Urso de pelúcia 002

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LOUIS.


Bem, é meio esquisito botar tudo isso no papel. Mas vamos lá. Foi assim que conheci o Harry.

Tudo aconteceu há seis anos. Eu me hospedava no hotel Americana, em Bogotá. Estava lá para assass

Tinha um trabalho a realizar para a minha firma. A empresa para qual eu trabalho. Coisa de rotina

A cidade estava um verdadeiro caos. Políticos eram assassinados, soldados invadiam os prédios todos os dias para vasculhar todos os quartos.

Certo dia, num abrir e fechar de olhos, a cidade inteira entrou em ebulição: as pessoas saíram às ruas, gritando e berrando. Ouvi alguém dizer em espanhol.

- O Barracuda foi baleado!

O barracuda: Sancho Varron.

Conhecia muito bem aquele nome. Um político local que governava a província. Não era um cara do bem. Eu tinha... ouvido dizer que ele fora assassinado.

Nuvens escuras e ameaçadoras se formavam no céu espelhando o clima nas ruas, e por ambos os motivos achei melhor voltar para o hotel. Meus cabelos eram castanhos e meu espanhol excelente, mas minhas roupas definitivamente entregavam o ouro: um turista gringo. Não era um dia propício para se destacar na multidão.

A cotoveladas, abri caminho através da turba ensandecida e cheguei ao hotel. Dei uma rápida espiada para trás antes de cruzar a porta.

Enquanto meus olhos se acostumavam à luz mais amena do lobby, avistei um homem sentado ao bar. Ele observava o tumulto do lado de fora, impassível como se assistisse a uma parada militar.

Cabelos longos e claros, pele branca. Magro e alto, porém forte, como um pugilista. Simplesmente lindo.

Executivo americano em viagem, supus. Ou talvez um turista. Usava um guia de turismo – com algumas páginas marcadas – como apoio para o copo.

Foi a primeira vez que deitei os olhos sobre Harry. E naquele instante cheguei a pensar que jamais seria capaz de olhar para outra direção.

Um mensageiro do hotel contava-lhe a novidade do assassinato.

- A polícia está recolhendo os turistas desacompanhados – alertou o jovem em espanhol.

Nunca entendi direito por que eles fizeram isso. Talvez fosse alguma coisa que aprenderam nos filmes americanos.

- O senhor está sozinho? – Perguntou o mensageiro a Harry. Ele respondeu que sim com a cabeça.

A melhor notícia do dia.

Harry sentiu meu olhar, pois levantou os olhos naquele mesmo instante. E eu perdi o fôlego. Ele tinha olhos impossivelmente verdes. Olhos nos quais qualquer um poderia facilmente se perder.

Já havia cumprido minha agenda do dia e, portanto, achei que não haveria mal algum em me perder um pouquinho.

Dei um passo na direção dele.

Foi então que um capitão da polícia irrompeu no bar, recolhendo suspeitos e intimando todos os demais. Por um simples capricho poderia nos arrastar para a cadeia, e ninguém jamais teria notícias nossas outra vez.

Meu coração veio à boca quando o policial notou minha presença. Olhou-me da cabeça aos pés, tirou suas conclusões e olhou para Harry.

- Vocês dois estão juntos? – Perguntou. Nossos olhos se encontraram e foi o que bastou. Uma troca de olhares – um refúgio no meio daquela confusão sanguinolenta –, e Harry e eu ficamos juntos.

Sr. & Sr. StylesKde žijí příběhy. Začni objevovat