Prólogo

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"Só o beijo do amor verdadeiro será capaz de lhe salvar dessa maldição".

"Eu te amo mais que minha própria vida".

"E viveram felizes para sempre".

Todos os contos de fadas da minha infância e todos os romances da minha adolescência se baseavam em tais frases. Aquilo, com toda certeza, fazia as outras garotas da minha idade suspirar e sonhar pelo príncipe encantado ou por um algum rapaz perfeito.

Eu era uma dessas garotas. Completamente romântica e com o coração puro, capaz de se apaixonar pelo primeiro loiro de olhos claros que cruzasse meu caminho. Era inevitável. Eles me fascinavam e me fascinam até hoje. Mas, uma garota só pode arranjar um namorado se for bela e tiver o corpo perfeito, certo? Essa ideia se fixou em minha mente e de certa forma se tornou um trauma em minha vida. Sendo assim, após um longo histórico de rejeições e decepções amorosas, além de traições entre aqueles que eu acreditei serem meus amigos, eu decidi que fecharia meu coração para sempre.

E assim eu fiz. Por mais que hoje eu tivesse algumas amigas, demonstrar qualquer afeto por elas era algo inusitado, e impossível. Nem ao menos a minha família escapava. Digamos que eu apenas era legal e ajudava quando necessário, mas amar? Isso era pedir demais.

Deixei de lado princesas e príncipes, e os atores pelos quais eu nutria uma paixão platônica. Deixei de lado qualquer sentimento romântico que pudesse existir, e tornei-me a Elizabeth de hoje – desacreditada no amor e decidida a realizar todos os meus sonhos.

O que eram a minha paixão se tornou uma repulsa. Romances, contos de fadas, novelas ou qualquer coisa do tipo, para mim passaram a ser obra de alguém que procura iludir corações indefesos a acreditar que se apaixonar é a melhor coisa da sua vida.

Mas, o que esperar de uma garotinha que era rejeitada por todos os garotos? O que esperar de uma garotinha que vivia num ambiente em que sua mãe a destratava e seus pais viviam brigando?

Daí você cresce e percebe o mundo de um jeito diferente daquele com o qual você estava acostumada, e passa analisar os acontecimentos a sua volta. Por exemplo, suas amigas vivem chorando por rapazes que não ligaram no dia seguinte. A sua tia avó reclama que o marido dela não dá mais conta do recado e que não é mais romântico como na época de namoro. Ou então, em alguma festa, você já deve ter encontrado algum rapaz traindo sua namorada.

Eu não queria isso pra mim. Pelo contrário, eu queria um "feliz para sempre" como nos meus livros, e o fato de saber que isso era uma ilusão, uma completa bobagem, fazia-me cada vez mais seguir com a ideia de ficar sozinha para o resto da vida. No momento, eu queria era focar nos meus estudos e concluí-los na Alemanha, tornando-me uma grande advogada. Viveria dos meus diplomas, certificados e viagens, e quem sabe até com alguns gatos. Aliás, já diz o ditado, antes só do que mal acompanhado. Ou como eu prefiro dizer, antes só, a ter que sofrer por amor.

Esse passou a ser o meu plano de vida, entretanto, eu nunca, em toda a minha vida, esperaria me apaixonar perdidamente por Alex Becker.

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