Capítulo Única - Scarlet

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          Jellal caminhava em direção à praça, como tem feito nas últimas semanas que se passaram. Estava com seu costumeiro caderno de desenhos, essa qual, poderia ser titulado de "diário", pois ali não havia somente desenhos, mas também, seus sentimentos ficavam expressos ali. Desde os mais desagradáveis, como ódio, tristeza, angustia, até os seus momentos de alegria, entre esses, o desenho de certa ruiva era o que mais se repetia.

          Ele lembrava-se claramente de como passou a observá-la, de como sentiu seu pequeno coração querer sair pela boca com apenas um sorriso dela, e de como as maçãs de seu rosto, esquentaram ao pegar-se a desenhando.

          Novamente ele saíra de casa com seu caderno para esfriar a cabeça, seu pai não lhe dava sossego, era todos os dias tendo que escutar sobre o que devia ou não fazer. Estava farto daquelas frases de merda, daquela faculdade de merda, da sua vida de merda. Queria é mais mandar seu pai se foder.

          Assim que se sentou no banco de uma praça que avistara, percebeu que não fazia idéia de onde estava, já que nunca havia passado por ali. Ou até tivesse, mas não notara tal lugar por sempre estar andando de carro de um lado para o outro com seu pai.

          Ele começou a olhar em volta, percebeu que a praça era bem cuidada. Havia vários bancos de madeira espalhados, tinha um pequeno parquinho para as crianças, árvores por todos os lados, onde era possível ver vários ninhos de passarinhos sobre elas. Era um lugar calmo, tinha uma bela imagem, além de transmitir uma gostosa sensação. Com um olhar observador ele correu seus olhos por toda a extensão, até que uma cabeleira longa e ruiva chamou sua atenção.

          Jellal ficou atento a cada movimento daquela bela mulher. Viu-a pegar um livro e sentar-se num banco, nem tão longe, nem tão perto. Percebendo que a encarava de modo nada discreto, virou seu rosto para ao lado, mas não se contendo, logo começou olhá-la novamente, foi aí que a viu o encarar e dar um leve sorriso, voltando para a sua leitura.

          Aquilo fora o estopim para que Jellal pegasse seu caderno e começasse a desenhar. Aquele sorriso, embora simples, chamou tanto sua atenção. Parecia carregado de dores e alegrias, não era apenas uma curvatura nos lábios, era algo tão natural que parecia um dançar.

          E ele desenhou todos os traços com maestria. Não diria que era perfeito, ele não acreditava que pudesse tirar a perfeição de algo ou alguém, e colocar num papel. Cada um tinha sua essência e era isso que ele buscava colocar em seus desenhos. O tempo foi passando. Jellal estava tão concentrado no que fazia que, quando deu por si, a mulher fechou seu livro e levantou-se, sem antes de dar mais um leve sorriso em sua direção, fazendo um pequeno coração disparar, enquanto seguia os passos da ruiva, até perdê-la de vista.

         Começou a passar a ponta dos dedos pelo papel, contornando todos os traços. Quando acordou de seu transe, sentiu-se envergonhado ao notar o que estava fazendo. Uma simples mulher, que ele nem ao menos sabia o nome poderia mexer tanto assim com ele?

          Jellal gostaria de poder desenhá-la mais vezes, e com isso em mente, decidiu frequentar aquela praça sempre que possível, quem sabe, pudesse encontrá-la novamente.

          Quando Jellal chegou à praça, sentou-se no lugar de sempre, olhou em seu relógio e constatou que estava um pouco adiantado. Todo domingo era a mesma coisa, desde que descobrira que a mulher só frequentava a praça nos sábados e domingos, porém, nos sábados o azulado ficava parte do dia fazendo relatórios da empresa. Aquilo era um saco.

          Sieghart nunca foi um pai presente na vida de Jellal, passava a grande parte em seu escritório, comparecendo apenas nas horas de refeições. Não dava a atenção que Jellal queria, nem o carinho que ele tanto esperava. Sua mãe? Essa morrera assim que o azulado chegou ao mundo.

Tom ScarletWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu