Rebecca endireitou o corpo quando notou que estava evidente que se tinha deixado abater pelo que havia acabado de ouvir.

          Eu quis dar um beijo no rosto de Noah!

          – Hm... – ela disse. – Acho que me enganei. Se o tipo delas é o que te atrai você não está à minha altura. Faça bom proveito.

          Então, virou-se num rodopio a esmo e saiu apressada. Lauren a seguiu tentando acompanhar seus passos.

          – Por que toda escola precisa ter esse tipo que se acha superior a todo mundo?

          – Lá em Boston também existe meninas tão esnobes quanto Rebecca? – perguntou Florence torcendo o nariz. – Hm... Acabo de perder todo o interesse de conhecer algum dia.

          – Também tem os valentões e suas vítimas, os piadistas, os que gostam de ser invisíveis... – quando disse isso eu quis me esconder debaixo da mesa. Questionei se o pouco tempo em que estivemos juntos tinha sido o suficiente para já ter me sondado – Acho que toda escola é assim.

          – Está gostando daqui? – perguntei ignorando o ímpeto de sempre tentar passar despercebida.

          – Estou começando.

          Já afirmo que não foi impressão minha, ele disse isso olhando diretamente para mim. Fiquei muito desconcertada, meu coração acelerou. Ao contrário de Noah, eu não conseguia encará-lo mais. Florence assistia à cena com um sorriso de canto.

          – Bom... – ela começou. – Ainda temos que apresentar você à piscina ou o diretor Martin me afogará nela. Já acabou de comer?

          – Sim – disse se levantando.

          – Não gosta de picles? – a pergunta saiu sem que eu percebesse. Noah sorriu de um modo que me deixou ainda mais sem jeito. Que idiota! Agora ele sabe que estava atenta ao que comia no almoço!, pensei.

          – É que... Conheço outro rapaz que também não gosta – apressei-me a dar uma justificativa.

          – Acho que somos os únicos, não conheço mais ninguém que não goste.

          – Que outro rapaz, Sarah? – de tudo que eu falei, pelo jeito foi apenas isso que Florence ouviu. O pior era que parecia bem curiosa e que esperava que eu respondesse àquela pergunta imediatamente.

          – Ele... – foi a primeira vez que deixei escapar qualquer coisa sobre Mike. Culpa do Noah, ele me desconcentrava. – Ele não mora aqui, é um... parente que visitou minha casa no verão passado...

          Verão passado?! Eu não poderia ter dito anos e anos atrás?!

          – Verdade? Não mencionou nada sobre isso. Deveria tê-lo apresentado para mim.

          – Ele não saía de casa e você sabe que meu pai não gosta de visitas...

          – Não gosta de visitas? Ele guarda corpos debaixo do assoalho ou algo parecido? – Noah perguntou.

          Aquilo não soou como piada para mim. Afinal, escondíamos algo de fato. Fiquei séria e é bem provável que com um ar de surpresa também.

          – Estou brincado! Não precisa fazer essa cara. – disse dando risada, mas logo ficou um tanto sério. – Ou precisa...?

          – "Corpos debaixo do assoalho"?! – soprei ruidosamente e tentei rir para não deixar transparecer nada mais suspeito, porém saiu tão forçado que senti meus músculos estralarem. – Que ideia!

O Segredo dos BeckerWhere stories live. Discover now