Capítulo 12 - Festa Julina às Avessas (Parte I)

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Oi, pessoal! O capítulo 12 é outro que ficou bem grande e aqui dividi em duas partes. A primeira, Pré-festa e  a segunda, Durante a festa.

Em uma tarde, alguns dias depois, Ian estava deitado no sofá da sala vendo televisão em um canal de notícias. Enquanto via imagens de destroços no mar, ele ouviu a repórter falar apreensiva:

— ... só nesta semana, foram quatro embarcações em uma área marítima que fica entre o Brasil e São Tomé e Príncipe, na África. Ainda não se sabe o quê pode ter provocado os acidentes e como as embarcações chegaram a esse estado. O que se observou apenas é que nas quatro situações todas sofreram o mesmo tipo de impacto, aparentemente.

Sentindo o sono chegar, ele foi ouvindo o som da televisão cada vez mais longe. Acordou assustado com o barulho da porta do banheiro batendo. Quando ele viu, Joana estava lá.

— Desculpa, filho, a porta bateu com o vento. Não queria te acordar.

Ele olhou a televisão. Estava desligada. Ergueu o corpo, com dificuldade, para sentar. Ainda estava muito sonolento.

— Droga, queria ter visto a reportagem completa.

— Como está a sua testa?

— Bem melhor.

— Deixa eu ver - disse a mãe, se aproximando.

— Não, mãe, está tudo bem ago...

Mas Joana não deu ouvidos e sentou ao lado dele. Com cuidado olhou o ferimento que parecia um risco fundo no meio do rosto de Ian, mas não tocou no corte.

— Foi bem fundo, né? Pelo menos não está mais roxo.

— É, mãe, a dor melhorou bastante. Daqui a pouco passa. - mentiu para tranquilizar Joana.

— Não entendo como você conseguiu se machucar desse jeito naquele parque.

— Eu já disse, mãe, escorreguei no limo perto de um lago e bati de cara na pedra.

— Por um milagre não aconteceu nada pior!

— É, estou bem agora.

— Se sentir alguma coisa me fala, tá?

Ian sorriu. Amava tanto Joana que cada gesto de carinho que vinha da mãe fazia seu coração transbordar de gratidão.

— Pode relaxar, mãe, eu estou ótimo.

Eles escutaram outro barulho de porta fechando, dessa vez vindo da entrada. Miguel subira a escada correndo. Vestia uma camisa branca com tiras amarelas que combinava com o shorts da mesma cor berrante. Segurava uma bola de futebol com uma mão e chuteiras a outra. Estava sujo de lama dos pés à cabeça. O cabelo liso estava grudado na testa e no pescoço pelo suor.

— Já para o tanque deixar essas coisas e esse uniforme, mocinho. E vai tomar um banho imediatamente - disse Joana, arregalando os olhos e rezando para que não caísse um pingo de lama no chão da sala.

— E aí, bolota? - cumprimentou Miguel, com o deboche costumeiro.

Ian não respondeu. Quando viu o irmão ali, se divertindo, pensou que em breve tudo aquilo poderia mudar e entristeceu. Outros homens como Marcus viriam atrás dele e seria questão de tempo até perseguirem Miguel também. E ainda tinha a herança mágica que poderia se manifestar no irmão mais novo. Ian torceu, do fundo do coração, que Miguel pudesse passar despercebido nessa história.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Where stories live. Discover now