Começo por destruir toda a casa. Não há nada aqui que eu não possa desejar no futuro.

Para fazer a casa desmoronar, apenas fecho a minha mão num punho cerrado. A poeira com cheiro a mofo quase me fez sentir mal, mas rapidamente a afastei da minha frente. Agora, para me livrar dos destroços, agitei levemente a minha mão para a frente, isto fez com que os destroços que ocupavam a casa desaparecessem por completo.

Já tenho o meu projeto em mente para a minha casa americana. Para começar, faço uma pequena garagem. Depois, colada a ela, está o resto da casa. Não está muito grande, porém também não está pequena. Na sua frente, estou a fazer crescer uma linda e formosa relva verde, acompanhada de coloridos canteiros de flores junto da fachada da casa. Decido que o interior seja exatamente como a minha casa em Veramer, só porque não estou com paciência de fazer nada com um aspeto novo.

Entro pela porta de casa como se estivesse a entrar pela primeira vez, e surpreendo-me pela maneira como os meus objetos pessoas estão espalhados pelo chão. Esperava que eles tivessem desaparecido com o resto da casa, mas enfim.

Melhor assim.

— Quero alguém que esteja à procura de uma casa. Apenas um simples e comum nova-iorquino que esteja à procura de uma residência — desejo.

Com o passar do tempo, descobri que posso desejar coisas sem abanar os ombros, bastava desejar não abanar os ombros quando pedisse alguma coisa.

— Agora nós — digo para mim mesma, a dirigir-me para o espelho que há ao pé da porta de entrada — Desejo parecer uma idosa, baixa, com cabelos brancos, e com farda de empregada.

De repente, do meu vestido branco de tecido importado, surge uma bata azul-clara, que me chega perto dos joelhos. O meu cabelo loiro cresceu e tornou-se liso, porém desta vez de cor cinzenta.
Involuntariamente, a minha mão estende-se, e um espanador surgiu na minha mão.

— Okay — digo eu, ajeitando o meu vestido, e preparando-me para a realidade de que estou prestes a tornar-me empregada de alguém.

Como agora a minha tarefa é cuidar desta casa, decido parecer preocupada. Vou desejar umas ferramentas de jardinagem, para que possa dar um arranjo ao jardim lá de fora para que esteja do meu agrado.

Depois de ter na minha mão aquilo que preciso, abro a porta da frente para ir ao jardim. Ao sair de casa, reparo que está espetada na relva uma placa a dizer "Vende-se". E, de repente, um carro para na frente da minha casa.

— Boa tarde — diz um homem, a falar comigo através da janela do carro — Esta casa está à venda?

Ajeito a bainha da minha bata.

— Boa tarde. Está, sim.

— A senhora é a vendedora? — pergunta o homem, a sair do carro.

— Oh, não — sorrio — Quem está a tentar vender a casa é a minha patroa, mas ela foi para o Canadá — minto.

— Ah, muito bem — coloca as mãos nos bolsos — É que eu gosto muito do aspeto dela...

— Bem, podemos ir lá dentro para dar uma olhada, se quiser.

— Adorava — sorri ele.

Entramos na sala e ele começa a olhar em volta.

— Então, de quando é a casa? — pergunta ele.

— Quando comecei a trabalhar aqui, a casa era recente, por isso deve ter à volta de quatro anos.

— Muito bem. Há alguma maneira de falar com a sua patroa? Por exemplo, encontrar-me com ela?

— Acho que ela poderia encontrar-se consigo, mas para isso teria que vir do Canadá.

Quarta-feira, 17 de maio de 1944

— Muito obrigada pela sua compra, senhor Smith — aperto a mão ao homem.

Como não existia nenhuma "patroa", tive que me disfarçar de uma mulher que não era eu, para que o homem pudesse pensar que uma empregada não estaria a tentar vender a própria casa. Claro que se eu fosse como os habitantes do meu planeta, podia simplesmente obrigar o homem a aceitar a casa e a dar-me dinheiro instantaneamente, mas não sigo esta gente.

— Elizabeth, pode levar as malas do Sr. Smith para dentro, por favor? — pergunto, para a figura que fiz de mim.

— Sim, senhora — diz a figura.

— Bom, mais uma vez um grande obrigado por ter feito negócio comigo, Sr. Smith.

— O prazer foi todo meu.

— Bem, agora devo seguir caminho até à minha casa no Canadá. Seja muito feliz, na casa onde eu nunca fui — digo eu, a tentar dar ênfase à minha personagem.

— Ah, obrigado...

Ao sair pela porta de entrada, estalo os dedos, e passo novamente a ver as coisas pelo corpo da velha empregada Elizabeth Dunn.

Arrumo as malas do homem no novo quarto dele. De alguma maneira, a "eu" vendedora conseguiu convencer o homem a deixar que a "eu" empregada ficasse a servi-lo. Sobre ordenado, claro.

Como já terminei de lhe desfazer a mala, vou até à sala perguntar o novo morador quer alguma coisa.

Até que gosto deste trabalho

— Desculpe, ah... — deparo-me com um cenário estranho ao passar pela porta da sala.

O homem está deitado no sofá, sem camisa, a fumar, e a cantar uma música peculiar.

— Posso hum... posso perguntar se precisa de alguma coisa?

— Sim — responde ele — Há cervejas?

— Não há, mas posso ir comprar, se desejar.

— Seria um máximo, obrigado.

Penso se deva usar a minha nave ou não. Talvez não. Não me parece que uma simples e modéstia empregada pudesse ser vista com uma nave espacial. Acho que vou transformá-la em alguma coisa mais. Talvez uma cama. Sim, vou transformá-la na cama onde vou dormir, assim tenho a certeza de que estará segura. Vou fazer isso assim que chegar a casa depois de comprar as cervejas para o homem.

Caros leitores,
Espero que estejam ta gostar da história.
Percebo que a este ponto, a história pode-vos parecer um bocadinho confusa.
Por isso sintam-se livres para comentar ou mesmo mandar-me mensagem privada para esclarecer dúvidas que tenham. 😊

Continuação de uma ótima leitura. 😘

A Empregada Extraterrestre Where stories live. Discover now