Flame Jenny: barracos de uma super-heroína na internet.

VLOG #1: Super-heróis têm tudo a ver com sexo.

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Nem pelo cacete vou usar o uniforme dourado! Com a quimioterapia vou ficar parecendo um Oscar. Peraí, me dá aquela peruca. Não, não, a Black Power. Um minutinho, deixa eu ajeitar.

 Ué? já ligou a câmera? Ok, vamos logo gravar essa merda.

Olá, gente-que-não-voa, sou a Flame Jenny e esse é meu canal no Youtube.

Pensei muito antes de iniciar esse vlog, mas como estou com um monte de pólipos na bunda, decidi falar os podres da comunidade heróica. Aqui vou mandar a real, incluindo a verdade sobre o exílio de Mighty Man. É desnecessário dizer que fomos casados, né? Geral sabe desse babado. Salvamos o mundo tantas vezes, que a geração Facebook não teria nascido sem nossa ajuda, portanto, dá like no vídeo, bando de puto.

Bom, como falar sobre o assunto sem cair em "Com grandes poderes vem grandes irresponsabilidades"? Vocês se lembram do terremoto na Ilha Primata? Não foi causado por vulcão; foi meu marido pulando a cerca com a Amazona da Liberdade. Eles fizeram um bate virilha tão violento que afetaram o eixo gravitacional da Terra.

Mighty Man, o primeiro de nós, sempre teve suas fraquezas. Ele aguentava uma porrada do Golias, mas não resistia a uma popozuda. Bunda grande era sua Kriptonita...

O quê? Não meu amor, não precisa editar essa parte. Já cheguei aos 86 anos. Qualquer processo só vai chegar quando eu estiver no túmulo. Oi? Sim, nós envelhecemos devagar. Juventude de super-herói é igual horóscopo: a ciência sabe que tem caroço no angu, mas não consegue explicar.

Aliás, foi bom tocar no assunto de idade porque quero deixar isso registrado em vídeo: quando morrer, não quero que o Dr. Arcano me ressuscite. Sempre achei esse lance de magia meio sinistro. Acredita que ele conversava com o próprio sovaco? Dizia que ali ficava o décimo chacra ou qualquer merda dessas. Volte e meia vinha com aquela metafísica de feira hippie, falando de plano astral, inferno...

Pra muita gente, isso é coisa de escola dominical, mas pra nós, Centuriões da Justiça, essas dimensões existiam. Quando Mefistófeles invadiu nossa realidade a primeira vez, dissemos que era um alienígena; queríamos evitar o pânico, acalmar o povo, sabe? Imagine se os cristãos soubessem que aquele era o capeta em carne e osso?

Posso ser escrota, mas respeito as crenças. Jamais revelaria que alguns de nós eram deuses de verdade... Antes, eles abriam oceanos e falavam através de jumentas, agora estavam na TV. Qualquer cidadão podia ver Mercúrio correndo na Rua Byrne, enquanto Hades, só de zoeira, invadia funerais para assustar os familiares do defunto.

Divaguei... coisa de velha, vocês entendem, né? Aí, pode me arranjar um cigarro? Ah, não seja coxinha, deixa a câmera ligada e me dá logo. Filtro branco? Isso é cigarro de manicure! Essa geração saúde é mais careta do que a minha, puta que pariu!

Onde eu tava? Ah, sim. Pera, deixa eu acender aqui. Não, não, guarda o isqueiro, vou usar o dedo. 

Então, tenho muita merda para jogar no ventilador, merda da grossa, merda que vai derrubar sua ilusão a respeito de vigilantes mascarados. Esse meu canal de memórias vai ganhar milhões de inscritos. Beijo no ombro para as inimigas!

Em primeiro lugar, é preciso dizer que super-heróis têm a ver com sexo.

Porque acha que andávamos em trajes mínimos? Isso tinha um único motivo: comer gente. Os homens usavam cueca por cima da calça para agitar os hormônios das meninas. Com as mulheres não era diferente: a gente salvava o mundo, virava celebridade e trepava. No meu caso, foi tudo por vocação, mas não vou negar que gostava de causar inveja nas concorrentes. Ninguém fazia ideia da disputa de ego entre nós, heroínas – tudo um bando de fura olho, querendo roubar o estilista da colega.