O encontro

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Olá meus amores!
Domingo é dia de capítulo!
Só queria avisar que a história se passa no ano de 2015,
mas em vários momentos (como esse capítulo), teremos flashes do passado. Sempre farei a marcação temporal em negrito,para que ninguém se perca, ok?
Espero que gostem
Que deixem suas estrelinhas ( vocês não imaginam como o voto é importante, então votem, votem muito !!! Haha).
Deixem seus comentários, estou aberta a críticas, elogios, sugestões, tudo haha.
E se gostarem, indiquem a história.
Ah, temos a foto da Rebeca na mídia, na sua fase adolescente.
Então... vamos ao capítulo. 

                         ×××

"Aquilo que provamos quando
estamos apaixonados talvez seja nosso estado normal.
O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre."
Anton Tchekhov

Abril de 2005

Rebeca

Tinha acabado de sair da escola. Era sexta-feira e tinham acabado as aulas do turno da manhã. Por estar no terceiro ano, vivia uma maratona louca na preparação para o vestibular. Precisava passar de primeira e para uma faculdade pública. Nunca conseguiria bancar uma faculdade particular. Já era difícil para minha avó bancar essa escola particular, mas a minha bolsa ajudava muito.

Para fazer hora, resolvi ir com a minha amiga Luana à loja de doces que havia perto da escola. A loja era da família Martins.

Eles não eram ricos, mas estavam perto disso. Eu gostava da senhora Lúcia Santos Martins, ela tratava muito bem a minha avó e sempre me cumprimentava com um sorriso aberto e verdadeiro. Chato era o marido dela, o Pedro Martins. Se achava demais, e o filho, Lucas, não ficava para trás. Lucas estudava em outra cidade, então era raro estar aqui, o que para mim é um alívio. Seria difícil aguentar Pedro e seu clone.

Entramos na loja em um papo animado. Luana com sua cestinha, fazendo uma verdadeira farra e misturando vários doces, e eu com minha caixa de Bis na mão e uma lata de Coca-Cola. Apesar de eu ser um ano mais velha que a Lu, ela, com 16, parecia ser a mais velha. Até porque ela é bem alta e um tanto espalhafatosa, e eu sou do tipo mirradinha. E o meu quase nulo interesse por moda me deixava mais apagada. Sei que tenho a minha beleza, apenas não tenho paciência para fazer uso dela diariamente. Até hoje não entendo como duas pessoas tão diferentes podiam se dar tão bem.Terminamos de pagar. Ou melhor, Luana fez questão de pagar. Abri minha latinha. Estávamos saindo da loja quando eu trombei em uma prateleira , derramando meu refrigerante na minha blusa branca do uniforme da escola.

Quando olhei para ver quem era, bufei ainda mais alto. Era o metidinho do Lucas. Ele estava coberto de sacos de biscoito e balas que eu havia derramado:

— Você deve estar precisando de óculos, não consegue enxergar as coisas direito! Precisa prestar atenção por onde anda!

— E você precisa aprender a entrar nos lugares. Parecia um cavalo sem rumo! Se andasse como gente, não teria me assustado com o barulho das suas patas e nada disso teria acontecido!

— Você é muito abusada! Acho que esse chocolate aí é pouco para melhorar esse péssimo humor. TPM, gatinha?

Respiro fundo. Isso não pode ser real. Esse idiota está pedindo. Eu tento ser uma pessoa melhor, mas as pessoas não deixam. Então, sem pensar duas vezes, pego o resto do meu refrigerante e jogo em cima do Lucas. Saio correndo e puxo a Luana, enquanto ele fica, na porta da loja, me olhando sem acreditar. Chegamos em frente à escola e Luana começa a falar:

— Garota, você é louca! Tacar o refrigerante no dono da loja e sair correndo como louca? Isso vai dar problema. Você conhece a fama do Lucas.

