Capítulo Única - Scarlet

Comincia dall'inizio
                                    

          Seu amor pela arte surgiu no dia que ele resolveu contrariar seu pai. Foi a primeira vez que Sieghart levantou a mão contra seu filho, motivo: Jellal ter chegado em casa bêbado e com uma estranha tatuagem no rosto. Fora a primeira vez que o Fernandes teve a total atenção de seu pai. Furioso, Jellal saiu de casa novamente, mas sem o carro dessa vez, seguiu por entre as ruas com seu movimento constante, cheia de pessoas presa no tempo, nas obrigações, e sem aproveitar e viver como quer, assim como ele. Nesse momento, o Fernandes avistou através de um vidro, uma mulher com uma expressão furiosa e de cabelos azuis, uns dois tons mais claros que os seus,, jogando tinta em uma tela. Curioso, resolveu entrar no local e ouviu a moça gritar palavras de baixo calão como "Bastardo!", "Stripper de merda!", "Filho de uma puta!", "Morra! Morra! Morra, seu desgraçado!", entre outras.

          Jellal tentou sair sem que a mulher notasse, mas no primeiro passo, sentiu algo passar em alta velocidade perto da sua orelha esquerda. Era um pincel.

          -- M-Me desculpe, senhor! E-Eu... – desculpou-se envergonhada.

          -- Tudo bem... Eu que peço desculpa por ter entrado sem permissão, não deveria ter atrapalhado em seu momento de...—tentou achar uma palavra para aquilo, mas foi em vão.

          -- Arte! – exclamou sorrindo. Vendo a expressão de quem não estava entendendo nada, explicou. – Bem, pra você entender, vou usar o acontecimento que me fez ficar furiosa hoje.—começou convidando Jellal a sentar-se no chão como ela estava fazendo. – Ontem foi o aniversário de dois anos de namoro entre eu e o Gray, mas ele esqueceu completamente, além de ter brigado comigo por algo banal e depois ter me ignorado como se eu tivesse culpa! Aquele maldito!

          -- Sinto muito, eu acho. – Jellal realmente não fazia ideia do que estava acontecendo. – Mas qual a relação de jogar tinta em uma tela e sua história?

           -- Há várias maneiras de você se livrar ou transmitir um sentimento, seja ele bom ou não. No meu caso, expresso pela pintura, como nessa tela que eu estava "pintando" antes de te ver, quando olho para ela, vejo meus sentimentos refletidos como um espelho. É como se ela tivesse absorvido tudo que eu estava sentindo.

           Jellal olhou com mais atenção à tela. A primeiro momento achou que fosse abstrata, possuía vários tons azuis a brancos. Conseguiu distinguir algo como um pilar de gelo, onde preservava algo, talvez uma pessoa. Alguém desolado.

           Depois de alguns segundos analisando o quadro, Jellal sentiu-se desconfortável. Aquilo transmitia frustração, amargura, solidão. E aquilo o fazia admirar a pintura. Era como se houvesse encontrado algo que o entendesse, embora o quadro tivesse sido pintado por outra pessoa, por outros motivos, Jellal entendeu o que a senhorita quis dizer com "transmitir o sentimento". Tudo aquilo estava dentro da tela. Ele conhecia aqueles sentimentos.

           -- Então – perguntou a garota, olhando para Jellal com um sorriso – o que achou?

          -- É estranho. – respondeu ele – Mas também é belo.

           Ele viu a mulher levantar-se e oferecer o pincel para ele, incentivando-o a fazer o mesmo que ela fizera anteriormente. Infelizmente ele não conseguia se soltar sentia certa vergonha, aquilo o deixava exposto demais. A mulher percebendo o desconforto pensou em um modo do rapaz se expressar de outra maneira, um pouco mais discreta, então lhe surgiu uma ideia. Correu até sua mochila e de lá tirou algumas folhas e alguns lápis, e voltou oferecendo ao desconhecido, que ela nem perguntara o nome.

           -- Leve essas folhas e traga-me quando conseguir se expressar.

           -- Você quer que eu desenhe? – perguntou surpreso, a última vez que desenhara algo ainda estava no primeiro ano do ensino médio, se duvidar, seus pássaros eram dois riscos ainda.

Tom ScarletDove le storie prendono vita. Scoprilo ora