Em breve o outono, inverno, as chuvas e os raios chegariam. Ela tinha medo de raios e trovões desde pequena. Seu pai e suas irmãs sempre ajudaram ela dormir nesses momentos, o que ela sempre agradeceu, pois eles não a criticavam por aquilo.
Avistou um cavalheiro no cavalo atravessando o portão da sua casa, e com certeza deveria ser o príncipe. Saiu da janela e caminhou até a porta principal, pois fazia questão de abrir a porta antes do mordomo.
Encostou seu ouvido na porta, ouvindo os passos vindos da escada, e assim que percebeu o quão ele estava próximo, abriu a porta antes dele bater.
— Meu Deus, estava me esperando na porta? — ele tinha uma expressão assustada no rosto.
— Sim, Vossa Alteza. — Charlotte fez um gesto com a mão para ele entrar. — A casa é sua, Alteza. — fez uma reverência exagerada e debochada.
— Como... — ficou sem palavras por alguns segundos. — Meu pai. — George deduziu.
— Entre.
— Charlotte, perdoe-me. — entrou na casa com certo receio. — Eu jamais quis mentir para você. Mas é conhecimento de todos que...
— Eu sei. — Charlotte riu debochadamente.
— Então por que diabos está agindo desta forma? — revirou os olhos.
— Eu simplesmente não sei! — respondeu frustrada.
— Ouça-me. — ele a pegou pelo braço e fitou seus olhos azuis que estavam com as pupilas dilatadas.
— Solte-me. — desvencilhou-se das mãos dele. — Eu vou lhe ouvir. Acompanhe-me.
— Senhorita Harrison, algum problema? — o mordomo se aproximou olhando para George com desconfiança.
— Não, está tudo bem. — virou-se para ele.
— Deseja que eu leve algo para o convidado?
— Sanduíches de pepino e chá para o jardim de inverno, por favor.
— Sim, senhorita.
O mordomo saiu, e Charlotte começou a andar e nem olhou para trás para ver se George acompanhava seus passos. Mas de qualquer forma, ela sentia sua presença perto dela, era algo impossível de não sentir.
Abriu a porta que dava para o jardim de inverno que sua mãe mandou construir. Sentou-se em um banco de madeira, e indicou com a mão para George sentar ao seu lado. Ele se sentou com certo receio, coisa que ela percebeu e deu um risinho, mesmo sem querer.
— Sempre fui escondido de tudo e todos, meu pai fez questão de fazer isso. Raras pessoas sabem quem eu sou. Sempre fui instruído para não revelar quem realmente sou. — George respirou fundo e a olhou. — As coisas estão começando a mudar agora. Fui a Espanha, a família real me conheceu. Meu pai me autorizou dizer quem eu sou realmente.
— Continue. — Charlotte cruzou as mãos sobre o colo.
— Finalmente estou livre para dizer quem realmente eu sou, senhorita Harrison. É libertador! Poderei seguir carreira militar em breve, como eu sempre quis, mas sempre fui proibido. O rei me privou de tantas coisas, que agora quero aproveitar o máximo possível.
Leila entrou com uma bandeja com um bule com chá e pequenos sanduíches de pepino. Colocou sobre uma pequena mesa de madeira próxima ao lugar que eles estavam sentados.
— Obrigada Leila.
Leila apenas assentiu com a cabeça e deu um sorriso malicioso.
— Minha amiga comentou que talvez irá se unir com a princesa Jade. Seu pai convidou o meu para um baile que vai acontecer em honra do rei espanhol.
YOU ARE READING
Lady Charlotte
Historical FictionLivro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dezessete anos. Essa é a idade perfeita em Londres para as moças solteiras começarem a debutar e procurar um bom partido para se tornar marido...