Capítulo 26 #Olivia

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Liv achou que tivesse escutado errado. Como assim prender o Jota?
- Desculpa falar assim, apesar de tudo ele é seu pai, mas Fausto descobriu de alguma forma que ele tinha dado fim num homem numa pousada e começamos a procurar provas para prendê-lo. Fausto tem conhecidos na polícia e armamos uma entrega de cocaína - ele interrompeu ao perceber a reação de Liv. - Desculpa, eu devia ter falado antes, quando procurávamos por pistas e estudávamos os movimentos dos empregados dele, descobrimos que ele também estava envolvido com tráfico e junto com a polícia conseguimos prendê-lo em flagrante. Eu vim no primeiro voo...
Olivia estava sem reação, sentiu um peso enorme sair de cima dela. Ele estava pagando pelo seu crime, ela acreditava que ele fez muito mais, mas infelizmente não tinha nada para comprovar.
- Ele está preso? - Foi só o que ela conseguia assimilar após Bruno ter jogado tudo aquilo encima de Liv.
- Por pelo menos vinte anos.
Vinte anos. Estava livre dele por longos vinte anos. Se sentiu um pouco culpada pela ponta de felicidade. Pensou em Patricia. Será que ela estava se virando sozinha?

- Patricia já sabia o que ele tinha feito. - ela quase achou que Bruno tinha lido a sua mente - Quando eu fui na casa dela antes de ir pro aeroporto ela aceitou a notícia e quando viu minha mala me pediu para dizer que estava bem.

Olivia concordou

- Ok, eu te escutei, agora eu preciso de...

Olivia parou de falar com o susto. Bruno a abraçou pela cintura, encostou seu rosto em sua barriga e o toque quente dele quase fez parecer que ela não estava usando blusa. Ficou um tempo com os braços levantados no ar sem saber se encostava ou não em Bruno, mas talvez fosse melhor que ficar ali feito uma maluca. Apoiou-se nos braços que a envolviam.

- Eu só preciso de cinco minutos de abraço.

Olivia tentou em vão não sorrir e agradeceu por ele não ser capaz de ver seu rosto.

- Estou contando no relógio.

Podia jurar que sentiu o rosto de Bruno sorrir em sua barriga, mas ela também poderia estar imaginando.

- Eu sei que eu te magoei Liv, mas eu não sabia o que fazer, estava com medo de me ferrar com seu pai, eu não sabia quem ele era e se ele resolvesse se vingar, se ele te usasse para algo que eu não pudesse impedir, eu só fiz isso pra te proteger e não porque ele estava me pagando. Mesmo porque não recebi nada. Bom, eu tive que receber para manter o disfarce que não sabíamos de nada, continuamos com ele, mas... Não é isso que eu quero dizer. Merda, estou igual a Júlia.

Olivia não se importava. Não disse nada, mas ela poderia ficar ouvindo ele por horas.

- O que eu quero dizer é que mesmo que você não acredite, eu te amo...

Ficou rígida.

Bruno sentiu na hora que ela ficou completamente paralisada nos seus braços, mas continuou como estava.
Ela tentou absorver aquelas palavras, mas ele continuou falando.

- Eu não queria dizer isso porque poderia te assustar e pelo visto eu estava certo, mas hoje eu te vi entrar num carro quando estava saindo do restaurante e me passou pela cabeça que você tinha seguido em frente, que estava com outro e eu não te culparia, seria totalmente minha responsabilidade. Mas o alívio ao ver que, eu vou deduzir ser, sua amiga Rafaella me fez perceber que eu poderia te perder só porque eu não tive coragem de te contar a verdade. E não digo a verdade sobre seu pai, mas também sobre o que eu sinto por você.

-Na verdade tem um amigo da Rafa que ia... - Ela parou de falar quando ele começou a apertar sua cintura.

- Ai, não consigo respirar.

Ele se soltou e a estudou para saber se não tinha machucado e para isso precisou solta-la.

- Não me diz essas coisas, por favor.

Ela deu um sorrisinho.

- Ok. Não ia dar em nada mesmo.
Ele sorriu.
- Acabou meu tempo né? - Mudou para uma cara triste que quase a fez rir.
- Sim, há muito tempo. - Ela ainda tentava não sorrir quando ele suspirou derrotado, mas completou - Posso dar mais trinta segundos de abraço se prometer ficar totalmente calado.

Ele riu, fingiu fechar um zíper na boca e a abraçou da mesma forma que antes. Dessa vez ela não se assustou e apenas retribuiu o abraço.

Trinta segundos depois, contados no relógio e ela se moveu para ele sair.

- Ok, ficou obedientemente quieto, agora... Bruno... Bruno...

Ela sacudiu ele um pouco o que fez ele segurá-la com mais força, ainda assim não acordou.

Ela riu. Que situação mais idiotamente perfeita é essa?

Pelo menos teria mais tempo para pensar naquilo tudo.
Meu Deus ele disse que a amava e ela queria dizer o mesmo para ele, só queria parar de sentir aquele incômodo com a mentira. Talvez o tempo curasse, mas a pergunta que não queria calar era se ela deveria ficar com ele nesse tempo ou não.

Sob Sua VigilânciaWhere stories live. Discover now