— Eu não tô nem aí pra esse mimadinho. Ele só teve o que pediu. Agora me ajuda a ajeitar essa blusa...  Droga, não sai... Vou ter que ficar só com a blusa de baixo.

— Pelo menos esse Lucas fez algo bom. Só assim para você mostrar um pouco desse corpo. Um calor desses e você com duas blusas, você é louca! Se pudesse, eu estava era nua assistindo aula.

— Você não tem jeito, Lu. Só fala besteira. Vamos, ou chegaremos atrasadas estando na porta da escola.

Entramos e vamos para a segunda etapa do dia. Participamos de um projeto preparatório na escola. Estudamos de 13 às 17 horas durante a semana, e em horário semi-integral aos finais de semana. É extremamente sacrificante, mas é necessário. Essa é a minha única chance se quiser fazer a minha tão sonhada faculdade de Jornalismo. Um curso concorrido nas Universidades públicas.

Enfim as aulas acabam. Eu recolho minhas coisas, jogo na mochila e saio me arrastando. A última aula foi de Química, o que me deixa exausta, pois sou péssima em Química. Estou distraída, papeando com Luana, quando chego à saída e vejo Lucas do outro lado da calçada.
“Droga!”, penso. Ele veio se vingar. Pior que nem tenho como desviar, é o único caminho. Me despeço da Luana, levanto a cabeça e me preparo para passar por ele. Estou quase conseguindo, mas ele para bem na minha frente.

— Rebeca, quero falar com você.

— Como você sabe meu nome? E eu não tenho nada para falar com você, Lucas.

— Todo mundo se conhece aqui. Quero pedir desculpas pelo meu comportamento. Vim em paz. Até trouxe isso para você.

Ele levanta uma sacola com Coca-Cola, Bis e Doritos. Tem algo errado. Lucas Santos Martins pedindo desculpas e sendo legal?

— Entrou Coca no seu cérebro?
Ele começa a rir. E eu reparo que a risada dele é gostosa de ouvir. Não me seguro e começo a rir junto. Então ele simplesmente puxa a minha mochila e sai andando. Quando vê que não o sigo, para e diz:

— Ei, vai ficar aí parada? Vamos, vou te levar para sua casa.

— Sei ir sozinha. Não preciso de você.

— Não estou pedindo permissão. Vou te acompanhar e pronto, goste você ou não.

Cruzo os braços e bato os pés, em um claro sinal de impaciência. Por fim, me dou por vencida e sigo Lucas de má vontade. Passo por ele, puxo o saco de besteiras da sua mão e tento andar na frente. Rapidamente, ele me alcança, me joga um sorriso imbecil e diz:

— Eu sempre consigo o que quero, pequena. Não vai ser diferente com você.

Lanço um olhar mortal para ele. Lucas é um cara de 20 anos, mimado, que acha que o mundo gira em torno dele. Mas comigo não vai ser assim. Fecho ainda mais a cara e respondo bem calmamente:

— E quem disse que você conseguiu alguma coisa? Meu jogo, minhas regras.

Ele apenas sorri. Seguimos calados até minha casa. Ele me deixa no portão, devolve minha mochila. Aproveita meu momento de distração e me dá um beijo na bochecha, murmura um “tchau, pequena” e sai correndo.

Fico irritada, mas passa. Lucas era um chato, mas não dava para ficar com raiva dele.

Eu não sabia, mas esse encontro faria minha vida mudar para sempre...

Janeiro de 2015

E mais uma vez estou eu, divagando perdida entre minhas lembranças.

Às vezes me pergunto se eu tivesse feito o que queria e ignorado o Lucas completamente nesse dia, se mudaria algo.

Sorrio com a minha suposição fazendo um sinal de negação com a cabeça. Tão absurda essa minha suposição!

Claro que a resposta é não. Não há como controlar o inevitável. O amor não conhece limites ou pressupostos para existir. Ele acontece e ponto. E quando acontece, é impossível saber no que vai dar.

O lado avesso do amor (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora