Capítulo 02 - Apenas Voe

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O relógio de parede não estava funcionando. Eu o olhei por breves segundos e só então percebi que nenhum ponteiro se movia. Eu queria saber que horas eram. O que estava se passando na mente daqueles três, e também, oque estaria se passando na mente de todos que deixem em casa. Eu matei o Josh. Sei que vi Lúcifer saltando e quebrando seu pescoço, mas se tudo isso for verdade, não havia outra pessoa comigo no quarto naquele momento, era só eu. Eu e meu pressentimento: Doppelganger.

Juno me explicou brevemente oque havia acontecido comigo aquela noite. Eu era um Ascendente, uma espécie de raça que passa de humano para anjo, e vice versa, ou de humano para demônio, e vice versa. "Não deveríamos saber disso..." ele disse, "Mas, algo quer nos exterminar, e isso despertou certo instinto em nosso corpo."

- Isto não está certo! - Falei, ainda estava no hão, porém sentado agora. As lágrimas haviam cessado. - Não aconteceu isso comigo, na verdade, apenas vi o doppelganger e a partir disso tomei conhecimento das asas, que agora, sei que são na verdade minhas.
- Na verdade, nós temos uma habilidade que descobrirmos a um certo tempo: telepatia. - Lily disse, se aproximando de mim com os braços cruzados. - Não podemos ler mentes, como o seu doppelganger fez já que ele era parte de você, mas podemos transmitir pensamentos se quisermos. E foi isso que usamos para te trazer aqui...
- Espera, - Falei a interrompendo. - Como vocês souberam de mim então?
- Uma pergunta de cada vez Lu. Voltando... Usamos a telepatia para te trazer até aqui. E deu certo, você está aqui. Mas, como você estava 'vendo' o doppelganger, sua mente juntou a visão com a telepatia e você mesmo fez com que o doppelganger te trouxesse aqui. Quanto a sabermos que você era um Ascendente...
- Eu tive em uma festa na outra noite. Mas não lembro de muita coisa...
- Isso. - Dessa vez foi Gayle que falou. Ela estava ao meu lado, o vento que entrava pela porta daquele andar da torre movia facilmente seus cabelos loiros. - De alguma forma, acreditamos que sua telepatia acordou durante essa festa. Pois foi aí que você transmitiu sem querer o cenário em que estava para Juno, ele viu o que você via durante a festa mas não te viu exatamente. Tivemos certeza que havia um de nós na cidade, mas não sabia os onde era a festa é então Juno tentou usar a telepatia dele para te chamar e te alertar do perigo. Sua mente entendeu o recado, porém, o transformou em um aviso dado pelo doppelganger.

Eu não ousaria pedir que eles repetissem tudo, mas até certo ponto eu entendia o que havia acontecido comigo. Mesmo sendo algo surreal, ainda havia um outro ponto a ser questionado.

- E sobre minha morte?... - Perguntei, evitando me entristecer.
- É normal do ser humano morrer. - Disse Juno. - Mas para os Ascendentes, você tem um aviso prévio de que vai morrer, você já deve ter deduzido qual aviso é esse. - Balancei a cabeça concordando, afinal, já tinha ouvido a palavra "Doppelganger" várias vezes essa noite. - Você vai morrer em breve, mas não sabemos quando. Então, em todo caso, precisamos de você conosco, vivo até onde poder.
- Eu posso ver minhas asas? - Pergunto, pois, apesar de odiar o fato de que ia morrer, no fim das contas estava mais interessado nas asas. - Porque elas só vieram aparecer hoje?
- Você sempre as teve, mas o fato de não acreditar ou esperar que tivesse asas, as mantenham escondidas. Vamos, você vai ver!

Juno deu alguns passos até o lado de fora daquele andar (onde eu pousei anteriormente), e olhou para a imensa altura abaixo de nós. As garotas fizeram o mesmo, e antes que eu pudesse perceber, os três já tinham pulado.

Eu estava surpreso, e ao mesmo tempo assustado. Corri até as barras de onde eles pularam e olhei para baixo. Eles não haviam caído. Estava subindo, subindo cada em mais. Os três pares de asas estavam a mostra é pude ver nitidamente a cor cinza das penas de cada um deles. Provavelmente, aquelas asas tinham o dobro do tamanho deles.

- Vamos Lúcifer! - Lily gritou. Eles estavam pairando acima de mim agora.

Eu não tinha coragem de pular, mas então me lembrei do que havia acontecido da primeira vez que voei. Eu pensei no fogo do inferno, foi o método escolhido pela minha mente para me fazer acreditar tanto no fogo, como no impossível. "O fogo não queima. Mas você o sente queimar."

Ascendente: Entre Anjos e Demônios Onde as histórias ganham vida. Descobre agora