— Nela quem?

— Não se faça de desentendido. Na pianista, George.

— Não. — balançou a cabeça em negação.

— Seus olhos ganharam um brilho diferente ao vê-la. Não gosta mais de mim? — Jade o encarou. — Penso que não.

— Não deveríamos estar indo para o jardim? — mudou de assunto.

— Não mude de assunto, George! — cruzou os braços.

— Não estou mudando de assunto, Jade.

— Está sim.

— Por que eu estaria mudando de assunto?

— Porque é como se você estivesse apaixonado por ela.

— Ela é só alguém que eu gosto muito.

— Eu espero que esteja certo dos sentimentos por mim. Porque sinceramente, George, gosto muito de você.

Jade foi beijá-lo no rosto, acabou desviando o rosto, queria evitar o contato com ela naquele momento, não parecia certo de alguma forma. Quando George a olhou, tinha um brilho no olhar de mágoa.

— Pensei que desejasse isso.

— Acho que devemos manter a calma.

— Você está gostando dela! Eu sabia! Seu olhar para ela não é de amigo. — Jade alterou a voz. — Vou para o meu quarto, e, por favor, não me procure.

Jade saiu e bateu a porta com força, deixando George assustado com a atitude dela, e logo em seguida saiu da sala de música. Andou pelos vastos corredores do palácio até se bater com seu tio, Simon, duque de Kent.

— Meu sobrinho, como está? Poderia me acompanhar?

— Tio. — George sorriu para Simon. — Aconteceu alguma coisa?

— Seu pai nos deixou no controle enquanto viaja. — Simon revirou os olhos. — Não aguento mais isso. Ele deveria abdicar logo o trono para você.

— Não acha que seria muito cedo para isso? — George começou a andar ao lado do tio. — Meu pai ainda está novo e com saúde.

— E irresponsável. Não aguento mais sair da minha casa, onde vivo sossegado, para vir aguentar esse maldito Parlamento em dose dupla. Se seu pai não tivesse herdeiro, era compreensível eu ficar no lugar dele, mas a situação é diferente. Ele tem você e Millie.

— O que o senhor quer comigo?

— Você sabe que o rei e a rainha da Espanha chegarão daqui a poucos dias.

— Alejandro não virá?

— Não faço a mínima ideia, mas deve vir. Continuando, teremos que dar um baile em honra da visita. Já conversei com sua mãe agora a pouco sobre isso, e ela concordou, como eu sabia que faria.

— E onde eu entro nisso?

— Não sei se seu pai chegará a tempo, então você será o centro das atenções. E a sociedade não o conhece, sempre viveu afastado, o que nunca concordei. Não entendo até hoje essa educação tão severa, sendo que a nossa nem foi dessa forma. Nossa mãe ficaria furiosa. Saiba que sua avó era apaixonada por você.

George apenas deu um sorriso saudoso, amava as poucas lembranças com sua avó Elizabeth.

— Os convites?

— Sua mãe ficará responsável por isso. — Simon parou no corredor. — A primeira valsa é sua. Sabe com quem vai dançar?

— Talvez.

— Está muito misterioso. — o tio deu um sorriso fraco. — Vai ser um ótimo governante, eu sinto isso. Agora, vou descer e esperar minha bela mulher chegar.

— Não sabia que o senhor tinha casado.

— Casei com a irmã da viscondessa Lascelles, Helena Allen, quando estava na Espanha. Agora ela é Helena Windsor. — o tio estampou um belo sorriso no rosto.

— Vejo que o senhor está muito feliz.

— Quando se encontra o amor, meu jovem rapaz, tudo fica mais lindo. A necessidade de estar com junto à pessoa é simplesmente necessária. E não posso deixar de falar da saudade que esmaga o coração e ocupa a mente. Toda vez que vejo Helena com aquele sorriso bobo, aquele olhar doce me olhando, sinto-me o homem mais sortudo no mundo. Espero que você encontre alguém que o deixe feliz, assim como minha Helena me faz.

Simon desceu as escadarias, deixando George sozinho. Saiu do corredor e decidiu ir para a biblioteca ler alguma coisa para se distrair. Quando chegou a biblioteca, ficou surpreso ao ver Charlotte olhando os livros. Algumas vezes puxava alguns para ler algumas páginas e depois devolvia para a estante. George pigarreou, e Charlotte o encarou.

— Quer me matar do coração? — disse com a mão no peito.

— Jamais pensaria fazer algo assim com a senhorita.

— Não sei do que é capaz, Alteza. — Charlotte deu um sorriso travesso.

— Nenhum ser humano sabe do que é capaz até estar em uma devida situação.

— Não discordo, até concordo, Alteza.

— Logicamente que concorda, estou certo.

— Não seja convencido, Alteza. — Charlotte tirou as luvas. — Sempre erra.

— Não diga tal asneira, senhorita. — aproximou-se dela.

George se aproximou de Charlotte, sentiu seu perfume doce. Colocou a mão sobre a face dela, que estava ficando bastante ruborizada, e desceu o dedo por sua bochecha. Uma mecha do seu cabelo loiro soltou do penteado e ele colocou atrás da orelha dela.

Por Deus, estava desejando aquela mulher.

— Sabe de uma coisa? — George perguntou.

— Não. — arqueou a sobrancelha. — O quê?

— Estou prestes a fazer uma coisa inconsequente.

— Como o que? — gaguejou.

— Beijá-la.

Inicialmente não sentiu Charlotte retribuindo o beijo, o que fez pensar que havia feito uma coisa muito errada. Mas logo em seguida ela agarrou os cabelos dele e retribuiu ao beijo.

— Não quero me arrepender do que não fiz. — soltou-se dele. — Mesmo sabendo que vou me arrepender, pois isso é muito errado.

— Não fale mais nada.

E ele voltou a beijá-la com mais desejo ainda.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now