— Obrigada papai.

Charlotte saiu da sala onde estavam todos tomando café da manhã e foi para o lado de fora esperar a carruagem. Leila não demorou muito a chegar, assim como o Sr. Odell. Gentilmente ele ajudou as duas entrarem na carruagem e começou a conduzi-las para o Hyde Park.

Quando estavam chegando perto do parque, Charlotte começou a ficar ansiosa para vê-lo novamente. Uma vontade que nunca havia sentido antes. Ela poderia estar enganada, mas sentia-se atraída por ele, apesar do pouco que esteve com aquele homem. Porém, seu maior temor era se apaixonar pelo cavalheiro misterioso.

♛♛♛♛

George estava aguardava ansioso pela chegada dela. Andava de um lado para o outro com uma rosa vermelha na mão, pensando que ela possivelmente não iria. De repente ouviu um barulho de rodas, e quando se virou avistou o brasão da família Harrison: um dragão de quatro cabeças segurando uma rosa.

Charlotte saiu da carruagem com um belo sorriso no rosto, admirando o local antes de botar os olhos em George e fazer uma careta. Logo depois, uma outra mulher saiu da carruagem. Ela falou algo com o cocheiro e andou em direção a George. Ela estava tão linda naquela manhã, mas parecia que em qualquer momento, ela iria agredi-lo.

— Bom dia Srta. Harrison. — George lhe entregou a rosa e beijou sua mão. — Fico feliz que tenha honrando sua palavra e tenha vindo.

— Bom dia Sr. Smith. — Charlotte cheirou a rosa. — Obrigada pela rosa, são as minhas preferidas.

— Millie estava certa então. — disse para si mesmo.

— Millie? A princesa? — perguntou surpresa.

— Sim.

— Não a conheço pessoalmente. Meus pais visitavam o palácio antes.

— E por que não foram mais? — George perguntou curioso.

— Mamãe faleceu, papai ficou muito tempo de luto, evitando estar em lugares. — Charlotte pigarreou. — E o rei não se importou muito, mas a rainha sim. Uma mulher admirável.

— Ela é sim. — ele deu um sorriso forçado.

— Oh, quase eu cometia uma grande asneira. — ela pegou Leila pela mão. — Essa é a Srta. Dixon, será minha dama de companhia.

George assentiu e beijou a mão da mulher, que corou imediatamente.

— Podemos ir? — George perguntou.

— Claro. Gostaria de saber mais sobre o senhor. — Charlotte entrelaçou seu braço no dele. — Continua sendo um mistério para mim. Nem mesmo minha governanta e meu pai que conhece toda a sociedade inglesa, não sabe quem é o senhor.

— Quase ninguém sabe. — George virou o rosto. — Acho melhor assim, por enquanto.

George ainda não se sentia à vontade em revelar sua verdadeira identidade, e nem tinha autorização para isso. Sentia-se melhor daquela maneira, sendo apenas um cavalheiro comum como qualquer outro no Hyde Park com uma bela dama ao seu lado.

— Estive me perguntando o motivo do convite para o passeio no parque. — ela mudou de assunto.

— Pensou que eu fosse tão mal-educado assim? — George deu um sorriso de lado.

— Ainda acho o senhor bastante mal-educado. — Charlotte cheirou a rosa novamente. — Mas essa rosa me fez mudar um pouco de ideia, assim como o convite para esse passeio.

— Uma rosa e um convite para passear no parque é capaz de um milagre desses?

— Talvez sim, Sr. Smith. — Charlotte fez uma careta. — Nunca cortejou nenhuma mulher?

— Sim. Eu gosto de uma mulher. — George encarou Charlotte. — Mas ela está longe de mim.

— E não pode tê-la?

— Ainda não sei. E a senhorita, nunca gostou de ninguém?

— Não. — respondeu rispidamente.

— Eu falei algo que lhe ofendeu? Respondeu-me tão rispidamente.

— Está equivocado, Sr. Smith. — ela sorriu.

— Finalmente um sorriso. — debochou.

— O senhor é muito inconveniente. — Charlotte chutou uma pedra no seu caminho. — Mas o senhor é...

— Sou o que? — George parou e encarou Charlotte. — Por favor, continue me chamando de você. É bem mais agradável.

Você é interessante. — disse finalmente.

— Sou? Sinto-me até mais feliz agora com um elogio vindo da senhorita.

— Não seja tolo. — Charlotte deu um murro no braço dele. — Também pode me chamar de você, não me importo.

— Você é bastante forte para uma mulher. — George esfregou o braço. — Agressiva.

— Cale-se, ou então lhe darei outro.

— Estou começando a ter medo de você. — George riu. — Vamos tomar o chá que mencionou na carta?

— Vamos. — Charlotte colocou o braço novamente no de George. — Conheço um lugar ótimo para tomar chá, fica aqui perto.

— Não sou o melhor apreciador de chá. Estou apenas indo por sua causa.

— Como gosta do seu chá? — ela o ignorou.

— Com leite. E você?

— Eu também.

— Interessante.

Eles começaram a caminhar pelo parque em silêncio. Chegaram perto do lago e ficaram observando por um longo período. Charlotte sentou-se em um banco e começou a cantarolar uma canção que ele não conhecia. Sentou-se ao lado dela em completo silêncio.

— Terei que partir em poucos minutos. — ela quebrou o silêncio.

— Por quê?

— Porque sim.

— Isso não é uma resposta muito convincente. — ele riu.

— Para mim é.

George apenas assentiu com a cabeça. E em pouco tempo descobriu que discutir com Charlotte seria uma batalha difícil de vencer.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now