Capítulo 35 - O Fim e o Começo

Start from the beginning
                                    

— Sinto dizer, mas será a última esfera que você conjura! – e Zero lançou suas sombras dando um comando urgente e apressado, lançando os braços magros para frente.

Por um instante todos acharam que a esfera de Cosmos iria atingir Zero em cheio e seguir a trajetória para atingir Ian e os irmãos. Mas as sombras cercaram a imensa bola de luz e penetraram seu interior.

No curto tempo em que a técnica do Regente avançava e as sombras de Zero contra-atacavam, a energia negra e densa inundou a esfera e as duas energias se dispersaram em um clarão extremamente forte, intercalado com uma escuridão trevosa.

Ian sentiu um embrulho no estômago, mas o show de luzes e sombras foi rápido o suficiente para que ninguém chegasse ao extremo de passar mal.

Cosmos caiu de joelhos, exausto. Zero fez o mesmo.

— A luz sempre vence as trevas, é o que dizem. Mas não hoje. Não desta vez – sorriu com sincera satisfação o irmão amaldiçoado por Erin e Sorenta.

— Ainda tenho forças para te enfrentar, Zero – disse o Regente, levantando. Ele ergueu uma das mãos para frente, mas uma outra mão segurou seu punho.

Alguém estava atrás dele.

Cosmos viu alguns pontos de luz surgirem ao redor de seu corpo, alterando a cor entre branco, lilás e azul claro. Algumas apresentavam a coloração verde-água.

Rafaelo estava ao lado dele, segurando com firmeza o pulso do Regente. Os olhos do menino estavam vidrados. Todos olharam espantados. No mesmo instante Norah caiu de joelhos, sentindo o peito arder. Ela foi amparada por Ian e Higino, preocupados.

— Norah! O que aconteceu? – perguntou Ian, nervoso.

— O que está havendo? – reforçou Higino. Mabel correu até eles, passando ao lado de Cosmos e Rafaelo, que não se mexeu.

— Eu... ah, meu peito está latejando! Eu... eu acho que... sei o que é – ela disse, apavorada.

Cosmos se debateu, tentando soltar o pulso, mas a força de Rafaelo não era comum. Não era proporcional àquele corpo. E tinha algo em torno dele, uma atmosfera sobrenatural, mística, etérea, que fez o Regente sentir um calafrio.

— Me solta, garoto!

— Acabou, Regente – disse o menino.

— Do que está falando? Acabou para vocês!

Rafaelo não alterou sua expressão e tampouco soltou o punho de Cosmos.

— Vá embora e não volte mais aqui – disse Rafaelo.

— Você está louco? – Cosmos gargalhou com nervosismo. No mesmo instante o som do deboche foi cortado quando Rafaelo lançou o Regente para o lado, fazendo-o cair com força no chão.

Todos estavam perplexos. O dono das pequenas luzes caminhou até onde Norah estava caída, amparada pelos outros, logo depois de passar por Zero e sorrir para ele. O menino caminhou até a irmã de Higino e a ajudou a levantar, segurando-a pelos ombros macios e delicados.

— Não... por favor... – ela suplicou, hesitante. Sabia o que ele faria.

Rafaelo retirou o bracelete dela com delicadeza, enquanto o olhar de horror se estampou no rosto da irmã de Higino, que estava paralisada de pânico. Ela jamais conseguiria impedir que aquilo acontecesse.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Where stories live. Discover now