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Descalço e ajoelhado, Louis assoviava melodiosamente enquanto cortava as rosas prestes a murchar em seu jardim. Suas roupas sujas de barro ajudavam na aparência encantadoramente infantil do garoto.

-Está atrasado. - Uma mão enrugada tocou seus ombros carinhosamente, fazendo-o levantar seu rosto e encontrar seu avô com um sorriso gentil observando-o. Em suas mãos trazia um avental e vans de cor rosada para o pequeno.

-Obrigado, juro que isso não vai mais acontecer. -Sorriu ao receber a caricia do mais velho, desarrumando seu cabelo. A franja de Louis já estava grande o bastante para cobrir seus olhos de um azul extremo.

-Agora vá trabalhar. - Brincou apontando para a floricultura sendo respondido por um aceno do mais novo.

Com a ajuda de seu avô, o moreno amarrou o avental em sua cintura e calçou os vans, rumando para a loja ao lado de sua casa. Trazia as chaves em uma de suas mãos e com um sorriso abriu a porta, adentrando o local. Seus dedos viraram delicadamente a placa que dizia "Fechado", indicando agora estar aberto e não demorou muito para que o primeiro cliente aparecesse. As pessoas se encantavam com o jeito de Louis. Sua gentileza era admirável e a forma como falava sobre as flores era impressionante. O loiro contou para o pequeno o que procurava. Queria agradecer sua secretária por seu trabalho maravilhoso e com isso, quero dizer na forma mais suja possível. A ideia não agradava o moreno, mas um sorriso surgiu em seu rosto ao pensar nas flores perfeitas: Gardênias. Um laço amarelo decorava o buquê de flores brancas enquanto Louis terminava de enfeitá-lo, entregando um cartão rosa ao homem que descobriu chamar-se Nicholas. Agradecido, o loiro pagou e saiu pela porta. E foi assim o dia todo, até que sua ultima cliente, uma senhora de 76 anos chamada Amélia adentrou a loja com certa dificuldade ao caminhar.

A idosa ia toda semana até lá, comprava rosas negras e aproveitava para contar suas histórias ao garoto. Uma de suas prediletas era sobre como conhecera seu marido. Ele era um "garanhão",dizia ela. Sempre a paquerava e beijava sua mão ao cumprimentá-la. Um dia, seu marido teve de ir para a guerra e jurou que se voltasse, iriam casar-se oficialmente em uma igreja. "Eu esperei por anos, mas nunca obtive notícias. Foi então que parei de procurá-lo e passei a comprar rosas. Elas me lembravam de seus olhos escuros, e por isso as compro até hoje. Me sinto próxima dele. ", contava com um sorriso ferido em seu rosto.

Dessa vez ela não estava apta à conversas. Na verdade faltava fôlego a cada palavra pronunciada. Louis ajudou-a a sentar e apoiou suas mãos nas fartas coxas cobertas pelo tecido fino de sua saia.

-A senhora está bem? - Perguntou preocupado. Costumava vê-la animada, mas Ammy, como a chamava não estava assim.

-É apenas a idade. - Respondeu convicta, alisando os braços do garoto, cobertos por uma blusa rosa claro. A história que contou não fora tão longa como as outras e apesar das pausas a cada palavra, Louis escutou-a com atenção. Amélia brincava sobre sua primeira viagem de avião. Disse que foi difícil para ela aceitar que iria voar. - Eu lembro que me agarrei na cadeira e só saí de lá quando falaram que o avião havia pousado. -Contou rindo ao lembrar-se.

***

Do outro lado da rua Styles caminhava tranquilamente, apreciando o café recém comprado. O sobretudo preto pesava em seus ombros e seu estilo era completo com sua calça colada e botas de cano baixo. Assoviava melodiosamente músicas que gostava, a maioria com teor erótico. O toque de seu celular alcançou seus ouvidos e Harry bufou, atendendo ao ver quem o ligava.

-Oi amor! - Fingiu animação, revirando os olhos. Ele já estava cansado de todo seu drama, mas tinha dó de terminar com a mulher que conviveu desde a época da escola.

-Hazzy, onde você está? - Fungou. A carência da garota se tornava insuportável a cada dia. Nada melhorava seu humor, não importa o quanto Styles tentasse

Seus olhos rodearam o local, procurando por alguma placa ou endereço, mas tudo o que viu fora uma floricultura. Uma ideia passou por sua mente: Sua mulher sentiria-se feliz ao ganhar rosas, não? Afinal, que mulher não gosta de ser presenteada com belíssimas flores?

-É uma surpresa. -Sussurrou, sentindo seus dedos esfriarem cada vez mais com o vento gélido acertando sua pele sem proteção. -Tenho que desligar.

-Eu te amo. - Disse do outro lado da linha, esperando pela resposta do noivo.

-Também. - Sussurrou incerto.

***

O barulho do sino chegou aos ouvidos de Louis, que fitou seu mais novo cliente deixando de prestar atenção na senhora à sua frente. Já estava tarde e faltavam poucos minutos para que o moreno fechasse a loja, mas mesmo relutante o pequeno se levantou, encaminhando-se até o garoto.

-Precisa de ajuda? -Perguntou ao lado do moreno. Sua altura era algo que o incomodava, principalmente quando ficava ao lado de pessoas altas, o que era o caso.

-Sim, eu preciso de flores pra minha noiva. -Os olhos esmeralda de Harry observaram o menor.

-Pode descrever melhor? - Pediu.

-Bem, ela é loira e alta, um pouco magra. - Comentou inocentemente, fazendo com que risadas escapassem dos lábios de Louis e Amélia.

-Sobre o que procura - Explicou. - Sabe ao menos o que ela gosta? -Harry acenou em discordância, seu cenho se encontrava franzido pela confusão, deixando-o ainda mais bonito. -Você pode dar rosas, mas são muito comuns.

-Acha que ela gostaria de ganhar rosas? - O moreno perguntou, se virando.

-Eu gostaria. - Os olhos de Louis brilharam ao imaginar a cena.


No fim ele acabou por comprar um buquê de lírios. Achou-as bonitas e disse que combinaria com a cor dos lábios da noiva.

-Deseja mais alguma coisa? -O menor praticamente sussurrou, vendo que já estava atrasado para a aula e teria de faltar.

-Acho que não... Ahn... -Harry levantou uma de suas sobrancelhas, com um sorriso em rosto.

-Louis. - Completou o moreno, recebendo o dinheiro do buquê. - E você é?

-Alguém que você verá muito por aqui. - Com as flores em mãos, Styles saiu da floricultura, deixando-o com um olhar confuso.

Flowers - HIATUSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora