Ciclos Eternos - Submundo Livro 1 COMPLETO

Capítulo 11 - O Baile

— Jahean! — Levou as duas mãos ao seu rosto e pressionou um beijo em seus lábios.

Jahean passou a mão sobre sua face com um carinho que Sâmia jamais imaginou que ele possuísse.

— Annie, finalmente chegou!

O tempo parou. Sâmia estava em choque. Quem era Annie? Como ela beijava o rei? E Leander? Por que estava com aquele sorriso idiota na cara? Annie voltou a falar, levantando-se do colo de Jahean.

— Leander, que prazer em vê-lo!

Sâmia voltou a pensar que estava ficando doida e, pela primeira vez desde que chegara ali, chegou a duvidar se não estava em uma de suas crises noturnas em seu apartamento, sonhando.

Ela observou Annie se levantar e ir até Leander, dando-lhe um suave beijo também nos lábios. Sua mente registrou que o beijo do rei havia demorado um pouco mais. Por que estava pensando nisso?

— E você deve ser Sâmia.

Seu corpo congelou na cadeira. Por um minuto, imaginou que aquela maluca fosse atacá-la, quando ela lhe abriu um sorriso e caminhou em sua direção. Annie segurou seu rosto, assim como havia feito com o rei, e depositou um beijo em sua testa. Sâmia sentiu sua face queimar e um calor estranho invadiu seu corpo. Seria raiva?

Annie não esperou que ela falasse; voltou-se para Jahean e disse:

— Não demore, encontrei algumas partituras que quero lhe mostrar. – e saiu saltitando pelo jardim.

Jahean tomou um gole de vinho, sorriu e saiu. Leander olhava as nuvens, parecia enfeitiçado. Era Annie bonita? Difícil dizer: muito magra, alta, cabelos curtos como os homens da Terra e vestia calças! Não era para todas as mulheres se vestirem adequadamente? Talvez ela fosse um homem... Mas, então, e o vestido?

— Tenho o dia todo para ficar com você, o que gostaria de fazer?

— Quero ficar sozinha.

Leander se levantou e foi até ela, tocando sua mão.

— Há algo errado?

— Apenas me deixe sozinha.

Sâmia se levantou e saiu. Começou a caminhar pelo jardim, passando por entre as árvores, que traziam uma expressão tão sombria quanto a que ela trazia na face. Assim que atravessou uma pequena trilha, pôde ver, do lado oeste, não muito longe dali o rei sentado em um balanço com Annie no colo?! O braço dela passava pelo ombro dele; as pernas estavam cruzadas sobre as suas e em suas mãos havia um pergaminho no qual ambos tinham os olhos atentos. Sâmia permaneceu ali durante vários minutos observando aquela cena; não conseguia se mover.

— Bisbilhotando? — A voz de Agnes cortou seus pensamentos.

— Eu estava só, só...

— Bisbilhotando.

— Olhando! — Sâmia elevou a voz, virando-se para ela.

— Mesma coisa! O que acha de Annie?

— Eu?

— E tem mais alguém aqui?

— Não sei; ela é... Estranha...

Agnes deu uma sonora gargalhada, mas não alta o suficiente para tirar a atenção do casal.

— E você, o que acha?

— Achar é para pessoas comuns. Eu tenho certeza.

— Do que está falando?

— Nunca entende nada sozinha?