CAPÍTULO DOIS

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SCOTT ACORDOU PELA MANHÃ COM um som esquisito. Não reconheceu o que, mas era bastante irritante. De repente o som cessou e um ar frio penetrou seus cobertores, arrepiando cada pelo de seu corpo. Ele tentou se encolher mais nos cobertores, mas naquele exato momento seu celular começou a tocar BYOB, System of a Down, o que quase o fez cair da cama. Usava o celular como um suave despertador.

– Até acordado essa música me assusta. – reclamou ele, levantando-se da cama.

Pensou em tomar banho, mas com o frio que se fazia acabaria não con­seguindo sair de baixo da água a tempo de ir para a escola. Sendo assim, apenas deu uma rápida lavada no rosto, escovou os dentes e passou a mão rapidamente nos curtos cabelos loiros. Deixou logo o banheiro livre antes que Miranda aparecesse e começasse a exercer a função de toda irmã mais velha: atrapalhar a vida do mais novo. Ele vestiu-se com uma calça jeans, um casaco preto por cima da camisa e deixou a casa sem falar com ninguém.

Enquanto fechava o portão de casa, algo lhe chamou atenção. Nova­mente o som que o acordara. Desta vez o reconhecera: Parecia uma gaita sendo tocada por alguém com pouco domínio sobre a mesma. Era estranho... Um pouco bizarro, na verdade. Por alguns momentos ele ficou para­do, olhando para o quintal de sua casa em busca da origem do som. Nada. Alguns segundos se passaram até que ele desse de ombros, tentando con­vencer a si mesmo de que deveria ser Miranda em seu quarto tentando descobrir um novo talento – que se continuasse assim, não seria descoberto nunca.

Como de costume, Scott parou em uma casa no quarteirão seguinte e bateu palmas. Não demorou até que um rapaz abrisse a porta e viesse até ele. Tinham praticamente a mesma altura, mas o outro tinha cabelo escuro, pele clara e olhos castanhos, ao contrário dos de Scott, que eram azuis como o céu em um dia ensolarado. Aquele era Felipe, seu melhor amigo desde muito, muito tempo.

– Chegou na hora certa. Isso é raro. – observou Felipe em meio a um

bocejo. – Aconteceu alguma coisa?

– Miranda. – explicou. – Ela deu de aprender a tocar gaita... De manhã.

– Ela é boa, pelo menos?

– Horrível. Mas talvez essa fosse à intenção dela, acordar a casa inteira com isso.

– Sua irmã precisa de um psicólogo, cara.

– Eu também. Ser irmão dela pode ser bem traumático, às vezes.

Felipe assentiu compreensivo enquanto abria o portão, depois ambos seguiram juntos para a escola.

Andaram dez minutos até chegarem ao colégio, o que foi tempo mais que o suficiente para o assunto variar pelo menos cinco vezes. No caminho, Scott tirou o casaco que ocultava a camiseta branca, já não estava tão frio quanto quando saiu de casa.

Ao olhar em seu relógio de pulso ele percebeu que não demoraria muito para que o sino que indicaria o início das aulas batesse, então ele e o amigo foram direto para a sala de aula. Ocuparam seus lugares no fundo da sala, um ao lado do outro e ficaram conversando até que desse à hora.

E foi então que, indo contra o que Scott sentira pela manhã, seu corpo foi levemente preenchido por calor. Não era uma sensação que o loiro con­seguisse definir como boa ou mesmo ruim, era agradável e quente, mas ao mesmo tempo, desconhecida e estranha, o que o deixava desconfortável. Felipe não pareceu notar a súbita mudança no clima.

– Quem é aquela? – perguntou ele, apontando discretamente para a porta da sala.

Scott virou a cabeça para encarar a recém-chegada à que Felipe se referia. Era uma garota pouco mais baixa que ele, dona de lisos cabelos escuros como a noite. O calor, Scott pôde sentir, parecia vir dela, por mais que isso pudesse soar um pouco malicioso se fosse dito em voz alta. Ele a acompanhou com o olhar enquanto ela se sentava em uma das únicas carteiras vazias na frente da sala.

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⏰ Última atualização: Feb 20, 2016 ⏰

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