[SAVE YOU TONIGHT]

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Eu mexia distraidamente em meu celular, afundada em um dos sofás da sala de estar. Pela minha visão periférica, podia ver Liza dançando na pista de dança improvisada. Ela sempre ficava elétrica com festas. Algo na confusão louca e na música alta lhe era atraente. Eu estava tão voada que nem percebi quando dois braços rodearam o meu pescoço. Tomei um susto, pensando que fosse um bêbado. Contorci-me para ver o rosto do indivíduo, me deparando com um par de olhos verdes. Era Harry. Ele sorriu, deixando uma de suas covinhas à mostra e desvencilhou seus braços de mim.

- O que pensa que estava fazendo? - perguntei confusa, sobre a música alta.

- Te abraçando - Harry respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo - Será que não tenho mais direito de abraçar minha melhor amiga?

- Não. - eu rebati, fingindo indignação. - Você quase me matou de susto.

- Claro e eu sou a rainha da Inglaterra. - ele brincou, reivindicando o braço do sofá ao meu lado como seu trono real.

Eu o ignorei, voltando minha atenção para o feed do Instagram. Harry me cutucou algumas vezes, praticamente berrando meu nome acima das batidas da música, ao passo em que eu continuava o ignorando.

- Se você me pedisse para pular de um penhasco, eu tomaria a queda - ele sussurrou em meu ouvido. Sua voz rouca me causando arrepios. Agora ele tinha toda a minha atenção.

Eu o encarrei com os olhos arregalados. Uma tensão se instalou entre nós. Era densa com todas as palavras que não conseguíamos dizer naquele momento. Harry pigarreou, tentando quebrar o clima.

- Então - ele começou. - Ainda está dando um gelo no Ryan?

E lá vamos nós de novo.

- Não estou dando um gelo nele - eu repeti pela milésima vez. - Estamos dando um tempo.

- Vocês não se falam há três semanas, Bianca - ele retrucou, com o cenho franzido - Não sei por que você ainda insiste em tentar se enganar. Sei que ouviu os boatos que estão correndo pelo colégio. Você o superestima. Ryan não é tão bom quanto você acha que ele é. Para ele, você é apenas mais uma boneca. Ele não te ama. E você sabe disso. É por isso que você ainda não conversou com ele.

Eu fechei os olhos, deixando que aquelas palavras se infiltrassem em meu sistema. Praticamente estava tendo uma epifania ali naquele sofá. No fundo, sabia que o que Harry estava dizendo era verdade, mas quando falado em voz alta, o que eu estava fazendo soava ainda mais patético que eu pensava. Levantei-me em um salto.

- O que você está fazendo? - ele me questionou, seguindo ao meu encalço enquanto eu desbravava a multidão de corpos na pista de dança para chegar até a cozinha.

- Vou terminar com Ryan - respondi; toda determinação e coragem fingida. - Mas antes preciso tomar alguma coisa.

- Coragem líquida - Harry disse, pescando uma garrafa de cerveja da geladeira, o fantasma de um sorriso sondava seus lábios.

Eu assenti e levei a garrafa à boca. Tentei tomar o máximo que consegui em um gole, devolvendo a cerveja a ele. Uma leve careta se desenhou em meu rosto. Não era muito acostumada a beber.

- Agora vamos achar aquele babaca - ele disse; um tom zombeteiro brincando com suas palavras.

Nós sondamos todos os cantos do andar debaixo da casa. Ryan não estava vomitando em um dos banheiros e muito menos embrenhado aos corpos suados que se sacudiam em vários estágios de embriagues na pista de dança. Evitamos o segundo andar da casa, onde ficavam os quartos, por motivos óbvios. Acabamos por achá-lo nos fundos da casa, junto com seu grupinho de amigos à beira da piscina. E... Ah. Meu. Deus.

Ryan estava enfiando a língua na garganta de uma loira sentada no seu colo. Senti meu estômago embrulhar. Naquele momento, meu coração não se partiu em dois. Eu não estava mais apaixonada por Ryan. Talvez nunca tivesse estado sinceramente. Tudo o que eu sentia era nojo e raiva de mim mesma, por ter me deixado iludir por tanto tempo. Senti as lágrimas ameaçarem cair dos meus olhos. Respirei fundo na tentativa de me acalmar.

- Ah, Bianca - Harry disse, me pressionando contra seu corpo. Suas palavras saíram abafadas em meu ombro. - Vai ficar tudo bem. Posso não ser o Super-Homem, mas vou te salvar hoje à noite.

Uma risada saiu de mim, engasgada pelo choro. Harry se afastou apenas o suficiente para olhar em meus olhos, suas mãos sobre meus braços.

- Vamos sair daqui, ok? - ele disse antes de me puxar pela outro abraço. Minha cabeça sobre seu ombro, seu cheiro inundando minhas narinas. O leve aroma de sabonete e chá me acalmando meus soluços.

- Posso te perguntar uma coisa? - Harry pergunta ao se sentar ao meu lado na varanda

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- Posso te perguntar uma coisa? - Harry pergunta ao se sentar ao meu lado na varanda. Sinto algo ser colocado em minhas mãos. É um copo de água. Resmungo um agradecimento, ainda ignorando a sua pergunta. - Bianca.

- Acabou de perguntar.

- Então posso fazer mais outra? - retruca com um revirar de olhos pela minha infantilidade.

- Acabou de perguntar de novo.

- Ok, sem brincadeiras. Por quê?

-Por que o quê? - questiono enquanto tomo um gole da água. Ainda estava tentando processar tudo o que estava acontecendo.

- Por que não me escutou quando eu te disse que Ryan só iria te machucar? Por que não ouviu quando a Liza te falou a mesma coisa?

- Eu achava que vocês só estavam se preocupando demais. - encarro as minhas mãos. - Simplesmente fechei os olhos. Não queria aceitar a verdade que estava bem debaixo do meu nariz.

Eu o ouço suspirar audivelmente. Sentia a tensão emanar do corpo de Harry. Podia ver seu maxilar cerrando, os ossos da mandíbula aparecendo e desaparecendo, assim como os nós dos dedos brancos pela força com que ele se agarrava o banco. Aposto que estava segurando para não voltar para dentro daquela casa e dar um soco na cara de Ryan.

- Ei - eu chamo sua atenção, dando um leve encontrão em seu ombro. Seu olhar se volta para mim; as pupilas levemente dilatadas, o verde dos seus olhos alguns tons mais escuros. - Obrigada por me salvar, Super-Humano.

- Super-Humano? - Harry ecoa, parecendo confuso. Um pequeno sorriso desponta da sua boca.

- Sim. - eu respondo um pouco envergonhada, enquanto o rubor sobe pelas minhas faces - Você disse que não podia ser o Super-Homem, então pensei que poderia ser meu Super-Humano.

Um silêncio se instala entre nós. Não era um silêncio desconfortável, quando faltam palavras ou há o excesso delas. Era bom, como um cobertor quente em uma noite de inverno. Encarro o céu, vendo os primeiros raios de sol surgirem no horizonte.

Já é tarde (ou cedo). Ao meu lado, Harry se levanta e me oferece uma mão, me ajudando a levantar também.

- Vamos sair daqui - eu digo, lhe lançando um sorriso. - Tenho certeza que a Nobel's ainda está aberta e eu estou morrendo de fome.

- Vamos - Harry responde, covinhas à mostra, e me guia para fora daquela maldita da casa. Naquele momento, percebo que havia mais uma coisa que estava bem debaixo do meu nariz e sorrio.

[IMAGINES] LOVELYWhere stories live. Discover now