Capítulo XVI

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Tentei parar de pensar várias e várias vezes, mas não adiantou é claro. Pensamentos aleatórios surgiam na minha cabeça a cada estante, a minha cabeça estava um completo caos. Passei a mão no cabelo e fechei os olhos.

Quanto mais eu tentava parar de pensar, mas eu pensava. Respirei fundo e uma ligeira impressão que alguém estava me observando me incomodou, olhei para todos os lados. Mas não encontrei ninguém.

Batidas ecoaram na porta.

- Mallory - a diretora disse enquanto abria a porta.

Suspirei e lhe dirigi um sorriso amarelo. Levantei-me e olhei para ela, um vestido um pouco elegante para um simples orfanato a deixava com uma aparência mais nova. Estranho.

- Oi - foi a única coisa que eu consegui pronunciar.

- Querida - a voz dela saiu bem falsa - Bom, hoje eu irei a um evento... - as palavras ficaram pairadas no ar, ela parecia estar decidindo entre falar ou não, até que por fim após um longo suspiro ela retomou sua fala - Bom, é... Ah, será que a senhorita poderia observar o que acontecer no orfanato e anotar?

Eu? Observar? Anotar?

- Claro diretora - falei e olhei para as minhas mãos que estavam... trêmulas?

- Obrigada, tchau querida - ela disse e saiu.

Fechei a porta e a encarei por bastante tempo. Por um breve momento, eu não havia pensado em nada, mas agora eu estou de novo perdida em meus pensamentos. Eu queria tanto poder sair desse meu universo paralelo.

●●●

Sentei em uma das inúmeras mesas do refeitório do orfanato, eu não havia pego nada. Não estava com fome, para a minha surpresa. Observei todos ao meu redor, pareciam felizes. Voltei o meu olhar para uma pessoa que havia sentado-se na minha frente; Richard.

Nossos olhares se cruzaram por um longo tempo, senti um calafrio percorrer a minha espinha. Os seus olhos estavam cravados em mim. Eu me sentia exposta, engoli em seco e olhei para o lado.

- Oi gente! - escutei a voz da Krystal ecoar sobre a minha cabeça.

Olhei para cima e a encontrei sorridente como sempre, ao lado dela estava o Peter. Senti uma sensação estranha, mas a ignorei. Suspirei e um pequeno sorriso surgiu dos meus lábios. Mesmo que eu estivesse todos esses dias ignorando-os eu sentia a falta deles.

- Oi - falei quando a Krystal sentou ao meu lado.

- Precisamos conversar sobre muita coisa - ela disse em um tom sério - Bom, mas primeiro eu irei comer. A propósito você não vai comer?

- Não estou com fome - falei.

- Garotos - a Krystal disse chamando a atenção dos dois - Aconteceu um milagre. Milagre mesmo - ela disse segurando o riso.

- Krystal - falei e olhei para os meus pés.

- Mallory Hunter não está com fome. Me explica isso melhor Mallory - ela disse rindo.

- Eu só não estou com fome - falei e senti uma sensação estranha se alastrar pelo o meu corpo.

Em poucos segundos tudo estava um completo borrão, levei as minhas mãos nas minhas têmporas e fiz movimentos circulares com a ponta dos dedos. Senti a minha respiração ficar acelerada, eu conseguia sentir o meu coração pulsar pelo o pescoço.

- Eu... N-não estou... Bem - falei com bastante dificuldade.

Tudo começou a girar, uma dor latejante se alastrava pelo o meu corpo. Senti uma dor agonizante na minha clavícula. Senti alguém me tocar e logo em seguida fui tomada pela a escuridão. Uma voz ecoava na minha cabeça, parecia mais como um canto, mas quando a voz ficou mais alta eu percebi que a voz recitava algum soneto:

Um brilho reluzente
Surge da lua crescente
O sangue derramado
Tilinta sobre o cálice

Em sua mente
Uma briga constante
Ao lunar
Eles entoam o canto

Um brilho perdido
No escuro
Onde nada se vê

Todos esperam
Todos cantam
Sobre o Despertar

Desperta-me | Livro 1 - Completo Where stories live. Discover now