O Primórdio da Conclusão

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O silêncio torna-se cada vez mais profundo, acompanhado dos movimentos desorbitados das doze luas que circundavam o Planeta de Eminad. A noite sombria trazia consigo aqueles que ansiavam pela chegada da Hora Prometida, em que corpos sem vida cairiam no esquecimento.

Não se trata de Marte ou da Terra, nem mesmo se encontra no Sistema Solar, de fato, para ser sincero se não fossem os livros que fui obrigado a ler na infância sequer saberia do que se trata, mas suas histórias ficaram severamente entalhados em minha mente, como sangue nas asas celestiais de um anjo, livro este que foi usado de lição para que não cometêssemos o mesmo erro de destruir por egoísmo e vaidade o lar que deveríamos proteger.

O sono falha em me alcançar e é ainda mais difícil quando uma Vampira se recusa a desgrudar de sua veia, devo admitir que uma flecha no traseiro seria bem menos doloroso.

Discretamente enquanto ela se delícia com meu líquido vital do braço esquerdo ergo a outra mão em direção a parede a cima da cama e seguro Clèion, a espada esculpida para ser do tamanho de meu corpo. Grito irritado:

— Basta! — Golpeio-a com o cabo.

Mirias rola para fora do colchão salpicando sangue por todo lençol terminando em um estrondo, logo se levanta atordoada exibindo seu cabelo vermelho e a falta proposital de roupas, era quase possível ver o reflexo de uma das luas se distorcer como em um espelho por seus quadris. Mantendo a postura imponente disse-me:

— Tsc! — Torce os lábios. — Pensei que estivesse dormindo.

— Como posso dormir com suas presas coladas em mim? Idiota sanguessuga!

Bagunço freneticamente meus cabelos castanhos em busca de uma maneira de me acalmar. Nesse instante os outros dois membros de minha equipe cruzam a porta do quarto, Flacom, o maior exemplo de sanidade que conheço e Rheias, nossa arqueira de elite, que encarou Mirias como se estivesse lançando um desafio e ordenou:

— Vista-se.

— Já estou vestida. — Replica indiferente.

— Com um manto invisível?

— Melhor que essa combinação de loiro e verde! — Exclama referindo-se ao cabelo e a cor da roupa.

Flacom deu um passo à frente com sua armadura prateada e olhos de mesma tonalidade nos advertindo:

— Por mais que adore ver esses estranhos hormônios de suas respectivas raças em ação, temos que ir, agora.

— De jeito nenhum, vocês prometeram que iriam deixar que me alimentasse dessa vez. — Refutou Mirias.

— Não basta ter me sugado dois litros? — Gritei indignado.

— Um ser humano não vai morrer por causa de meros dois litros.

Rheias balançou seus cachos dourados de um lado a outro, mirou fixamente dentro dos olhos de Mirias, que ficou estática, e proferiu lentamente as palavras:

— Você e essa sua estúpida roupa de striper mal paga vão sair daqui, imediatamente e em silêncio.

— Sim... — Assentiu dirigindo-se para fora.

São raros os momentos em que Flacom dirige a palavra a Rheias, todo o tempo desconfiei que tivesse algo a ver com o fato de como julgam suas respectivas raças, quem sabe, com o tempo acabou se acostumando, pois desta vez suas falas não tinham travas:

— Achei que tivesse renunciado a magia.

— Não quando é pra irritar ela.

Brandi a espada e a guardei junto ao cinto usando Neskstia, uma subclasse de magia de disfarce, para assim fazê-la diminuir de tamanho, transformando-a em um sabre.

Lapidado Pelo FogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora