadoramente. Abri os braços e sorri de forma irônica, como se duvidasse de sua coragem. Saltou para frente, a ponta da lâmina na minha direção.

O metal entrou totalmente em meu corpo, na altura do coração.

Ele tirou a adaga e respirou rapidamente, mas eu não sabia se estava satisfeito ou horrorizado. Ri, coloquei os dedos pelo rasgo na minha camiseta e abri-a completamente para que ele visse que o sangue não fluía mais.

— Eu te odeio. — Disse Liel.

— Quer continuar procurando? — Perguntei, semicerrando os olhos.

— Sim. Se não quiser, pode se atirar pela janela e continuar tentando se matar. Eu não me importo. O que eu quero é que pare com esse pessimismo — ele parecia cansado. — Simplesmente pare. Daqui a pouco, nem mesmo a Char será capaz de te aguentar.

Olhei para ele enquanto o homem virava para encarar as duas mulheres, que subiam as escadas.

— Vamos continuar procurando. — Disse.

— Quem sabe possamos alternar as duplas? — Sugeriu Yuma, sentindo a tensão no ar.

— Ótimo. — Eu disse.

Agora eu MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora